Governo de PE lança “plano operacional” para ações sustentáveis

A intenção do documento é instituir uma política pública que resulte num desenvolvimento mais sustentável, levando em consideração os aspectos econômicos, sociais e ambientais
A governadora Raquel Lyra no lançamento do documento que cita ações práticas para o desenvolvimento sustentável de Perambuco. Foto: Hesíodo Goes/Secom

A sustentabilidade como o principal eixo de desenvolvimento econômico é o que propõe o plano lançado nesta segunda-feira (1º) pelo governo de Pernambuco com propostas práticas para que o Estado faça a transição para uma economia regenerativa. O evento de lançamento ocorreu no cinema do Porto Digital, no Bairro do Recife, com representantes da Academia, empresas e profissionais da área de meio ambiente.

Intitulado “Plano de Ação e Modelo de Governança para a Promoção de Economia Sustentável de matriz regenerativa e inclusiva em Pernambuco”, o documento propõe um “plano operacional” integrando as ações a serem desenvolvidas pelo Estado – e algumas que já estão em curso – levando em consideração três pilares: o meio ambiente, o desenvolvimento social e uma boa governança.

O guia prático faz parte do Plano Pernambucano de Mudança Econômico-Ecológica (PerMeie), política pública lançada na COP-28, em Dubai, no final de novembro do ano passado, pelo governo de Pernambuco. “Nós lançamos hoje o plano operacional em cima do PerMeie, e esse planejamento está dividido em cinco eixos, que vão desde um trabalho com a economia da biodiversidade da Caatinga até a questão da necessidade do planejamento e desenvolvimento urbano de maneira sustentável. É um guia para que possamos colocar em prática o que Pernambuco espera de nós, permitindo que o nosso Estado possa crescer de maneira sustentável, no modelo que é ambientalmente adequado”, definiu a governadora Raquel Lyra (PSDB).

A governadora citou como exemplo de uma das ações neste sentido o Sertão Vivo, que vai resultar num investimento de R$ 300 milhões, fazendo com que 75 mil famílias de agricultores do semiárido trabalhem com agroecologia, mantendo as árvores nativas da caatinga de pé. Os recursos são financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).  

A caatinga também será um bioma valorizado nestas novas ações. Há estudos que indicam que este bioma pode ter uma captação de carbono mais eficiente do que o bioma da Amazônia, segundo a governadora Raquel Lyra e a secretária do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Fernando de Noronha, Ana Luiza Ferreira. 

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O plano detalha, por exemplo, propostas norteadoras para a materialização da transição sustentável e oportunidades econômicas, como os projetos em energia renovável e bioeconomia; agricultura sustentável e regenerativa; e as soluções baseadas na natureza. A intenção do documento é apresentar um planejamento estratégico, que faça uma transição para uma economia sustentável e regenerativa. Economia regenerativa é aquela que se baseia em noções como a colaboração, a abundância e regeneração dos sistemas e também está relacionada à economia circular.

Elaborado pela Ceplan Consultoria, o plano traça uma estratégica de ações e iniciativas, de curto e médio prazos, que devem ser priorizadas para um novo modelo de desenvolvimento sustentável. “Agora, a meta não é ser zero em gases do efeito estufa, mas ser positivo na natureza. Isso vai corrigir uma visão de que vale tudo para zerar as emissões e ter energia limpa”, diz a  secretária Ana Luiza Ferreira, acrescentando que este setor precisa estar socialmente e ambientalmente organizado. 

Para ela, na atração de investimentos, esta nova concepção não leva em consideração somente o PIB (a geração de riqueza) e a geração de emprego a qualquer custo, mas também analisada, de forma integrada, as questões sociais e do meio ambiente. “Este é o novo desenvolvimento que a gente quer para Pernambuco”, comentou Ana Luiza. 

A economista e sócia-diretora da Ceplan Consultoria Tânia Bacelar argumentou que o documento é um planejamento estratégico disruptivo com iniciativas que vão virar a chave do modelo de desenvolvimento. “Não é uma iniciativa só do governo. Não se faz uma ruptura deste tamanho só com o governo. É preciso um processo de diálogo com a sociedade”, explicou. Durante o evento, ela pediu uma salva de palmas para o economista Clóvis Cavalcanti, que foi um dos primeiros economistas a defender ações sustentáveis em Pernambuco. 

Para elaborar o documento, foram realizadas 40 entrevistas qualitativas – com profissionais das mais diversas áreas de empresas e instituições públicas – e a realização de duas oficinas com a participação de profissionais reconhecidos nas suas áreas de atuação. “Planejamento estratégico cria um futuro construindo uma alternativa com a natureza de pé num ciclo econômico”, apontou o escritor Jorge Caldeira, que lançou, recentemente, o livro “Brasil: paraíso restaurável”, que converge exatamente com o PerMeie e o plano de ação.

Tanto Caldeira como o economista Eduardo Gianetti foram convidados a participar do evento que marcou o lançamento do documento. “O meio ambiente e a função social são transversais e têm que estar presentes em todas as ações do governo. Este documento traz essa característica. Tem que ter um compromisso com a execução das ações. Papel não resolve problema, o que resolve é trabalho”, comentou no Eduardo Gianetti no seu discurso.

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