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Mercadante: Brasil quer criar carros híbridos, não só importar elétricos

Presidente do BNDES defende que investimentos estrangeiros diretos incluam transferência de tecnologia no setor automotivo, principalmente para carros híbridos
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O papel do BNDES dentro da NIB e do Plano Mais Produção, é o de financiador de projetos estratégicos em inovação e sustentabilidade em setores como o automotivo, estimulando os modelos híbridos. Foto: José Fernando Ogura/Agência de Notícias do Paraná

A transferência de tecnologia no setor automotivo vai ajudar o país a desenvolver, entre outros projetos de inovação, os carros híbridos – movidos a energia elétrica e combustível líquido, de preferência biocombustível. Durante seminário sobre os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, promovido em Brasília, nesta quinta-feira (1º), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, enfatizou a necessidade de fortalecer as cadeias produtivas da indústria brasileira, sobretudo nos setores que envolvem energia renovável. Ele citou a produção de hidrogênio verde e de carros e ônibus elétricos.

“Não nos interessa apenas importar carro elétrico. Nós queremos investimento no Brasil”, afirmou Mercadante.  “Nós queremos produzir aqui ônibus elétricos e o carro híbrido, que é a nossa vocação, depois de 50 anos de etanol. O carro híbrido vai ter o dobro da autonomia do que o carro elétrico. E ele descarboniza mais do que o elétrico”.

Ele destacou ainda o papel do BNDES dentro da NIB e do Plano Mais Produção, como financiador de projetos estratégicos em inovação e sustentabilidade, citando setores como os de fármacos, automotivo, naval, aviação e agroindústria.

“O que mais me interessa aqui, nessa discussão, é a rota que a China perseguiu para chegar aonde está, sempre exigindo transferência de tecnologia para o investimento exterior”, disse. “Então, nós queremos muito investimento da China, muita presença da China, mas dentro do Brasil, produzindo aqui, gerando emprego, gerando trabalho”, disse Mercadante.

A Nova Indústria Brasil (NIB), política industrial lançada em janeiro deste ano, quer atrair investimentos estrangeiros que estejam comprometidos com transferência de tecnologia e com a geração de emprego e renda no Brasil.

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O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira, também representando o Governo Federal, afirmou que o plano Nova Indústria Brasil quer atrair investimento estrangeiro direto, ou seja, em projetos produtivos. Desde que incluam mecanismos de proteção e incentivo à indústria sediada no país.

presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante
Presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante, enfatizou a necessidade de fortalecer as cadeias produtivas da indústria brasileira. Foto: Júlio César Silva/MDIC

Híbridos e descarbonização

“Um dos pontos estratégicos de promover desenvolvimento econômico é investimento estrangeiro direto. Entretanto, nem todo investimento estrangeiro direto é positivo. Ele pode ser extremamente negativo”, pontuou Uallace, que falou no painel “Finanças Verdes, Descarbonização e Investimentos”, ao lado do presidente do BNDES e de outros convidados.

“Se o investimento entra no Brasil desnacionalizando capacidades produtivas, diminuindo o grau de verticalização, aumentando a importação e remetendo o lucro para a sua matriz, você está aprofundando a dependência externa, você está destruindo a capacidade de uma nação de desenvolvimento”, explicou o secretário.

Para evitar isso, diz ele, o investimento tem de cumprir um papel estratégico. “A NIB tem esse propósito de usar o investimento estrangeiro direto, de usar parcerias com países como a China, como elemento estratégico. No projeto de neoindustrialização do governo do presidente Lula, liderado pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o que nós queremos é fazer com que a indústria seja de novo protagonista do crescimento econômico, da geração de emprego e renda desse país”.

Uallace também defendeu a ideia de que a política industrial seja usada como instrumento de redução das desigualdades. “Não existe desenvolvimento econômico sem indústria. Não existe inclusão social sem indústria. Uma indústria intensiva em tecnologia, complexa tecnologicamente, ela demanda pelo tipo de serviço, por exemplo, de alta qualificação e alta renda, gerando emprego, renda e promovendo o processo de desenvolvimento econômico”, finalizou.

Leia mais: Faturamento da indústria avança 6,3% em junho, diz CNI

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