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A Justiça do Ceará deferiu, nesta segunda-feira (17), o pedido de recuperação judicial da Ducoco Produtos Alimentícios, empresa cearense especializada em derivados de coco, que enfrenta uma dívida superior a R$ 667 milhões.
A decisão, proferida pelo juiz Daniel Carvalho Carneiro, da 3ª Vara Empresarial de Recuperação de Empresas e de Falências do Estado do Ceará, suspende todas as ações judiciais contra a Ducoco e proíbe qualquer bloqueio de seus bens, segundo o Valor Econômico. A empresa tem agora 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, sob pena de falência.
Atualmente, a Ducoco detém cerca de 40% do mercado brasileiro de água de coco e derivados, empregando aproximadamente 800 funcionários nos estados do Ceará e Espírito Santo. Além do mercado interno, a empresa também exporta seus produtos para 24 países, destinando cerca de 10% de sua produção ao mercado internacional.
Fundada em 1982, a Ducoco iniciou suas atividades com uma plantação de cocos no interior do Ceará, inaugurando sua primeira fábrica em Itapipoca. Ao longo dos anos, a empresa expandiu seu portfólio, incluindo produtos como leite de coco, coco ralado e água de coco. Em 1990, a Ducoco investiu US$ 5 milhões para ampliar sua participação no mercado nacional de leite de coco, que já alcançava 20,9% à época.
Crise da Ducoco
A crise financeira da Ducoco é atribuída à insuficiência de investimentos baseados na cessão de títulos de crédito a partir de 2023, à alta nos preços dos principais insumos e ao aumento da taxa Selic, fatores que comprometeram o fluxo de caixa da empresa. Em uma tentativa de captar recursos, a companhia emitiu 128 mil debêntures simples, não conversíveis em ações, porém os valores foram utilizados para pagamento de dívidas existentes, não para fomentar as atividades operacionais.
Em novembro de 2024, a Ducoco demitiu dezenas de trabalhadores em sua unidade de Itapipoca, muitos dos quais alegaram não ter recebido os valores rescisórios devidos. A recuperação judicial visa reestruturar as finanças da empresa, assegurar a continuidade de suas operações e preservar empregos e a cadeia de fornecedores associados.
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