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Em Portugal, Lula garante que não irá privatizar empresas públicas

No Fórum Empresarial Portugal-Brasil, o presidente criticou a venda de ativos públicos, como a Eletrobras, pelo governo passado

Agência Brasil

Durante sua participação no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, em Matosinhos, região da cidade do Porto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, hoje (24), que não vai privatizar empresas públicas e que quer atrair investimentos em novos negócios no país,

Lula - Foto José Cruz/Agencia Brasil
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quer promover parcerias entre empresas brasileiras e portuguesas, priorizando negócios inovadores e que atendam questões sociais. FOTO: José Cruz/ Agência Brasil

“No Brasil, nós não vamos vender empresas públicas. O que nós queremos é convidar os empresários a fazerem parceria conosco naquilo que a gente precisa criar de novo”, declarou, em discurso para cerca de 200 empresários portugueses e brasileiros. 

O presidente também criticou a privatização de empresas nos últimos governos – como a venda da Eletrobras – e disse que o papel de um presidente é atrair capital externo oferecendo credibilidade e estabilidade política, social e jurídica. “Nos desfizemos de nosso patrimônio e a qualidade do serviço não melhorou”, destacou. 

“O Brasil quer construir, definitivamente, políticas de parceria, nós não queremos relações hegemônicas com ninguém. Não é porque nós somos grandes que temos que ter hegemonia. Nós queremos construir parcerias com as empresas portuguesas e nós queremos que os empresários portugueses construam parceria com nossas empresas. Nós não queremos vender aquilo que já está pronto, nós queremos construir aquilo que falta fazer”, acrescentou.

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Para Lula, além das 14 mil obras que estão paralisadas e devem ser retomadas no país, o governo aposta na indústria de hidrogênio verde no Nordeste brasileiro e na possibilidade de firmar parcerias com outros países para construir usinas eólicas, de biomassa e de energia solar.  

Novas críticas à Taxa Selic

O presidente Lula retomou às críticas ao patamar da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, porque ele encarece o crédito e dificultar os investimentos no país. A Selic está no maior nível desde janeiro de 2017, quando atingiu, também, 13,75% ao ano. Em março passado, pela quinta vez seguida, o Banco Central manteve a taxa, que permanece nesse nível desde agosto de 2022. 

“A verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro e esse dinheiro tem que circular não apenas na mão de poucos, na mão de todos. É por isso que eu digo sempre que a solução do Brasil é a gente voltar a colocar o pobre no orçamento, é a gente garantir que as pessoas pobres possam participar, porque quando eles [os pobres] virarem consumidores, eles vão comprar”, disse Lula, declarando que o consumo impulsiona a atividade econômica e a geração de empregos. 

Reforço na parceria Brasil-Portugal

O Fórum Empresarial Portugal-Brasil está acontecendo no Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Portugal, instituição que colaborou com a Embraer no projeto do avião cargueiro KC-390 e mantém parcerias com diversas empresas e entidades brasileiras ligadas à tecnologia e inovação no Brasil. 

A Embraer tem investimentos da ordem de US$ 500 milhões em Portugal, na OGMA Indústria Aeronáutica de Portugal, e em duas fábricas no Parque Industrial de Évora. Um contrato entre a Embraer e o governo português prevê a entrega de cinco aeronaves KC-390 à Força Aérea Portuguesa. Uma por ano, a partir de 2023, pelo montante de 872 milhões de euros. 

“O Centro de Engenharia e Desenvolvimento representa muito bem a cooperação empresarial que queremos impulsionar com o encontro de hoje, uma cooperação voltada para o futuro, a tecnologia, as energias renováveis, a mobilidade urbana e a saúde”, disse o presidente Lula. 

Para ele, “a prioridade do governo é retomar o desenvolvimento e a inclusão social no país de forma sustentável. A transição ecológica e energética é também uma oportunidade de fazermos isso com empregos verdes na área de energia renovável, onde temos imenso potencial solar e eólico e no reaproveitamento de resíduos e na recuperação de 30 milhões hectares de pastagem em terra degradadas. Estamos retomando o combate ao desmatamento e voltamos a prevenir de verdade os crimes ambientais”.

O presidente destacou ainda que Portugal é a porta de entrada do Brasil na Europa e, por isso, acredita que as parcerias serão vantajosas para ambos os países. “Nada melhor que a gente estabelecer uma relação com Portugal e daqui produzir juntos e de Portugal exportar para outros países europeus, é muito mais fácil, é só estabelecer essa relação que falta”, disse. 

A Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, e a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep) renovaram, no Fórum, protocolo de entendimento entre as duas entidades de promoção. 

Brasileiros já são quase 300 mil

Cerca de 252 mil brasileiros residem hoje legalmente em Portugal, de acordo com o governo brasileiro. Isso não contabiliza os brasileiros com nacionalidade portuguesa ou outra nacionalidade europeia. Estimativas das repartições consulares do Brasil em Portugal, apontam que a comunidade brasileira poderia estar entre 275 mil e 300 mil pessoas. 

Mas Lula quer o retorno de parte dessas pessoas ao Brasil. “Estou feliz com aqueles que estão aqui porque vieram para trabalhar, vieram aqui para investir. Aqueles que vieram porque o Brasil não oferece oportunidade, eu quero levá-los de volta, oferecendo oportunidades”, disse, explicando seus planos de incentivar a indústria nacional. 

Como exemplo, o presidente da República lembrou que, entre 2003 e 2010, a indústria naval brasileira passou de três mil para 82 mil trabalhadores com a construção de navios para a Petrobras.

“Agora estamos importando da China coisa que nós sabemos fazer. Nós tínhamos estabelecido no Brasil que 65% dos componentes desses navios, dos componentes da plataforma, das sondas, seriam todos produzidos no Brasil. E acabando isso, acabou a pequena e média empresa, acabaram os pequenos fornecedores, que só para Petrobras eram quase 65 mil empresas que forneciam”, explicou. 

No ano passado, o comércio entre Brasil e Portugal foi de US$ 5,26 bilhões, um aumento de 50,8% em relação a 2021. Portugal é hoje o 17º país que mais importa produtos do Brasil, e o 45º na lista de países que mais exportam para o Brasil. 

Em 2022, O petróleo representou 59% do volume total das exportações do Brasil para Portugal, ficando em primeiro lugar entre os produtos enviados. Produtos agrícolas – soja, milho e outros – responderam por cerca de 20% do total exportado. Já os produtos agrícolas portugueses, especialmente azeite e vinho, atingiram cerca de 45% das importações feitas pelo Brasil. O setor de componentes para aeronaves subiu para 13% do total de produtos importados.

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