Mais um capítulo da polêmica envolvendo a possível construção da nova Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército, de nível superior, na Área de Preservação Ambiental (APA) Aldeia/Beberibe, no Grande Recife. Desta vez, o projeto que tem um orçamento previsto inicialmente em R$ 1,8 bilhão, chegou à mesa da ministra Marina Silva (Meio Ambiente), por meio de um ofício do Fórum Socioambiental de Aldeia, que solicita a mudança de local para construção do complexo militar.
Já Tiago Carneiro, presidente da Associação Comercial de Pernambuco, entidade que reúne empresários de serviços, indústrias e comércio, defende a instalação da Escola Superior de Sargentos no estado de Pernambuco, afirmando que trata-se de um investimento importante para região. “Sobre as questões ambientais, acreditamos que estão disponíveis medidas de compensação suficientes para acomodar os interesses do meio ambiente e as pautas de desenvolvimento do Estado, ambas de grande importância e que devem encontrar um ponto de equilíbrio”, pontou Carneiro.
Polêmica
“Precisamos de um debate mais aprofundado porque a obra do ponto de vista ambiental é um desastre”, ressalta Herbert Tejo, presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia. Segundo ele, a área escolhida para construção, incialmente, esbarraria na Lei de Proteção aos mananciais, já que na região a água vai para a Barragem de Botafogo, sistema de abastecimento de água, que tem origem nesse local, além de levar impactos negativos à Mata Atlântica. O sistema abastece quatro cidades do Grande Recife: Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima.
“O espírito da lei é evitar o adensamento populacional por causa dos aquíferos, que afetaria o polo cervejeiro, por exemplo”, alertou Herbert Tejo. O Fórum encaminhou duas propostas para que a obra fosse realizada: uma seria um terreno próximo ao mesmo local, do próprio Exército com 200 hectares já desmatados em Araçoiaba; uma alternativa seria a área do entorno da Arena Pernambuco.
Porém, no dia 14 de março deste ano, houve uma reunião envolvendo o ministro José Múcio (Defesa), a bancada congressista pernambucana e o exército, que apresentou uma versão atualizada no projeto. O exército diz que está disposto a debater as questões ambientais. O governo Raquel Lyra (PSDB) criou um grupo de trabalho por 180 dias para avaliar os termos do acordo assinado na gestão passada pelo governador Paulo Câmara. O Ministério do Meio Ambiente que passou por uma última semana turbulenta devido a desidratação da pasta da ministra Marina Silva ainda não pronunciou oficialmente.
Diante da nova versão do projeto do Mas, o Fórum reage e diz que a área a ser desmatada apenas aumentou, saindo dos cerca de 130 hectares para aproximadamente 180 ha. “O exército propõe uma cidade provocando desmatamento 188 hectares de área construída e ainda diz que seria uma obra sustentável. O novo governo federal acenou para uma política diferente do ponto vista ambiental”, completou Herbet Tejo.
O Fórum também pede que uma aproximação junto ao Ministério da Defesa, o que seria uma prerrogativa das chamadas políticas transversais colocadas pelo governo Lula 3.
BOLSONARO
O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve presente no evento, no dia 23 de março de 2022, quando foi lançada a pedra fundamental para a construção da Nova Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército, de nível superior, para centralizar a formação militar.
SENADOR FERNANDO DUEIRE
No mês passado, o senador Fernando Dueire (MDB-PE) destacava, no Senado, o impacto econômico e social positivo na região, com a geração de novos empregos e obras de infraestrutura para os moradores.
“A nova escola, que centralizará a formação de sargentos, deve padronizar e qualificar o ensino com a melhoria da capacidade técnica do corpo docente e ampliação da oferta de conteúdo. Importante também frisar que essa escola oferecerá nova credencial de futuro mais próxima aos jovens nordestinos vocacionados para a vida na caserna, pois sua localização promoverá um novo arranjo no processo de formação dos militares, atualmente com mais unidades nas Regiões Sul e Sudeste”disse.
De acordo com o senador, a escola, que ficará na Região Metropolitana do Recife, foi projetada para abrigar 2,2 mil alunos e 1,9 mil funcionários, além 2,1 mil familiares. Ele também observou que o custo do empreendimento será alto, “cerca de R$ 1,8 bilhão investido ao longo de dez anos de obra”, reforçou.
Dueire explicou também que o governo ficará responsável pela infraestrutura do entorno da escola, como o abastecimento de água, saneamento, mobilidade, energia e acessos viários, com investimento previsto de R$ 320 milhões, despendidos também em dez anos.
“Para os que se interessam pela carreira militar, os benefícios serão numerosos. Serão dois anos de cursos de alto nível, em um ambiente educacional moderno e com professores altamente qualificados. Após a conclusão do segundo ano, o candidato ocupará o cargo de terceiro-sargento do Exército, com salário inicial de R$ 3,8 mil. Para muitos jovens, uma oportunidade singular na vida”, explicou.
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