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Com investimentos de R$ 1,6 bi, Elétron Energy executa 80 projetos no Brasil

Por Patrícia Raposo Na última quinta-feira (23), dia em que a Elétron Energy completou 10 anos, André Cavalcanti, seu fundador e CEO, manteve a rotina. Muito à vontade, vestindo jeans e camiseta, saiu para almoçar e passou o resto da tarde no escritório com vista para o mar. Diante da previsão de investir R$ 1,6 […]

Por Patrícia Raposo

Na última quinta-feira (23), dia em que a Elétron Energy completou 10 anos, André Cavalcanti, seu fundador e CEO, manteve a rotina. Muito à vontade, vestindo jeans e camiseta, saiu para almoçar e passou o resto da tarde no escritório com vista para o mar. Diante da previsão de investir R$ 1,6 bilhão até 2026, há muito o que fazer nesta comercializadora e geradora de energia sediada no Recife.

Com faturamento de  R$ 2,1 bilhões em 2021, a empresa contabiliza 80 parques em operação ou pré-operação espalhados pelo Brasil. Negócios que em sua maioria começaram a sair do papel do ano passado para cá, principalmente devido ao estímulo do Novo Marco Regulatório da Geração Distribuída.

O marco permite às unidades consumidoras, sejam as já existentes e aos novos projetos de geração protocolados até 12 meses a partir da data da sua vigência, manter por 25 anos os benefícios tributários hoje concedidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Eu sempre defendi o marco, porque acho um absurdo que um consumidor de baixa renda pague a conta de outro que pode gerar sua própria energia. A isenção tarifária foi necessária no começo, porque a geração não era sustentável, mas hoje não faz sentido”, comenta o empresário, referindo-se à cobrança de tarifas pelo uso dos sistemas de distribuição instituída pelo Marco.

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Os projetos se multiplicam

Entre os 80 projetos da Elétron Energy, um chama atenção. Ele está em construção na cidade de Ibimirim, no sertão pernambucano. Trata-se de um investimento solo de R$ 250 milhões para gerar 60 MW.

Ali, na pequena cidade de 30 mil habitantes, a empresa abriu 150 empregos na fase de construção. Quando entrar em operação, em 2023, serão mantidas 20 vagas. Para um estado que é líder em desemprego no Brasil (19,9% segundo IBGE), isso faz muita diferença. A energia gerada em Ibimirim já tem clientes certos: indústrias e shopping centers de várias partes do Brasil.

Ainda no sertão pernambucano, mas desta vez em sociedade com a conterrânea Kroma Energia, a Elétron Energy vai gerar outros 100 MW no projeto São Pedro e São Paulo, situado no município de Flores.  

No sul da Bahia, a empresa comprou uma Pequena Central Hidroelétrica (PCH) do espólio de Norberto Odebrecht que estava sucateada e a colocou em operação. E mais ao norte daquele mesmo estado, começará a construir, no segundo semestre, uma planta eólica.

André Cavalcanti da Elétron Energy
André Cavalcanti, CEO da Elétron Energy/Foto: divulgação Elétron Energy

A empresa também enveredou pelo segmento de eficiência energética, quando comprou, há dois meses, a fatia majoritária na startup mineira Enercred, que vende assinaturas de energia limpa ao consumidor final. Com a aquisição, entrará no segmento de consumidores residenciais e comerciais de pequeno porte. E isso começa por Pernambuco, já em abril. No segundo trimestre, levará a Enercred para a Bahia, Maranhão e Pará.

A expansão da Enercred depende de haver fontes geradoras de energia limpa em cada estado onde se pretende vender o serviço. Como a Elétron Energy tem geração na Bahia e Pernambuco, aguarda a conclusão das plantas do Maranhão e Pará – cada uma vai gerar 5 MW .

E para atender à essa expansão, ano que vem, três novas unidades geradoras serão construídas em São Paulo. Já no Rio de Janeiro, a empresa estuda parceria com uma geradora local. Com esses movimentos, André Cavalcanti quer atrair 1 milhão de consumidores com conta média de R$ 300, em todo o país, até 2026.

Mudança de estratégia

Ciente da alta demanda e complexidade do mercado nacional, a Elétron Energy mudou sua estratégia: tem se antecipado aos clientes. “Passamos a elaborar os projetos, solicitar as conexões, para depois vendê-los”, conta o CEO. Antes era o contrário, os projetos só nasciam sob demanda. A mudança foi forçada pelo surgimento de um fenômeno no Brasil: o comércio de conexões.

“Hoje o principal gargalo que temos é conexão. Conectar uma usina pode demorar anos”, reclama Cavalcanti. Em Minas Gerais, a Elétron Energy tem R$ 22 milhões enterrados numa usina que há dois anos aguarda a Cemig fazer a conexão.

“O Brasil virou um mercado de projetos de conexão. O sujeito não vai construir, mas faz um projeto, solicita conexão à Aneel e depois comercializa essa conexão no mercado com quem realmente quer construir”, denuncia.

Esses oportunistas se aproveitam de um problema nacional. Não há redes suficientes para receber o potencial de energia a ser gerada no Brasil. Para um projeto sair do papel, as distribuidoras precisam fazer investimentos em transmissão. Se a empresa for estatal, como é a Cemig, o tempo de espera se multiplica.

André Cavalcanti acredita que a privatização da Eletrobras mudará essa realidade. “A privatização vai trazer mais investimentos e, por consequência, mais liquidez de energia, além da otimização da infraestrutura”, prevê.

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