O empréstimo é de até R$ 5 mil na linha de microcrédito da Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE), mas está fazendo a diferença para muitas pessoas que enxergaram no financiamento uma chance de melhorar um pequeno negócio. Foi o que aconteceu com Antônia Valquíria Batista que fez um empréstimo na linha de microcrédito. Com os recursos, ela melhorou a estrutura da sua clínica de estética, comprou produtos e divulgou o serviço. De 2019 até o mês passado, a Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE) fez mais de 36 mil operações de crédito, totalizando R$ 64 milhões emprestados.
“O primeiro empréstimo foi bastante útil e me ajudou a dar continuidade neste momento tão difícil”, disse a esteticista Antônia Valquíria Batista, se referindo à pandemia do novo coronavírus que prejudicou muitos empreendimentos, principalmente os que atuam no setor de serviços, que tiveram que fechar por causa das restrições sanitárias. Este financiamento foi no valor de R$ 3.036,00 realizado no segundo semestre de 2020.
O segundo financiamento Valquíria contratou no mês passado no valor de R$ 10 mil. “Já peguei o segundo como Micro Empreendedor Individual (MEI). Vou gastar uma parte com mídia, melhorar a estrutura pra dar mais conforto aos clientes e comprar mais equipamentos. Consumidor satisfeito sempre volta e traz mais serviço”, resume. Para ser MEI, ela passou a ter um negócio formalizado, recolher INSS, entre outras obrigações. Os MEIs podem ter um empréstimo de até R$ 21 mil na AGE.
Os microempreendedores podem ter um financiamento de até R$ 100 mil pela instituição e as Empresas de Pequeno Porte (EPP) até R$ 500 mil. Pela legislação, as EPPs sao aquelas que podem faturar até R$ 4,8 milhões por ano. O crédito popular foi lançado em 2019 e é direcionado às pessoas que precisam de pequenos empréstimos para tocarem seus micro negócios. “No microcrédito, seguimos os mesmos trâmites adotados pelo Banco do Nordeste (BNB). É um produto orientado. Às vezes, um empréstimo de R$ 1 mil começa a mudar a vida e a história de muitas pessoas”, comenta o diretor-presidente da AGE, Márcio Stefanni. A inadimplência do microcrédito é de 5%, considerado baixo. É este tipo de financiamento também é dado de forma solidária, em grupos, facilitando a vida de quem não tem como dar uma garantia à agência.
Márcio diz que a instituição “está de portas abertas para os empreendedores pernambucanos que desejam crescer e o crédito é como o oxigênio para a economia, aumentando a competitividade. Uma agência de fomento torna o Estado mais competitivo”. E os recursos vem de onde ? Primeiro, foi feito um aporte de recursos pelo governo do Estado. A AGE também recebe recursos do Inovar, um fundo criado pela atual gestão estadual que cobra uma pequena taxa das empresas que não investirem em inovação em Pernambuco. Também tem uma linha de recursos em parceria com a Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Facepe. A entidade também trabalha com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Fungetur, um fundo do setor de turismo.
“Também trabalhamos junto com a Adepe e podemos apoiar uma empresa pequena com até R$ 2 milhões para investimento, caso a empresa apresente capacidade de pagamento”, comenta Márcio. A instiuição também tem um fundo que pode dar garantia real para micro e pequena empresa que não têm como dar garantia. “Às vezes, um dos maiores empecilhos para conseguir o crédito é justamente a garantia”, afirma Márcio.
Presente em 176 municípios, a atuação da AGE é mais forte, principalmente no Agreste – onde existe um grande polo de confecções – e no Vale do São Francisco. A instituição foi fundada em 2011 e os juros são diferenciados, porque é uma instituição de fomento. Possui uma equipe de mais de 60 agentes e promotores de crédito.
Sistema Nacional de Fomento
A AGE integra o Sistema Nacional de Fomento (SNF) formada por 33 instituições financeiras que são agências de fomento, bancos públicos, como o Banco do Nordeste, e cooperativas de crédito. Das 33 Instituições Financeiras de Desenvolvimento (IFDs), 12 estão no Nordeste. O SNF responde por 45% de todo o crédito disponível no Brasil, segundo informações da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE). “Nós financiamos setores estratégicos, reduzimos algumas lacunas de financiamento, porque o setor privado é mais presente nas áreas que apresentam maior rentabilidade. E nós trabalhamos no longo prazo. O nosso foco é no desenvolvimento”, resume a presidente da ABDE, Jeanette Lontra.
“O nosso obejtivo é trazer para o sistema os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), fortalecendo as pequenas agências de fomento”, diz Jeanette. Isso significa que os projetos mais sustentáveis serão prioritários no acesso ao crédito nessas instituições. Os ODS são 17 metas globais definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) como prioritárias para um mundo mais sustentável, incluindo a erradicação da pobreza, o uso de energias renováveis, entre outros. “Os empréstimos a micro e pequenas empresas também contribuem para a erradicação da pobreza”, comenta Jeanette.
No ano passado, o SNF disponibilizou R$ 315,5 bilhões para o Nordeste, volume que representou 50% do mercado de crédito da região. A carteira total do SNF na região apresentou crescimento de 25% durante a crise da Covid-19 (março de 2020 a dezembro de 2021). Além disso, o SNF alcançou R$ 1,5 bilhão em financiamentos dos municípios nordestinos em 2021, representando 20% do total financiado pelo SNF aos municípios no Brasil.
As seis instituições subordinadas aos estados da região somam R$ 3,9 bilhões na carteira de crédito, mais de 256 mil clientes e de 463 mil operações em carteira. Os principais setores financiados por essas instituições são: comércio, administração pública e indústria de transformação, respectivamente com R$ 341,6 milhões, R$ 195,8 milhões e R$ 142,8 milhões de recursos na carteira.