O Governo de Pernambuco deu início à licitação para contratar a elaboração dos projetos de pavimentação da PE-27, conhecida como Estrada de Aldeia, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Além de contemplar moradores de Araçoiaba, que sofrem com a precariedade de conexões com municípios do entorno, a obra também é estratégica para a futura Escola de Sargentos das Armas (ESA), que será construída no Campo de Instrução Marechal Newton Cavalcanti (CIMNC), às margens da rodovia estadual.
A Estrada de Aldeia tem 37,5 quilômetros, iniciando no entroncamento com a PE-005, em Camaragibe, também no Grande Recife, até a intersecção com a PE-41, em Araçoiaba. Nos dez primeiros quilômetros, a rodovia é pavimentada e margeada por clubes e condomínios, o que faz com que o trecho, pouco sinalizado, sinuoso e com trânsito intenso, seja considerado perigoso.
Nos 18 quilômetros seguintes, a rodovia também tem asfalto, mas está degradada e sem acostamento, além de oferecer riscos por conta de quedas da vegetação que compõe a Mata Atlântica. O trecho pavimentado termina na altura do quilômetro 28,7, onde fica o CIMNC. Nos nove quilômetros seguintes, o acesso a Araçoiaba é feito inteiramente por estrada de terra. Comunidades de Paudalho, na Mata Norte do estado, que também usam a rodovia, se somam à lista de afetados pelas condições da PE-27.
Trecho até Araçoiaba será asfaltado, ligando escola à área norte da RMR
O projeto que está sendo licitado contempla o trecho não pavimentado da PE-27, entre o quilômetro 28,7, na altura da futura ESA, e o entroncamento com a PE-41. O certame, que terá propostas abertas pelo Governo do Estado no dia 11 de fevereiro de 2025, prevê a contratação de empresas de engenharia para atuação em dois lotes, totalizando R$ 1,1 milhão em investimentos.
Entre os produtos a serem entregues, estão os projetos básico e executivo das obras de pavimentação e os estudos e relatórios de impacto ambiental (EIA/RIMA), que levarão em conta o fato de a PE-27 cortar a Área de Preservação Ambiental (APA) Aldeia-Beberibe, polêmica que permeou os anúncios da construção da ESA. Somente depois de cumprida essa fase é que será possível estimar o valor total e a previsão de entrega da obra, a cargo do Departamento de Estradas de Rodagem (DER-PE).
Apesar de ligação natural, PE-27 pode não ser principal rota até escola
Pavimentar os nove quilômetros restantes da PE-27, entre a futura ESA e a conexão com a PE-41, é uma medida estratégica para conectar o futuro empreendimento com a área metropolitana norte, por meio da saída por Araçoiaba e Igarassu. O mesmo não se pode dizer da ligação com o Recife, já que, por essa rota, seria necessário passar por cinco municípios até chegar à capital, aumentando o trajeto em cerca de 30 quilômetros.
A conexão mais natural seria pelo trecho já pavimentado da PE-27, que carece de obras de restauração e de intervenções de ordenamento de trânsito. Em agosto deste ano, o Governo de Pernambuco informou que essa rota estava inserida em um pacote de R$ 119 milhões voltados à conservação de rodovias em todo o estado e que os serviços incluem todo o segmento pavimentado da Estrada de Aldeia, “até que seja totalmente restaurada”.
Desde a fase de candidatura do estado para receber a ESA, o Governo de Pernambuco já tratava a Estrada de Aldeia como uma conexão secundária com a futura escola, temendo o estrangulamento de uma rodovia que já opera perto do limite em seu trecho urbano.
Documento apresentado pela gestão estadual em 2021 até previa melhorias nas condições viárias da estrada – parte do que está prestes a sair do papel com a licitação recentemente iniciada –, mas projetava como principal acesso ao empreendimento do Exército a Estrada de Mussurepe, que liga a PE-27 à BR-408, nas proximidades do distrito de Guadalajara, em Paudalho. A rota de 7,4 quilômetros já existe, mas não é pavimentada. Sua implantação prevê a manutenção da pista sem duplicação.
O protagonismo da Estrada de Mussurepe, e não da Estrada de Aldeia, se justificaria pelo fato de a ligação com a BR-408 ser mais estratégica e ter maior capacidade viária, uma vez que a rodovia federal já é duplicada e daria acesso direto a um complexo logístico a ser instalado perto da Arena de Pernambuco, em terreno prometido como parte das propostas para atrair a ESA para o estado.
A triplicação de um trecho de 6,8 quilômetros da BR-232, entre os entroncamentos com as BRs 101 e 408, que deve ser concluída até março de 2025, com aporte de R$ 157 milhões, também é inserida no pacote de obras viárias que impactam positivamente a instalação da escola.
As melhorias nos acessos estão previstas em um conjunto de contrapartidas do Governo de Pernambuco e representarão um montante de R$ 320 milhões de um total de R$ 1,8 bilhão a serem investidos pelo Governo Federal no empreendimento. Além da pavimentação ou restauração de estradas que darão acesso à vila militar, estão previstas a criação de linhas de ônibus, obras de distribuição de água e coleta de esgoto e apoio a melhorias na infraestrutura referente à energia elétrica e à rede de fibra ótica.
Escola de Sargentos contará com R$ 1,8 bilhão em investimentos
A ESA será o maior projeto do Exército desde a construção da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), na década de 1940. O Governo Federal avalia o empreendimento como estratégico para a geração de postos de trabalho e para o crescimento econômico, uma vez que viabilizará a criação de mais de 11 mil empregos diretos e 17 mil indiretos em localidades como Paudalho, Araçoiaba, Igarassu, Camaragibe e no Recife, que terá estruturas de apoio médico e logístico para a escola.
O complexo será um polo de recursos humanos, uma vez que vai reunir no Grande Recife 16 estruturas – hoje descentralizadas pelo país – voltadas à formação de sargentos do Exército. A expectativa é de que 6,2 mil pessoas residam na área da escola, que ocupará 90 hectares de um total de 7,5 mil hectares do terreno destinado ao projeto. A previsão é de que o empreendimento tenha capacidade de formação, em curso superior no nível tecnólogo, de 2,2 mil alunos ao longo de dois anos de preparação.
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