A Hapvida, numa virada de jogo impressionante, reportou lucro líquido (após juros, impostos, amortização e depreciação) de R$ 83,4 milhões no primeiro trimestre deste ano (1T24), revertendo um prejuízo de R$ 342,6 milhões registrado no mesmo período do ano passado. Este foi o melhor resultado da operadora de planos de saúde desde a fusão com o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), em fevereiro de 2022. A empresa é sediada no Ceará.
O lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado é ainda mais supreeendente: somou R$ 1,011 bilhão entre janeiro e março de 2024, crescimento de 60% sobre o mesmo trimestre de 2023. A cifra, recorde na história da companhia, superou em 16% as projeções do mercado financeiro (R$ 864 milhões).
A margem Ebitda – relação entre lucro e receita – foi de 14,5%, um avanço de 5 pontos percentuais na mesma base de comparação.
“Com a adequada gestão das despesas, o Ebitda ajustado superou a marca histórica de R$ 1 bilhão”, comemora o CEO Jorge Pinheiro.
“A geração de caixa robusta e a desalavancagem contínua reforçam a trajetória consistente dos nossos negócios”, acrescenta.
A empresa é a maior do setor, na América Latina, em número de beneficiários, com cerca de 16 milhões de vidas, número que se manteve praticamente estável, com leve queda (0,8%), no comparativo anual.
Entenda o desempenho da Hapvida
Não existe mágica para a performance da Hapvida, num ciclo de dificuldades do segmento em todo o país.
A área de planos de saúde, desde a pandemia da Covid-19, enfrenta encolhimento preocupante da base de clientes, alta de custos e crescimento de fraudes milionárias, entre outros problemas. O prejuízo operacional do segmento entre 2021 e setembro do ano passado chegou a R$ 18 bilhões.
As empresas tentam reagir com aumento das mensalidades e cancelamento unilateral de contratos, criando um nível de conflito sem precedentes com os usuários. Os níveis de judicialização dispararam. A tensão contribui para afugentar ainda mais clientes.
Para sobreviver nesse cenário desafiador e sair do vermelho, a Hapvida adotou como estratégia principal uma gestão financeira e operacional espartana, com rigor máximo.
Hapvida e o terror dos planos de saúde
Com reajuste de preços, austeridade no topo, menor utilização do plano pelos clientes e aumento da terceirização (verticalização), a Hapvida vem conseguindo reduzir de forma contínua a sinistralidade, o terror das operadoras do ramo.
Sinistralidade é a relação entre o custo gerado a cada vez que o plano de saúde é utilizado (sinistro) e o valor que a empresa recebe (prêmio). Quanto maior o índice, pior o resultado.
Não é à toa que esse é um dos principais indicadores da saúde financeira dos planos. Na Hapvida, a sinistralidade foi de 68% nesse balanço mais recente. No quarto trimestre de 2023, a companhia havia divulgado um índice de 69,3%.
“Esse indicador também superou as expectativas e foi o melhor desde a fusão com a GNDI”, diz Jorge Pinheiro.
Endividamento da operadora cai 41%
A queda no endividamento foi outro fator essencial para que a Hapvida conseguisse a performance desse início de ano. A redução na alavancagem foi expressiva.
A dívida líquida passou de R$ 7,5 bilhões no primeiro trimestre de 2023 para os atuais R$ 4,4 bilhões, diminuição de 41,3%
Com isso a relação relação dívida líquida/Ebitda ajustado caiu de 1,38 vezes para 1,13x.
Receita cresce com reajuste e cobranças
Com aumento das mensalidades, combate ostensivo à inadimplência e cobrança implacável de devedores, a receita líquida apresentou melhoria. Houve alta de 3,9%, subindo de R$ 6,72 bilhões entre janeiro e março do ano passado para R$ 7 bilhões. Na comparação com o trimestre anterior, o incremento foi bem menos robusto, próximo da estabilidade: 0,8%.
Ações tiveram a maior alta do dia na Ibovespa
A divulgação do balanço da Hapvida fez com que as ações da companhia fechassem essa terça-feira (14) com alta de 10,42%, maior valorização do dia na Ibovespa. Os papéis foram negociados a R$ 4,45.
Com isso, a empresa ganhou cerca de R$ 3 bilhões em valor de mercado, que atingiu R$ 33,6 bilhões
Quem é a Hapvida?
Criada em 1993, em Fortaleza (CE), a Hapvida é a maior empresa de saúde e odontologia dos países sul-americanos. A companhia, que tem ações listadas em bolsa como HAPV3, fez seu IPO (oferta inicial) em abril de 2018.
A operadora fechou o trimestre com 66 mil colaboradores e 801 unidades assistenciais próprias em todo o país. São 86 hospitais, 76 unidades de pronto atendimento, 345 clínicas e 294 unidades de diagnóstico por imagem e coleta laboratorial.
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