Nesta segunda-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro sobrevoou as áreas afetadas pelas fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife, desde a semana passada. O presidente manifestou pesar pelas 91 vítimas já confirmadas e afirmou que o governo irá continuar a oferecer a ajuda à população, iniciada na última sexta-feira (27), com o aumento do volume de chuvas na região.
“Fizemos um sobrevoo em parte da área atingida, não conseguimos avançar, tentei pousar, mas a recomendação dos pilotos era que, tendo em vista a consistência do solo, poderíamos ter um incidente. Então, resolvemos não pousar”, disse Bolsonaro depois de um voo de cerca de 30 minutos, em entrevista coletiva na Base Aérea do Recife.
Já são 14 municípios em situação de emergência, enquanto outros 63 municípios estão sob monitoramento. Os desabrigados em pontos de apoio localizados próximos às regiões afetadas ja passa de 4 mil pessoas.
“Todos estamos, obviamente, tristes, manifestamos nosso voto de pesar aos familiares. Nosso objetivo maior é confortar os familiares e, com meios materiais, também atender à população”, disse Bolsonaro. “Tivemos problemas semelhantes em Petrópolis, no sul da Bahia, mais ao norte de Minas [Gerais], estive ano passado no Acre também. Infelizmente essas catástrofes acontecem”, afirmou na coletiva de imprensa para apresentar as respostas do governo.
O presidente estava acompanhado dos ministros do Desenvolvimento Regional, Daniel Ferreira, do Turismo, Carlos Brito, da Saúde, Marcelo Queiroga, da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, da Cidadania, Ronaldo Bento, além do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e outras autoridades, que prestaram conta das ações para amparar a população.
“A primeira coisa é que ainda tem previsão de chuvas para os próximos dias. Então, as medidas de autoproteção têm que ser mantidas. As pessoas têm que receber e respeitar os alertas da Defesa Civil, tanto municipal, quanto estadual”, orientou o ministro Daniel Ferreira, anunciando para hoje edição extra do Diário Oficial da União (DOU) com o reconhecimento de decretos de emergência já expedidos pelos municípios, publicados e inseridos no sistema. A medida vai facilitar a liberação de recursos do governo federal.
Segundo Ferreira, duas medidas provisórias, publicadas no início do período de chuvas, abriram crédito especial de cerca de R$ 1 bilhão para atender os municípios de todo o país atingidos por esse tipo de catástrofe.
Parte dos recursos será usada no atendimento humanitário à população afetada com doação de cestas básicas, kits de higiene e colchões para os desabrigados. O dinheiro também será destinado ao restabelecimento de serviços essenciais, como energia elétrica, abastecimento de água e limpeza urbana.
“Em um momento posterior, a gente parte para a reconstrução de infraestrutura pública destruída e também nas casas que foram parcial ou totalmente destruídas pelo desastre”, disse o ministro.
Adiantamento do BPC e liberação do FGTS entre as medidas
O Ministério da Cidadania está oferecendo alojamentos provisórios para as famílias atingidas e, de acordo com o titular da pasta, Ronaldo Bento, o governo irá antecipar o Benefício de Prestação Continuada (BPC), além do adiantamento de um pagamento do benefício, em forma de empréstimo, que poderá ser devolvido em 36 vezes, sem juros. “Vamos colocar à disposição dos beneficiários do BPC para que façam a antecipação, bem como peguem mais uma parcela do benefício”, destacou o ministro.
O governo também vai liberar o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) logo após a confirmação do estado de emergência por parte do Ministério do Desenvolvimento Regional. “Hoje a Caixa está atuando em 107 municípios em todo o país, ou seja, todos os municípios que já tenham comunicação do estado e do MDR faremos imediatamente liberação do FGTS, em até cinco dias”, disse o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães. Ele informou ainda que o banco vai adiar por três meses o recebimento de parcelas de empréstimos de pessoas físicas, micro e pequenas empresas.
Crítica a Paulo Câmara
Bolsonaro não deixou de citar a ausência do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, na coletiva de imprensa. Ontem (29), durante um balanço do temporal, Câmara afirmou que não recebeu nenhum aviso oficial sobre a visita do presidente ao Estado. “Em todos os momentos em que os governadores ou prefeitos nos procuraram nós atendemos. Acho que faltou iniciativa da parte dele também”, afirmou, dando seu tom crítico, em ano eleitoral, à oposição.
“Se o governador estava fazendo alguma coisa, não sei. Talvez, achava melhor não estar aqui. No momento de crise, você vai atrás para ajudar, não fica esperando ser chamado dentro de casa. Caso o governador estivesse presente, poderia, com muito mais propriedade, expor a situação”, disse Bolsonaro, acrescentando que falará com Câmara se receber ligação.