A Stellantis Goiana (PE), parque mais moderno do grupo franco-ítalo-americano no mundo, chega neste domingo, 28 de abril, ao 9º ano desde a entrada em operação, em 2015, sob a expectativa em torno da sua estreia no mercado de híbridos/elétricos, até dezembro deste ano.
Depois de revelados, nesta quinta-feira (25), os investimentos de R$ 13 bilhões no complexo, as atenções se voltam para o lançamento que vai marcar um passo fundamental na estratégia do grupo visando se posicionar como líder do segmento do carro híbrido/elétrico no país e na América Latina.
O primeiro veículo da plataforma tecnológica Byo-Hybrid – voltada exclusivamente para o mercado sul-americano – sairá justamente do complexo em Pernambuco, onde também serão desenvolvidos outros modelos híbridos e elétricos.
O que está em jogo na entrada da Stellantis no mercado de híbridos?
A entrada na Stellantis Goiana no mercado da moblidade sustentável terá importância crucial na transição do mercado automotivo no Brasil, pelo pioneirismo no país, valor do investimento envolvido e pela disposição do grupo de ocupar a primeira posição do setor no país e na América Latina.
Esse movimento ganha caráter ainda mais estratégico para a indústria automobilística nacional considerando que, no estado vizinho, a Bahia, a agressiva Build Your Dreams está investindo R$ 5,5 bilhões em seu maior projeto fora da China, com expectativa de colocar, nas ruas, seu primeiro veículo elétrico fabricado no Brasil, no mesmo timing da concorrente.
Imbatível até o momento em preços, a greentech que desbancou a Tesla em número de unidades vendidas faz tremer as montadoras instaladas no país, que tentam de todas as formas, e com um lobby pesadíssimo, colocar pedras no caminho da gigante.
Só a Stellantis parece não se abalar. Afinal, deve pensar o board da marca, o que são os R$ 5,5 bilhões da rival comparados aos R$ 18,5 bi que já foram investidos pelo grupo e seus sistemistas no complexo em Goiana e de mais R$ 13 bilhões a serem aportados no polo nos próximos cinco anos?
Aliás, o pacote de investimentos da Stellantis corresponde a quase um terço dos R$ 100 bilhões anunciados pelas montadoras, no Brasil, entre o final de 2023 e o início de 2024. Esse poder de fogo atiça ainda mais as adversárias.
Sobre essa disputa na indústria automotiva nacional, vale lembrar que as concorrentes mais antigas no Brasil, da mesma forma que tentaram impedir o avanço da BYD, realizaram um movimento junto ao Governo Federal, Congresso e mídia para extinguir os benefícios fiscais à Stellantis.
A pauta foi derrotada e os incentivos, mantidos, mas não se enganem: a guerra está só começando. A Stellantis sabe muito bem disso e os investimentos em Goiana fazem parte dessa batalha.
Quem é o grupo Stellantis?
A Stellantis é um grupo formado a partir da união da montadora ítalo-americana Fiat Chrysler Automobiles com a montadora francesa PSA Group, após a conclusão de um acordo de fusão.[5] A sede está localizada em Amsterdã, nos Países Baixos.
O grupo controla, ao todo, 14 marcas: Abarth, AlfaRomeo, Chrysler, Citroën, Dodge, DS, Fiat, Jeep, Lancia, Maserati, Opel, Peugeot, Ram e Vauxhall, com presença em mais de 130 países e unidades fabris em 30 mercados.[7]
Em 2023, o faturamento do conglomerado atingiu € 189,5 bilhões, um crescimento de 6% sobre 2022, refletindo um aumento das vendas globais (número de unidades) da ordem de 21%. O lucro líquido, por sua vez, chegou a € 18,6 bi. “Somos uma empresa saudável e que dá lucro e 2023 foi um ano extremamente satisfatório”, conclui Carlos Tavares.
No Brasil, o grupo tem polos automotivos em Pernambuco (Goiana), Minas Gerais (Betim) e Rio de Janeiro (Porto Real).
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