Intenção de consumo das famílias avança 1% em PE após 3 meses

Saiba o panorama atual da intenção de consumo no mercado estadual, indicador que tem relação direta com os negócios do comércio e serviços
Intenção de consumo: o economista da Fecomércio, Rafael Lima, analisa melhoria na expectativa do consumidor
Rafael Lima, da Fecomércio-PE, destaca reação na intenção de consumo, apesar da percepção negativa em relação ao emprego/Foto: Fecomércio-PE

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), neste mês, registrou a primeira reação após três meses consecutivos de recuo em Pernambuco. O crescimento, embora modesto, de apenas 1%, é um alento para o setor terciário no atual cenário econômico do país. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (22) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-PE).

A entidade produz seu recorte sobre a intenção de consumo no mercado estadual a partir da pesquisa nacional elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 

O levantamento feito pela Fecomércio também aponta melhoria no índice geral de consumo, de 4,3%. Na análise por renda, o maior avanço nesse outro indicador é observado nas famílias que recebem até 10 salários mínimos (4,9%).

Quando a avaliação é feita em relação ao médio prazo, os resultados mostram um consumidor mais retraído. A perspectiva de consumo apresenta queda de 0,8%, indicando expectativas conservadoras em relação aos gastos futuros.

Intenção de consumo melhora, mas percepção do emprego é negativa

Em relação à percepção sobre o emprego, o levantamento da Fecomércio mostra estabilidade entre os consumidores, mantendo-se a visão pessimista em relação ao mercado de trabalho em Pernambuco.

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Essa percepção coincide com um momento em que Bahia (14%) e Pernambuco (12,4%) lideram nacionalmente as taxas de desemprego registradas no primeiro trimestre deste ano. Os dados fazem parte da edição mais recente da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Aumento do poder de compras impacta intenção de consumo

Se por um lado o sentimento do consumidor é negativo em relação ao emprego, quando questionado sobre o poder de compra, a reação é positiva. A avaliação da renda atual melhorou 2,1% em relação à pesquisa anterior.

Essa melhoria reflete, entre outros fatores, a queda da taxa de juros, o aumento real do salário mínimo em 2024, de 3%, e a redução no endividamento, como resultado do programa de renegociação de dívidas do governo federal – o Desenrola Brasil. Esses pontos também ajudam a entender o crescimento no índice de consumo das famílias.

Intenção de consumo reflete maior acesso ao crédito

Na área do crédito, a situação é percebida como melhor, num avanço de 4,5% em relação ao último levantamento.

Esse entendimento, mais forte nas famílias que recebem até 10 salários mínimos, decorre da redução dos juros e do recuo no endividamento, situação que permite a muitos lares voltarem a ter acesso a linhas de financiamento para compra de bens e serviços.

O que diz o comércio sobre percepção do crédito?

Para o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, “a melhora do crédito é percebida por todos os consumidores em Pernambuco, assim como nos demais estados, mas as famílias com renda menor estão conseguindo se beneficiar mais dessas condições de pagamento”.

Ele destaca que, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), também apurada pela confederação, “a inadimplência entre os mais pobres vem reduzindo, melhorando a reputação dos consumidores perante as instituições financeiras, o que facilita a concessão de crédito”.

Já o economista Rafael Lima, da Fecomércio-PE, ressalta que “apesar das expectativas conservadoras no consumo futuro e emprego, a melhora no acesso ao crédito, beneficiando especialmente as famílias de menor renda, permite um aumento no consumo atual e na percepção de renda, depois de um trimestre ruim”.

Intenção de consumo tem cenário preocupante para 2024

Rafael Lima, apesar de reconhecer a importância pontual da reação na intenção de consumo, avalia como preocupante o panorama para o restante do ano no varejo. Para ele, o crescimento verificado em maio pode ter sido apenas um alívio momentâneo.

“Vejo um cenário mais conservador daqui para a frente. Isso porque uma possível aceleração da inflação, decorrente de um cenário externo e de aumento da taxa de juros nos países desenvolvidos, vai influenciar tanto a taxa de juros quanto a inflação no Brasil”, explica.

Outro elemento de preocupação, para o especialista, é o mercado de trabalho, que tem relação direta com poder de compra e, em consequência, com a disposição da sociedade para as compras.

“Em Pernambuco, seguimos com uma das piores situações da empregabilidade no país. Os números do Caged evidenciam alguma recuperação no setor terciário, mas um comportamento negativo na indústria e agronegócio em março. Isso pode se somar a uma eventual aceleração da inflação e criar um quadro desfavorável ao consumo e, portanto, ao comércio e serviços como um todo”, conclui.

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