Sem o governo do Estado, qual será o papel do PSB Pernambuco em 2024?

Desfiliações, perda de espaço e de apoio, o que esta acontecendo com o PSB pernambucano?
Time do PSB cm Lula
Da esquerda para a direita: Paulo Câmara, Lula, Danilo Cabral e João Campos – Foto: Helder Tavares

O PSB é, sem sombra de dúvida, um partido que conta com prestígio e força política junto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O vice-presidente, Geraldo Alckmin, faz parte da sigla. No entanto, se a vitória de Lula fortaleceu o partido no âmbito nacional, o diretório estadual de Pernambuco parece ter saído enfraquecido do processo eleitoral. Não só pela derrota de Danilo Cabral na disputa majoritária, que entregou o Governo do Estado à tucana Raquel Lyra, mas por movimentos recentes inusitados.

Um deles foi a desfiliação do ex-governador Paulo Câmara, que após comunicar a saída do partido, foi convidado a assumir a presidência do Banco do Nordeste. Outro episódio foi o convite feito pelo presidente Lula à deputada Maria Arraes (SD-PE), irmã da ex-petista Marília Arraes, que assumiu a vice-liderança do Governo na Câmara Federal. Esses movimentos estariam apontando para um isolamento, por parte de Lula, ao comando do PBS no estado?

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Mesmo contado com pessebistas como Felipe Carreras e Tadeu Alencar no seu governo, Lula parece mandar um sinal para João Campos e Geraldo Julio, que se uniram num lado oposto a Paulo Câmara. Isso teria levado o prefeito do Recife a uma reação contraditória ao seu discurso de campanha: trazer o PT para sua gestão

O herdeiro de Eduardo Campos fez esse movimento após perder o apoio do PP na Câmara do Recife, comprometendo as bases de sustentação para conquistar sua reeleição, reestruturar a Frente Popular de Pernambuco e tocar projetos que deseja implementar com auxílio do Governo Federal. O PP está agora na base da governadora Raquel Lyra.

Sigla rachada

Um nome forte na base da governadora Raquel Lyra falou reservadamente ao ME, declarando que o maior problema do PSB atualmente é o racha, a grande divisão interna do partido, que dificulta a formação de alianças fortes e a unidade política.

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“O PSB vai ter que se entender com o PT. Os partidos vivem entre tapas e beijos. Em 2020 foi chute na canela, tapa na cara, dedo no olho, então acho difícil essa aproximação. Podemos perguntar ao prefeito sobre os ataques que fez ao PT em 2020. Mudou de opinião só porque Lula se elegeu?”, questiona o político.

O PSB e a Frente Popular

Outro influente ator político do estado declarou ao Movimento Econômico, reservadamente, que a derrota “acachapante” que deixou o PSB fora da disputa do 2º turno fragilizou muito o diretório do partido em Pernambuco.

“Como o PSB vive um clima de disputa com São Paulo, e pela dificuldade que Paulo Câmara teve de se articular no âmbito nacional, Pernambuco perdeu força nacionalmente”, disse a pessoa em reserva.

A mesma pessoa afirma que os diretórios do Recife e de Pernambuco aprovaram o arranjo que garante ao PT o comando das secretarias de Habitação e de Meio Ambiente na Prefeitura do Recife, mas alerta para um possível problema no convencimento das bases partidárias para votarem no PSB em 2024.

“No processo de eleição de Danilo Cabral, a direção foi, mas a base, não. A base do partido não votou em Danilo e quer candidatura própria do PT à Prefeitura. Esse é o grande desafio para os quadros de direção convencerem as pessoas de que têm que apoiar João Campos depois daquela esculhambação todinha com Lula e o PT”, disse o membro do Partido dos Trabalhadores, que enxerga uma eleição dura para o partido no Recife e em outras prefeituras de Pernambuco.

Ponto de vista

O deputado federal Carlos Veras (PT-PE), no entanto, tem outro ponto de vista: “O PSB está muito bem colocado nacionalmente com Alckmin, mas o PSB-PE também está bem colocado, com Tadeu Alencar na secretaria Nacional de Segurança Pública e Felipe Carreras na liderança da bancada do partido no Congresso. Aos poucos, o PSB vai retomando seu protagonismo local e nacional”, declarou o deputado.

Veras diz que é importante acompanhar o processo de arranjos políticos no período pós-eleições – nas urnas e na Alepe – visto que após o resultado do pleito, é natural que a governadora eleita e seu partido passem a ganhar mais protagonismo, provocando algum grau de decaimento na relevância do PSB.

Atualmente, o PSB se configura como o partido com a maior bancada da Alepe. A sigla deu apoio à eleição de Álvaro Porto à presidência da casa, mas acabou perdendo a primeira-secretaria da Mesa Diretora por falta de entendimento interno. Mesmo sendo do PSB, o deputado estadual Aglaílson Victor (PSB) não conseguiu o apoio da legenda para disputar a eleição a primeiro-secretário contra Gustavo Gouveia (Solidariedade). 

A disputa, agora, gira em torno das comissões, especialmente as de Finanças e Orçamento, de Administração e de Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), as mais importantes da Assembleia, que estão na mira do PSB e também do grupo político da governadora Raquel Lyra, dada sua relevância na tramitação dos principais projetos que passam pela Alepe.

Renovação de quadros

Para Fernanda Maria, cientista política com especialização em comunicação eleitoral e marketing político, a derrota eleitoral na disputa pelo comando do Estado não tira a estabilidade do PSB em Pernambuco, mesmo que o partido não tenha conquistado nenhum cargo na eleição majoritária. 

João Campos e Pedro Campos, do PSB
O prefeito João Campos e o irmão Pedro Campos, novas lideranças do PSB com missão de fortalecer o partido/Foto: divulgação

“Podemos analisar o PSB como um partido estável em Pernambuco, já que foi o mais contemplado à Alepe nas últimas eleições, mas, se tratando da ausência de protagonismo dos ex-prefeito da capital e ex-governador, de fato, deve se tratar de um novo arranjo do partido. A impressão que se tem é de um distanciamento de João com o Governo Federa”, disse a analista.

Priscila Lapa, que também é cientista política, enxerga uma tendência de perda de protagonismo de algumas lideranças, enquanto outras, novas, surgem no cenário local, e relegam a um “segundo plano” outras figuras já conhecidas. Nesse movimento, João Campos estaria, na visão de Priscila, “com a faca e o queijo na mão” para se firmar como a maior liderança do PSB no estado, ocupando o espaço deixado por seus antecessores.

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