Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Homens acreditam rápido na melhora da economia. Mulheres desconfiam mais

Pesquisa inédita realizada no Grande Recife sobre o impacto da economia em 2024 demonstrou que o gênero influencia a percepção sobre o progresso financeiro pessoal
Economia do Recife receberá uma injeção de R$ 875 milhões com o pagamento de três folhas. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Dos entrevistados, 31,5% afirmaram que a situação econômica do Grande Recife permaneceu a mesma em 2024, quando comparada a 2023, e pouco mais de 22% acredita ter piorado a economia. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Cerca de 45% da população do Grande Recife afirma que sua situação econômica melhorou em 2024, se comparada ao ano anterior. O dado é resultado do levantamento inédito realizado pelo Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFAFIRE) através do Núcleo de Inteligência de Mercado da instituição de ensino, que ouviu 796 pessoas em diversos espaços públicos da capital pernambucana no período de 11 a 29 de novembro do último ano.

Desse universo, 31,5% dos entrevistados afirmam também que a situação econômica da Região Metropolitana permaneceu a mesma e pouco mais de 22% acredita ter piorado. Na distribuição de respostas por gênero, a análise observou que os números não foram favoráveis às mulheres; os homens foram maioria com 52,50% contra 45,83% das entrevistadas do sexo feminino. Já com relação aos respondentes que informaram que a situação piorou, o público feminino aparece como maioria com 55,68%, contra 43,75% do masculino.

Para o gestor financeiro e coordenador do Núcleo de Inteligência de Mercado do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), João Paulo Nogueira, a diferença de percepção econômica entre homens e mulheres observada na pesquisa se dá uma vez que as mulheres demoram mais para relatar que suas situações financeiras estão melhorando em comparação ao sexo masculino, devido a fatores socioeconômicos, culturais e comportamentais. “Essa variação pode, de certo modo, ser atribuída a uma combinação que envolve maior cautela, diferentes percepções sobre a estabilidade financeira e desigualdades estruturais”, comenta o coordenador.

“As mulheres frequentemente assumem mais responsabilidades, como cuidados com a residência, o que podem resultar em pausas ou até interrupções na carreira”, diz João Paulo, atestando que esse pode ser um fator que contribui para uma opinião mais conservadora sobre o progresso financeiro para esse público.

Homens lideram percepção de melhora econômica na RMR, apesar de maior inadimplência

De acordo com a pesquisa, os homens são, em maioria, os responsáveis pelo sustento do lar e o grupo que lidera a inadimplência no Grande Recife (53,66%). Ainda assim, foram os que tiveram a maior percepção de melhora econômica na RMR (52,50%) do que entre as mulheres (45,83%).

- Publicidade -

Para Nogueira, aparentemente, este paradoxo pode ser explicado pelas diferenças culturais, sociais e econômicas entre homens e mulheres. “Os homens, que em maior proporção têm responsabilidade maior sobre o sustento do lar, parecem ser mais otimistas quanto à economia, possivelmente influenciados por sinais de recuperação na economia provenientes dos setores onde predominam, como a indústria”, afirma.

O gestor financeiro ainda comenta sobre as diferenças nos estilos de gastos e de gestão financeira, somadas a uma socialização que incentiva a demonstração de confiança. Para ele, esses fatores contribuem para essa percepção mais positiva da amostragem correspondente ao sexo masculino.

“Nesse sentido, as mulheres, que tendem ser mais conservadoras e que são as mais penalizadas por setores de recuperação mais lenta e por ainda receberem menores salários, têm tendência a ser mais cautelosas em suas avaliações econômicas”, atesta.

Melhoria no mercado formal de trabalho no Grande Recife

emprego
Pernambuco somou 5.526 vagas de trabalho preenchidas em novembro, ou seja, 8,9% a mais do que em outubro passado (5.076). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Segundo o Novo Caged, Pernambuco teve um saldo positivo de empregos em 2024, com 72.451 contratações até o final do ano. Esse número é 19,5% maior do que o mesmo período em 2023, quando foram criados 60.595 novos postos. O Estado somou 5.526 vagas de trabalho preenchidas em novembro, ou seja, 8,9% a mais do que em outubro passado (5.076).

O educador financeiro João Paulo comenta que os dados colhidos pela pesquisa estão alinhados com o relatório do Caged. “Esse cenário mais positivo, com a melhoria dos números de empregabilidade em Pernambuco, de acordo com o último relatório do novo CAGED, divulgados no mês passado pelo Ministério do Trabalho e Emprego nos deixa bastante esperançosos”, comemora o economista e consultor do Núcleo de Inteligência de Mercado do Centro Universitário Frassinetti do Recife (UniFafire), Uranilson Carvalho.

“O crescimento do trabalho formal representa maior solidez financeira para os lares, potencializando um gerenciamento de orçamento mais favorável e o aumento da capacidade de honrar os compromissos”, afirma o consultor, celebrando o aumento no número de formalizações de empresas em Pernambuco ao longo de 2024. “Isto gera um círculo virtuoso em nossa economia”, afirma.

A formalização no trabalho, por sua vez, resulta em uma maior concentração de renda disponível, devido ao aumento no número de trabalhadores formais. O economista afirma que isso permite a regularização de pendências financeiras e, consequentemente, contribui para a redução da inadimplência. A formalização oferece benefícios trabalhistas, como o 13º salário e as férias, que ajudam a melhorar a saúde financeira dos trabalhadores.

“Com mais pessoas ocupando os postos de trabalho formais, as empresas oferecem oportunidades para que mais pessoas tenham acesso a uma renda estável, o que possibilita melhores condições de moradia, alimentação, saúde e educação. Além disso, o aumento da oferta de empregos contribui para o fortalecimento da economia local, reduzindo desigualdades e promovendo o desenvolvimento social”, enumera Nogueira.

Desenvolvimento de setores industriais estratégicos influencia a percepção de melhora na economia

Para os entrevistados, além do aumento no número de empregos, a percepção de melhoria da economia em Pernambuco em 2024 pode ter sido influenciada por diversos fatores, como o desenvolvimento de setores industriais estratégicos (tecnologia, alimentos e veículos automotores). Investimentos em infraestrutura econômica, como telecomunicações e transporte aéreo, também foram fatores relevantes no entendimentos dos respondentes.

O crescimento do turismo de Pernambuco no Índice de Atividades Turísticas — que, segundo o IBGE, registrou um aumento de 4,4% em dezembro de 2024 em comparação com novembro e 38,8% na receita em comparação com o período pré-pandemia — e políticas públicas focadas no desenvolvimento regional também foram citadas.

Perspectivas de mudanças nos índices de inadimplência em 2025

Uranilson chama atenção para um cenário mais restritivo, com a elevação da taxa de juros, que pode impactar a capacidade de pagamento dos consumidores e contribuir para o aumento da inadimplência, como já projeta a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que prevê uma leve alta nos índices de inadimplência no Brasil para 2025.

“Ainda é cedo para tirarmos conclusões definitivas sobre as perspectivas de mudanças nos índices de inadimplência em 2025. Por um lado, observamos o crescimento da taxa de empregabilidade em nosso estado; por outro, enfrentamos um cenário nacional em que a política econômica tende a ser mais desafiadora, especialmente com os aumentos previstos na taxa Selic nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), visando um maior controle da inflação”, explica o economista.

Ainda assim, destaca que essas projeções são sensíveis à evolução dos indicadores econômicos e podem ser ajustadas conforme o cenário fiscal e econômico se torne mais claro ao longo do ano. Devemos aguardar e manter a cautela, pois 2025 promete ser desafiador”, conclui.

Leia mais:

Uva de Pernambuco conquista mercado japonês em forma de suco

Seca impõe gestão hídrica a destinos turístico do NE, ameaçando a economia

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -