Concessão no saneamento abre oportunidade para conter enchentes

Recife sedia seminário nacional sobre saneamento que debaterá soluções para atender ao marco regulatório.
Barragem do Engenho Pereira
Placa fixada no local na gestão do ex-governador Paulo Câmara: obra parada

Os desafios do saneamento nacional serão discutidos em um encontro que começa nesta quarta-feira no Recife. O evento é necessário e oportuno. Necessário porque com a aprovação do Marco Legal do Saneamento Básico, em 2020, o Brasil se vê diante do difícil desafio de bater metas no fornecimento de água e de esgoto até 2033.

Seminário Nacional “Saneamento & Desenvolvimento Sustentável”, que será realizado pelo Instituto Brasileiro Pró-Cidadania, nos dias 27 e 28 de setembro, no Mar Hotel, em Boa Viagem, é oportuno porque há estados, como Pernambuco e Paraíba, que planejam concessões de suas empresas de água e saneamento e estão contratando o BNDES para fazer a modelagem da oferta dessas companhias à iniciativa privada.

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Roberto Tavares, que foi presidente da Compesa e agora atua no setor de forma independente, disse à coluna, que o desafio é fazer chegar o serviço às regiões menos lucrativas. Por isso, o evento deve discutir várias modalidades financeiras para orientar os estados nas suas concessões.

Modelos de concessão

Em Alagoas e no Rio de Janeiro, por exemplo, o poder público decidiu ficar com a venda da água no atacado e repassou à iniciativa privada a distribuição no varejo, com obrigação de coletar e tratar o esgoto. Já no Rio Grande do Sul, foi tudo privatizado e verticalizado. 

Em Pernambuco, a concessão dos 14 municípios do Grande Recife e de Goiana à BRK, fato que antecedeu à promulgação do marco regulatório, optou pelo mecanismo do subsídio cruzado, onde áreas rentáveis e não rentáveis foram postas num mesmo pacote. Posteriormente, o Ceará adotou o mesmo modelo.

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Ao contratar o BNDES para fazer a modelagem do processo de concessão, o Governo de Pernambuco tem a oportunidade não só de resolver o problema da sustentabilidade hídrica, mas evitar as inundações em vários municípios – eventos cada vez mais intensos diante da mudança climática.

saneamento
Foto: Freepik

Segundo especialistas ouvidos pela coluna, como não dispõe de recursos, o governo estadual poderia contemplar no edital as obras das barragens Engenho Pereira e Engenho Maranhão, que são fundamentais tanto para acabar com enchentes em Jaboatão dos Guararapes e Moreno, como para garantir água para o abastecimento da Mata Sul.

Em 2020, governo Paulo Câmara contratou a Caixa para fazer a modelagem de uma Parceria Público Privada (PPP) para o Engenho Maranhão, mas a obra não saiu do papel. Os especialistas ouvidos pela coluna acham a PPP inviável, já que as barragens não oferecem retorno atraente sobre o alto investimento. Por isso, a modelagem a ser desenhada pelo BNDES talvez seja a última oportunidade para se resolver não só o problema da escassez de água como seu excesso.

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