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Infra licita trecho da Transnordestina em PE no 2º semestre de 2025

A Infra diz que vai licitar as obras, mas existem muitas indefinições até agora
Trecho pernambucano da Transnordestina
As obras do trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina estão abandonadas há mais de nove anos. Foto: divulgação TSLA

O trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina – que liga Salgueiro ao Porto de Suape – deve ter o edital de retomada das obras publicado no primeiro semestre de 2025 com a licitação a ser realizada no segundo semestre deste ano, segundo informações da Infra, estatal que contratou um consórcio para fazer os projetos básicos e executivos desta linha férrea que vai ligar o Sertão Central de Pernambuco ao litoral.

Iniciadas em 2006, as obras deste trecho estão paralisadas, pelo menos, desde 2016. Em setembro do ano passado, o governo federal, via Infra, contratou um consórcio para fazer os projetos básico e executivos do trecho pernambucano da ferrovia por R$ 15,2 milhões . O primeiro projeto deve ser entregue no final de janeiro, de acordo com a Infra. A reportagem do ME entrou em contato com a Infra que não disponibilizou um porta-voz para dar entrevista sobre o assunto.

“Pelo que nos foi informado, vão retomar as obras como pública e buscar um investidor para assumir o trecho pernambucano da Transnordestina. Um investidor que tenha experiência em logística para fazer uma futura concessão”, comenta o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso.

O trecho Salgueiro-Suape terá cerca de 534 km, sendo que cerca de 160 km já foram implantados entre as cidades de Salgueiro e Custódia. Falta a implantação de cerca de 370 km que têm um preço estimado em R$ 5 bilhões. “A pior coisa do mundo é estar com uma obra parada. A quantidade de recursos que vai vir para a Transnordestina pernambucana vai ser do tamanho da mobilização do empresariado e da classe política”, afirma Bruno.

O empresário considera a conclusão do trecho pernambucano fundamental para o desenvolvimento sustentável do Estado. No entanto, ainda estão indefinidos vários itens que são fundamentais para atrair um investidor, como o direito de passagem do outro trecho cearense da Transnordestina, que começa em Eliseu Martins, no Sul do Piauí, e passa por Salgueiro, indo até o Porto de Pecém.

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O direito de passagem estabelece que o futuro concessionário do trecho pernambucano poderá usar o trecho cearense pagando um aluguel pelo uso. É importante esta definição, porque vai permitir que o futuro concessionário do trecho pernambucano possa transportar carga que entre na Ferrovia entre Eliseu Martins, no Piauí, e Salgueiro, onde começa o trecho pernambucano.

O trecho cearense da Transnordestina teve as suas obras retomadas em 2023 e vem recebendo empréstimos do governo federal via Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE), administrado pela Sudene. Quando as obras foram iniciadas, a Transnordestina começava em Eliseu Martins ia até Salgueiro e de lá se dividia em dois ramais, um indo para o Porto de Pecém, na Grande Fortaleza, e o outro seguia até Suape.

A empresa que está à frente da obra, a TLSA, do grupo da CSN, formalizou que desistiu de fazer o trecho pernambucano em 2022.

Fiepe Bruno Veloso
O presidente da Fiepe, Bruno Veloso, diz que a classe empresarial e política de Pernambuco tem que se mobilizar para que o trecho pernambucano da Transnordestina saia do papel. Foto: Sistema Fiepe

Indefinições do trecho pernambucano da Transnordestina

A Infra não informou como será realizada a licitação. A expectativa é de que a conclusão dos projetos básicos e executivos dos seguintes trechos apresentem os seguintes prazos: Cachoeirinha a Belém de Maria, com 53km, no final de janeiro; Arcoverde-Pesqueira com 18 km no final de março; Pesqueira-Cachoeirinha com 43 km final de julho; Belém de Maria a Ribeirão com 57 km no final de julho e Ribeirão-Suape com 77 km em setembro. Os projetos do trecho Custódia a Arcoverde serão usados os existentes.

O trecho mais complexo será o de Ribeirão-Suape porque terão que ser incorporados os desvios a serem realizados por causa da construção da Barragem de Serro Azul e também é mais habitado. “Suape vai ter dois terminais de contêineres, sendo cada um num lugar”, lembra Bruno. Vai ter um trecho ferroviário pequeno dentro do próprio Porto que, provavelmente, será construído pela estatal.

Outra questão citada por Bruno é a quantidade de recursos. “Tem R$ 450 milhões previstos para as obras do trecho pernambucano no Orçamento Geral da União (OGU). Isso é menos de 10% do total que será necessário. A gente supõe que a licitação será feita com a disponibilidade de recursos para fazer as obras”, explica Bruno.

Ele cita várias cargas que podem contribuir para uma grande movimentação de cargas no trecho pernambucano como o gesso produzido no Araripe que pode chegar a 3,5 milhões de toneladas por ano; os 2,2 milhões de toneladas de fruta que saemo do Vale do São Francisco, o frango produzido no Agreste de Pernambuco que se espalha num raio de 100 km – incluindo cidades como São Bento do Una e outras próximas – , produtos que vão para a Tambaú, em Custódia materiais destinados à Baterias Moura, em Belo Jardim; entre outras.

“Isso é o que já tem hoje. O trecho pernambucano da Transnordestina vai criar um modal mais econômico para Suape, que poderá vir de qualquer lugar do Sertão. O impacto será muito maior. É só lembrar como era Vitória de Santo Antão antes da duplicação da BR-232. Hoje, Vitória tem várias indústrias”, conta.

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