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Estado perde 2.300 indústrias e FIEPE defende revisão na política de incentivos fiscais

Incentivo fiscal tem que ser concedido com base na demanda, não na oferta diz FIEPE. Industria pernambucana já perdeu 91 mil postos de trabalho.
Industria
Pequenas indústrias sofrem sem acesso ao crédito/Foto: José Paulo Lacerda

“As decisões para concessão de incentivo fiscal para Pernambuco precisam ser tomadas com base na demanda, não na oferta”.  A frase é Felipe Coelho, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE). Coelho tem repetido isso nos últimos tempos e nesta segunda-feira, disse mais uma vez durante a reunião dos empresários do setor Industrial com o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara.

O vice-presidente da FIEPE ressaltou que Pernambuco perdeu mais de 2.300 (exatas 2.301) indústrias nos últimos sete anos devido à dificuldade de acesso ao crédito. “Em paralelo, chegam ao estado grandes indústrias estimuladas por incentivos fiscais que acabam provocando o fechamento de empresas menores que empregam bem mais gente”, disse.

Felipe Coelho vice-presidente da Fiepe
Felipe Coelho: incentivos com responsabilidade/Foto: divulgação FIEPE

Coelho defende que os governos analisem melhor a economia para que possam se decidir por incentivar empreendimentos que venham somar, não subtrair. “Em Igarassu (cidade da Região Metropolitana do Recife) foi inaugurada recentemente uma grande indústria que vai contribuir para fechar outras 10 do mesmo segmento. Serão milhares de empregos perdidos contra 250 a serem criados pela nova operação”, reclamou.

Indústrias sem crédito

Para complicar o cenário, as pequenas indústrias, que faturam até R$ 16 milhões e correspondem a mais de 95% do setor industrial pernambucano, não estão tendo acesso ao crédito. São empresas que operam de forma obsoleta. Sem recursos, não conseguem ter produtividade e ficam sem competividade. “Essas empresas precisam urgentemente renovar seu maquinário”, defende Massimo Cadorim, presidente do Centro das Indústrias de Pernambuco (CIEPE), organização aliada à FIEPE.

“Quando chega ao estado uma grande indústria incentivada, vem para concorrer de forma desigual com as que estão lutando para sobreviver”, também reclama Ricardo Essinger, presidente de FIEPE. Há anos o setor da indústria se queixa do processo de concessão de incentivos fiscais e atribui a isso grande parte das demissões ocorridas nos últimos anos. Pelos cálculos da federação, 91 mil vagas foram fechadas com o encerramento das atividades das 2.301 indústrias.

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“Saber do que o estado precisa, dos setores que necessitam reforço, antes de liberar novos incentivos, é importante para não decidir errado, sob pena de acabar com o que funciona aqui”, disse Essinger.

Isonomia e burocracia

Outro problema levantado por Ricardo Essinger, é a falta de isonomia na concessão de crédito. “É importante que o BNB atenda de forma mais igualitária a todos os empresários da região. “Há um ditado que diz que Banco do Nordeste é o banco do cearense. Agora que temos um presidente pernambucano, esperamos que o Banco do Nordeste se torne o banco de todos os nordestinos”, disse.

O diretor administrativo da FIEPE, Bruno Veloso, lembrou que menos de 3% das pouco mais de 14 mil indústrias ativas em Pernambuco conseguiram algum crédito através do BNB. “Isso, por si só, mostra que há barreiras burocráticas. Diante desses dados, é preciso saber qual o percentual de verbas do BNB que vem sendo destinado a essas PMEs, que representam a maior parte da indústria local”, destacou.

A burocracia é outra queixa antiga. “Há preceitos burocráticos que não existem em outros bancos privados e seria bom o BNB revê-los”, sugeriu o segundo vice-presidente da Fiepe, José Antônio de Lucas Simón.  

BNB

Paulo Câmara, um ex-governador de Pernambuco que agora está do outro lado do balcão, reagiu às queixas anunciando alguns avanços. “O BNB está ciente da necessidade de modernizar seus sistemas para reduzir a burocracia na concessão de crédito”, posicionou-se, acrescentando que já foi dado início a esse processo.

Fiepe
Paulo Câmara, Ricardo Essinger e Massimo Cadorim debatem problemas da indústria/Foto: divulgação FIEPE

“Recentemente, foi aprovado um orçamento significativo para melhoria de gestão, o que pode muito facilitar a questão dos entraves ao longo da tramitação de projetos”, declarou. A desburocratização será uma das bandeiras de sua gestão.  “Quero dar muita ênfase a isso. Precisamos criar um ambiente de negócios onde as regras sejam claras e tenham segurança jurídica. Precisamos simplificar e dar a clareza e o horizonte que o empresário precisa para obter de forma célere o financiamento”, disse.

Câmara que antes estava no papel de buscar crédito enquanto governador, agora pode conceder. E o que os industriais esperam é que ele, como conhecedor da realidade do estado, que faça uma gestão mais generosa e menos burocrática.

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