Por Juliana Albuquerque
As novas flexibilizações para o setor de eventos em Pernambuco, anunciadas na quarta (3) pelo governo estadual, abrem um cenário de otimismo para uma retomada mais sólida para vários setores atuam e dependem da realização das festividades típicas do Nordeste. A expectativa de que eventos tradicionais realizados na Semana Santa e no ciclo junino apontam para a possibilidade de incrementar o faturamento e recuperar um pouco das perdas dos últimos dois anos provocadas, em grande parte, pela pandemia do Covid-19.
“Como a flexibilização aconteceu recentemente, ainda temos que dar um tempo para o cliente dizer se vai fazer algum evento com foco na Semana Santa. Esse tipo de procura ainda não aconteceu no cliente privado, mas no setor de entretenimento já é possível verificar algumas festas programadas e com ingressos já sendo negociados com base no novo decreto que permite um maior número de público”, afirma a presidente da Associação Brasileira das Empresas de Eventos de Pernambuco (Abeoc-PE), Tatiana Marques. A expectativa dela é que a curva de contágio do Covid-19 continue em queda e os eventos voltem a acontecer dentro da normalidade em pouco tempo.
O presidente do Sistema Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, acredita que o momento é de ter esperança de um “novo normal” em breve, puxado, em especial, pelo setor de turismo. Peixoto acredita que nos próximos 15 dias devem acontecer mais flexibilizações de circulação de pessoas por parte da Secretaria de Saúde de Pernambuco.
“Esperamos que o governo dê uma flexibilização maior, visto que com o aumento da vacinação e a redução dos casos nas UTIs estamos caminhando para uma possível normalidade. Diante disso, acredito que já na Semana Santa podemos vislumbrar uma movimentação mais intensa, em especial no setor de turismo”, estima Peixoto.
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém deve ser encenada após dois anos
Em entrevista coletiva para detalhar o plano de convivência com a Covid-19, na última quarta (2), o secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes, mostrou-se confiante sobre a possibilidade de que eventos importantes do calendário turístico do estado voltem a ocorrer.
“Estamos confiantes que nos próximos 15 dias a gente tenha condição de poder avançar, mas com os olhos sempre voltados aos números da doença no estado para tomar as decisões”, afirmou, ressaltando que a expectativa é que o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém possa acontecer este ano.
Responsável pela coordenação geral no maior teatro a céu aberto do mundo, Robinson Pacheco acredita que depois de dois anos sem trabalhar e tendo que demitir 70% dos trabalhadores efetivos, a realização da Paixão de Cristo aconteça sem intercorrências em 2022.
A organização do espetáculo já definiu protocolo sanitário para acesso do público ao evento, cuja temporada está prevista de 9 a 16 de abril. O acesso às dependências do teatro serão autorizadas apenas com cartão de vacinação, ou exame negativado realizado com até com 24 horas de antecedência. Também haverá a possibilidade de realizar o teste de Covid-19 no local, antes de entrar no teatro.
“Estamos há dois anos sem realizar o espetáculo. Diante desse cenário, o anúncio dessas flexibilizações nos deixa muito otimistas para que possamos voltar a produzir a Paixão de Cristo. Para que mesmo com o público aquém da capacidade, que é de 12 mil pessoas, possamos contar com um fluxo que garanta a manutenção do espaço e gerar emprego e renda para cerca de 1,3 mil pessoas diretamente e cerca de 8 mil, indiretamente”, afirma Pacheco.
Este ano, Jesus será vivido pelo ator Gabriel Braga Nunes. O elenco contará ainda com Luciano Szafir, como Herodes; Christine Fernandes, interpretando Maria; Sérgio Marone dando vida a Pilatos, entre outros atores reconhecidos no cenário local e nacional. A organização também enfatiza que os ingressos comprados no ano de 2020 são válidos para qualquer data de 2022.
Polo Têxtil do Agreste vislumbra realização do São João
Diferentemente de outros segmentos da cadeia produtiva, o de confecções – no Agreste pernambucano – tende a ter um movimento atrelado à realização de grandes eventos. Após dois anos sem Carnaval, as apostas agora seguem na esperança da realização do São João.
“O segmento de confecção é sazonal, por isso, dependemos de festas. Quanto mais tiver, mais aumenta a nossa movimentação. Então, toda nova flexibilização anunciada é importante porque faz com que a nossa perspectiva de venda se amplie. Por isso, apostamos nossas esperanças na realização do São João e, se de fato ocorrer, esperamos incremento acima de 30% nas vendas com essa data. Afinal, com as festas, todos querem comprar uma roupa nova para o momento”, acredita Pedro Moura, presidente da Associação dos Sulanqueiros de Caruaru.
Em Santa Cruz do Capibaribe, outro importante polo têxtil da região, a expectativa é a mesma.
“Essas flexibilizações nos deixam muito otimistas no setor de eventos e de turismo, porque fomentam toda a economia do estado e fazem com que a nossa movimentação econômica se aqueça também. Se esse cenário continuar evoluindo positivamente, tenho certeza de que iremos ter após dois anos um São João como um ótimo momento de vendas”, enfatiza o síndico do Moda Center Santa Cruz, José Gomes Filho, conhecido como Menininho.
Turismo do Ceará também aguarda novas regras de convivência com a Covid-19
Dos estados do Nordeste, por ora, apenas Pernambuco e Ceará avançaram em seus planos de convivência com a Covid-19. No Ceará, onde os setores turístico e cultural são bastante importantes para a região, a expectativa era de que o governo estadual se posicionasse sobre o assunto – o que aconteceu na última sexta (04/03).
O Governo do Ceará liberou, a partir desta segunda (07/03) a realização de eventos sem restrição de público, desde que haja apresentação do cartão vacinal com as três doses do imunizante contra o Covid-19. A partir do próximo dia 21 de março, os demais estabelecimentos, como bares e restaurantes, passarão a exigir também o cartão de vacinação também com a dose de reforço. As medidas foram tomadas com base nos números de casos e óbitos por Covid-19 no estado.
“Os profissionais de eventos e turismo seguem na expectativa positiva de que o estado adote uma postura mais flexível, similar ao ocorrido em Pernambuco”, diz Rafael Bezerra, vice-presidente da Abeoc-CE.
Leia também – Atividades turísticas na Bahia cresceram 47,3% em 2021