No Recife, Lula entregará habitacional iniciado há 15 anos e fará anúncios para Suape

Presidente também anunciará campi do IFPE e da UFPE em agendas que podem ter componentes políticos por conta das eleições no Recife
Agenda administrativa do presidente Lula junto ao prefeito João Campos também poderá ter componentes políticos pouco antes das eleições. Foto: Rodolfo Loepert/Arquivo

A primeira semana do segundo semestre começa com agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Recife. Nesta terça-feira (2), o petista estará na capital pernambucana para fazer anúncios para a educação, para o Porto de Suape e para a área habitacional, o que inclui a entrega de unidades iniciadas há 15 anos e que passaram por longos períodos de paralisação nas obras. Além do teor institucional, a visita também poderá ter componentes políticos em meio a definições do PT sobre o nome do partido a ser indicado como pré-candidato a vice na chapa do prefeito João Campos (PSB), que tentará a reeleição em outubro.

A primeira etapa da agenda começará às 15h30, com a entrega de 448 unidades habitacionais, das quais 128 são do Conjunto Vila Brasil I e 320 do Vila Brasil II, ambos na Ilha Joana Bezerra, na área central da cidade. Os apartamentos possuem 44,5 metros quadrados e contam com sala, cozinha, área de serviço, dois quartos e banheiro. De acordo com a Prefeitura do Recife, o Vila Brasil I terá ainda uma quadra esportiva.

As unidades serão destinadas a moradores da comunidade do Papelão, na mesma região, e passaram por sorteio em abril deste ano, priorizando pessoas com deficiência e pessoas idosas nos andares mais baixos e mantendo laços de proximidade e outras dinâmicas comunitárias. Segundo a gestão municipal, após a mudança das famílias para os apartamentos, a área da comunidade passará por ações de urbanização do Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental (Promorar).

Construção dos habitacionais Vila Brasil I e II contou com R$ 38 milhões em investimentos do Governo Federal e da Prefeitura do Recife. Foto: Rodolfo Loepert/Arquivo

Habitacionais saem do papel depois de 15 anos afetados por paralisações

O Habitacionais Vila Brasil I e II contaram com R$ 38,6 milhões em investimentos do Governo Federal e da Prefeitura do Recife. O emblemático, porém, foi o tempo entre o início e o fim da obra. O Vila Brasil I foi anunciado em 2009, ainda na administração do prefeito João da Costa (PT). Em 2013, as paralisações passaram a ser uma realidade no canteiro de obras em decorrência dos elevados gastos em relação ao orçamento inicial e de contingenciamentos de recursos federais. O Vila Brasil II foi licitado a partir de 2014 e enfrentou o mesmo entrave. Os repasses só voltaram a ser regularizados em 2021, mas, ainda assim, desatualizados em relação ao remanescente das obras.

Desde 2023, porém, com maior alinhamento entre os governos Federal e municipal, o ritmo de entregas aumentou. Em maio do ano passado, 336 unidades do Habitacional Ruy Frazão, no bairro de Afogados, no Recife, chegaram às mãos de seus moradores. Foi a primeira obra do Minha Casa, Minha Vida – Entidades entregue na capital pernambucana. Em dezembro, outro empreendimento que também havia sido marcado por paralisações, o Habitacional Sérgio Loreto, no bairro de São José, saiu do papel, com 224 unidades.

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No mesmo mês, a população também recebeu os habitacionais Encanta Moça I e II, no bairro do Pina, com total de 600 apartamentos. O projeto é parte de um complexo que também contará com um parque urbano, um Centro Comunitário da Paz (Compaz) e outros equipamentos na área onde funcionava o antigo Aeroclube de Pernambuco, desmobilizado devido à implantação da Via Mangue, obra concluída em 2014. Apesar de os habitacionais serem mais recentes – foram anunciados em 2020, no fim do segundo mandato do ex-prefeito Geraldo Julio (PSB) –, também enfrentaram ritmo lento em alguns estágios da obra por conta de contingenciamentos federais.

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Mais alinhada ao Governo Federal, gestão do prefeito João Campos vem fazendo entregas de habitacionais. Foto: Rodolfo Loepert/Arquivo

Agenda ainda prevê anúncios para IFPE, UFPE e Porto de Suape

No mesmo ato da entrega dos habitacionais, o presidente Lula anunciará os novos campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) no Centro do Recife e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Sertânia, no Sertão do estado. Essa parte da agenda será cumprida ao lado do prefeito do Recife, João Campos, que, recentemente, enviou projeto de lei desapropriando os edifícios Trianon e do Cine Art-Palácio para posterior cessão ao Governo Federal com a finalidade de viabilizar a implantação do campus.

Já às 17h30, ao lado da governadora Raquel Lyra (PSDB), no Palácio do Campo das Princesas, Lula deve fazer o anúncio local dos acordos indenizatórios que beneficiarão 14 mil famílias proprietárias de apartamentos em 431 prédios do tipo caixão com risco iminente de desabamento na Região Metropolitana do Recife. A medida consolida acerto feito no mês passado, em Brasília, entre a Advocacia-Geral da União (AGU), a Caixa Econômica Federal, a Confederação Nacional das Seguradoras, o Ministério Público estadual e o Governo de Pernambuco. A medida prevê R$ 1,7 bilhão em indenizações, com até R$ 120 mil por unidade.

Por fim, também na sede do Governo de Pernambuco, Lula e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), assinam o termo de repasse de recursos para a execução da quarta etapa do molhe e para a dragagem do canal interno de Suape. Conforme anúncio feito em maio pela administração do porto, essa etapa terá investimentos de R$ 123 milhões e deve ser concluída até 2028. O objetivo é reforçar a segurança das operações do atracadouro, o que, em suas primeiras três fases, já demandou aportes de mais de R$ 600 milhões.

A governadora Raquel Lyra e o presidente Lula celebram a assinatura do acordo para prédios-caixão Foto: Ricardo Stuckert/PR
A governadora Raquel Lyra e o presidente Lula celebraram a assinatura de acordo para prédios-caixão no mês passado. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Visita de Lula ocorre após definições do PT sobre vice no Recife

Interlocutores vêm negando que Lula falará de política em Pernambuco, mas o gestor costuma deixar recados nas entrelinhas em seus discursos. Além disso, a visita ocorre em um contexto de agendas do presidente para reforçar pré-candidaturas aliadas. Nos últimos dias, ele esteve em estados como Piauí, Maranhão, Ceará e Minas Gerais. Nesta semana, deve passar por Bahia, Rio de Janeiro e Goiás.

A agenda no Recife ocorre na semana seguinte à definição de Mozart Sales como nome indicado pelo PT para compor o posto de vice na chapa do prefeito João Campos à reeleição, embora se afirme, nos bastidores, que o martelo sobre esse assunto só será batido entre o fim de julho e o início de agosto, em reunião entre Lula e João Campos em Brasília.

Nos últimos meses, os petistas chegaram a fazer um processo de consulta interna que havia definido, além de Sales, o nome do deputado federal Carlos Veras (PT) como pré-candidato. Na última quinta (27), porém, o parlamentar anunciou a retirada de sua postulação argumentando que é necessário reforçar a unidade interna e afunilar as opções sugeridas a Campos.

Essa percepção foi reforçada pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que esteve no Recife, na semana passada, para receber o título de cidadã da capital pernambucana. “A gente teve recentemente essa definição [do nome de Mozart Sales]. Então, ficava difícil uma definição do PSB sem uma definição do PT. Acho que, a partir de agora, tendo apresentado os nomes, a gente tem que compor, conversar com essa frente. Então, tem que ter o tempo, agora, para a gente conversar. É natural do processo. Temos até as convenções para isso”, afirmou.

Mozart Sales é assessor do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT). Por ocupar um cargo vinculado à Presidência da República, só precisará se desincompatibilizar da função até o próximo sábado (6), diferentemente de outros postulantes, que precisaram deixar seus cargos em abril ou em junho. Foi o caso do ex-chefe de gabinete do prefeito, Victor Marques (PCdoB), e da ex-secretária municipal de Infraestrutura, Marília Dantas (MDB), que pediram exoneração da Prefeitura do Recife no início do mês passado. Eles são cotados para ocupar a vaga de vice na chapa de João Campos caso esse posto não seja concedido ao PT.

Leia também: Novas unidades do Minha Casa, Minha Vida terão placas de energia solar

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