Há 17 anos, Lula lançou as obras da Transnordestina. Ainda é uma promessa…

Dezesete anos depois do início das obras, nenhuma autoridade diz precisamente de onde vão sair os recursos para concluir um dos empreendimentos mais estruturadores para a economia de Pernambuco.
Ferrovia Transnordestina
A Ferrovia Transnordestina teve as suas obras iniciadas em junho de 2006 com uma visita do presidente Lula (PT).

Em 05 de junho de 2006, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) – que hoje está em seu terceiro governo e chega nesta tarde de terça-feira (06), a Pernambuco – dava início às obras da Ferrovia Transnordestina na cidade de Missão Velha, interior do Ceará. A obra consistia na construção de dois grandes eixos que ligariam o interior do Piauí aos portos de Pecém, na Região Metropolitana do Ceará, e ao de Suape, na Zona Sul do Grande Recife.

Após 17 anos, Lula retorna ao Nordeste e encontra uma obra inacabada que já consumiu R$ 6 bilhões. O empreendimento é considerado estruturador por economistas porque deixaria mais barato vários tipos de carga, incluindo desde combustíveis – que poderiam ser levados ao interior – até um dos insumos mais usados na avicultura de Pernambuco, o milho, que até hoje chega de caminhão a boa parte do Agreste pernambucano, onde se concentra a produção de frangos e ovos do Estado.

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As obras do lado pernambucano desta ferrovia estão paralisadas pelo menos desde 2016. E a expectativa é que o eixo que chega até a Região Metropolitana de Fortaleza fique pronto em 2026. Na última visita que o ministro dos Transportes, Renan Filho, fez, ao Recife, disse: “Vamos seguir em busca de investimentos privados. Mas, se não tiver, o presidente Lula já tomou a decisão de incluir o trecho de Salgueiro até Suape no plano de investimentos federais para garantir que a obra ande com recursos públicos. Isso permite que Pernambuco seja inserido na estratégia de desenvolvimento do Nordeste”. A entrevista ocorreu no último 19 de maio.

A frase traz esperança, mas não traz a informação principal: os recursos vão vir de onde ? Quem vai bancar ? Este foi o grande imbróglio desde o começo… E continua sendo. Na administração passada, a gestão de Paulo Câmara (PSB) chegou a firmar, em 2022, um protocolo de intenções com a empresa mineradora Bemisa que se comprometeu a instalar um terminal de minério no Porto de Suape para receber a carga que viria do trecho pernambucano da obra.

Na época, os executivos da empresa deram uma entrevista coletiva e informaram que tinham interesse em construir uma ferrovia por Pernambuco, mas existiam várias indefinições, como por exemplo, como a Bemisa iria receber parte do trecho que foi construído, como seria esta cessão para a Bemisa etc.

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Sim, por incrível que pareça uma parte da obra foi construída entre o Sul do Piauí indo até Custódia. O mais inteligente seria aproveitar o que já foi construído, mas para isso precisaria um entendimento entre a Companhia Siderúrgica Nacional – dona da empresa que está à frente da obra, a TLSA -, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o governo federal, dono da concessão ferroviária explorada pela CSN.

Se, depois de 17 anos, um ministro de Estado ainda não sabe de onde sairão os recursos a serem usados na obra, qualquer um começa a desconfiar que essa “reintegração” da Transnordestina é mais uma daquelas promessas que todos os governos fazem e que realmente não vão sair do papel. Até setembro do ano passado, a expectativa era de que seriam necessários cerca de R$3 bilhões para concluir o trecho pernambucano da ferrovia sem incluir a implantação de um terminal de minério no Porto de Suape.

Um pouco da história da Transnordestina

A primeira vez que se fez um estudo de uma ferrovia ligando o interior do Nordeste ao litoral ocorreu a pedido de Dom Pedro II em 1847. Embora tenha sido iniciada em 2006, o trecho pernambucano da ferrovia teve sua etapa acelerada a partir de novembro de 2009, quando a Construtora Odebrecht ficou à frente das obras. Na época, foram abertos pelo menos quatro canteiros de obras em Salgueiro, Serra Talhada, Cachoeirinha e Arcoverde.

Um ano depois (em 2010), o presidente Lula, o então diretor do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o presidente da CSN, Benjamin Steinbruck, inauguraram a “maior fábrica de dormentes do mundo” em Salgueiro. As obras continuaram avançando até 2013, quando a Odebrecht se desentendeu com a CSN e deixou de fazer parte do empreendimento. A parte pernambucana praticamente ficou abandonada.

O trecho cearense teve as suas obras retomadas, aos poucos. No mapa que a empresa apresenta em seu site, o trecho pernambucano já foi retirado. A CSN informa que o trecho cearense será concluído em 2026. Caso isso ocorra, se passaram duas décadas entre o começo das obras e o término de uma parte da ferrovia, que contou com muitos recursos públicos (Finor, BNDES, BNB e Sudene). E o outro trecho, que vinha para Pernambuco, continua se estragando a céu aberto, sem previsão de data para a sua conclusão e , por incrível que pareça, sem qualquer autoridade informar quem vai bancar os recursos necessários ao término da obra.

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