Pelo menos 27 unidades geradoras de biometano serão implantadas no País nos próximos anos, segundo um levantamento concluído em maio deste ano pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) e a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás). Nenhuma delas será instalada no Nordeste. O biometano é um derivado do biogás que tem as mesmas características do gás natural canalizado só que não tem origem fóssil. O biogás e o biometano são temas a serem discutidos no Seminário Gás – O combustível da transição energética que acontecerá no dia 19 de julho, no auditório da Casa da Indústria, sede da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), no Recife. O evento é uma realização do Movimento Econômico em parceria com a Fiepe.
As inscrições podem ser feitas no link https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfZvb3dOfSynq5JQ7WaKbwhVPmuLSEhuUKnPJADV4k7CZKhjQ/viewform . No evento, os participantes vão conhecer as experiências exitosas com produção de biogás e biometano em Pernambuco e no Ceará, respectivamente. Especialistas vão também mostrar que esses insumos podem ser gerados por empresas avícolas, por prefeituras em seus aterros sanitários e até por usinas que produzem o açúcar e o álcool.
O biometano e o biogás estão iniciando um boom parecido com o das energias renováveis no ano 2000. Ambos são limpos e não contribuem para o aquecimento global. O biogás surge da decomposição de matéria orgânica, como os restos de comida que vão parar num aterro sanitário. A decomposição deles gera biogás, que precisa ser captado para ser usado, por exemplo, numa usina termelétrica e gerar energia Depois de passar por um processo de purificação, o biogás resulta no biometano que tem as mesmas especificações do gás natural canalizado exigidas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
“O biogás pode ser usado para gerar energia elétrica em motores pequenos. Numa escala maior, a empresa pode fazer o biometano, dependendo do seu interesse”, resume a gerente Executiva da ABiogás, Tamar Roitman. E acrescenta: “o grande desafio do setor é fazer este biometano chegar à rede dos gasodutos e ele precisa ter um consumidor, como uma indústria que compre este combustível”.
As 27 fábricas de biometano previstas para serem implantadas têm a seguinte distribuição: 15 ficarão em São Paulo; seis no Rio Grande do Sul; e as outras espalhadas por Rio de Janeiro, Pará, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas. “Pernambuco tem um potencial grande por causa do setor de açúcar e álcool que gera matéria-prima para o biogás e o biometano”, afirma Tamar. Ela também diz que grandes granjas podem gerar biometano por terem uma escala maior, o que favorece Pernambuco – um dos maiores produtores de frango do Nordeste.
Potencial do biometano
A expectativa das associações citadas acima é de que o Brasil alcance a produção de 2,2 milhões de metros cúbicos de biometano por dia até 2027. Desse total, 1,3 milhão de metros cúbicos por dia viriam dos aterros sanitários; 700 mil metros cúbicos por dia sairiam do setor sucroenergético – que produz açúcar e álcool – e 200 mil metros cúbicos por dia seriam gerados em empresas do setor agroindustrial.
Segundo os especialistas, o Brasil tem um potencial para gerar 100 milhões de metros cúbicos por dia, incluindo locais em que o escoamento do gás seria difícil. Por isso, a expectativa mais realista é que pelo menos 20% deste total seja implementado. O biogás – pode ser usado para gerar energia numa térmica – e o biometano pode ser usado por fábricas como já ocorre com o gás natural.
