Dezoito cidades da Bahia têm potencial para se tornarem centros de logística. Essa é uma das principais conclusões do Plano Estratégico Ferroviário, divulgado nesta quarta-feira (20) pelo governo baiano, por meio da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI).
De acordo com o estudo, esses municípios já contam com operações do setor, mas, com estímulos dos setores privado e público, podem avançar ainda mais e se transformarem em polos estratégicos de distribuição (hubs) no mercado estadual ou do Nordeste.
A apresentação do plano integrou a agenda do seminário Pensar a Bahia, em que foram mostrados resultados de pesquisas em diversas áreas, como cadeias globais de valor, logística, complexo mínero-industrial, energias renováveis, economia de baixo carbono, fome e pobreza e qualificação profissional, entre outras. Participaram do evento secretários de estado, gestores e especialistas.
A análise sobre os centros logísticos estaduais – realizada como estudo complementar ao Plano Ferroviário – foi desenvolvida pela Fundação Dom Cabral (FDC),
“Esse trabalho, que reforça a vocação natural da Bahia para a logística, mapeou cidades com altíssimo potencial para se tornarem hubs e ampliarem a geração de emprego e renda em seus territórios”, afirma o diretor-geral da SEI, José Acácio Ferreira.
Quais as cidades que podem se tornar centros de logística?
A análise por aglomerados de logística destaca o potencial de Alagoinhas, Barreiras, Brumado, Camaçari, Candeias, Dias D’Ávila, Eunápolis, Feira de Santana, Ilhéus/Itabuna, Jequié, Juazeiro, Lauro de Freitas, Luís Eduardo Magalhães, Mucuri, Salvador, Simões Filho, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista.
O mapeamento foi elaborado a partir de indicadores de fluxos, cargas e diversidade de estabelecimentos do setor.
“São municípios que já têm atividade expressiva do segmento, bem acima da média do estado, e geralmente estão localizados nos entroncamentos rodoviários ou contam com infraestrutura porto-aeroviária“, explica o coordenador da pesquisa Ramon César, da FDC.
“Essas cidades são privilegidas, pela geografia, infraestrutura e outros aspectos e, se receberem fomento ao desenvolvimento logístico, têm chance de alcançar maiores desdobramentos”, acrescenta.
Logística: o que é o Plano Ferroviário da Bahia?
O Plano Estratégico Ferroviário do Estado da Bahia – do qual o mapeamento de municípios com potencial na logísta faz parte – foi elaborado em 2023, pela FDC, por iniciativa da Seplan-BA e Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
O estudo sugere alterações importantes na malha ferroviária baiana, como a implantação do conceito de carga geral, criação de novos ramais e a unificação da bitola (atualmente de um metro), para o padrão nacional que é de 1,60 metros, entre outras recomendações.
Uma área especial da pesquisa é dedicada a uma proposta de acesso ao Porto de Salvador e a tipologias de plataformas logísticas e modelos de governança para os clusters identificados nos municípios.
O plano também apresenta a análise logística de grandes produtos da pauta de importação e exportação do estado, a exemplo da soja, milho, containers e fertilizantes. Mostra, por exemplo, que o algodão produzido em Luís Eduardo Magalhães – Extremo Oeste, a 954 Km de Salvador – tem 95% de sua carga escoada pelo Porto de Santos. Apenas 4% são embarcados em Salvador.
Os especialistas responsáveis pelas análises destacaram ainda a existência de poucas linhas marítimas regulares para a China e o leste asiático saindo diretamente da Bahia.
O diretor-geral da SEI frisa que “a superintendência está investindo em esforços para subsidiar o planejamento estratégico de longo prazo da Bahia”. “Esse conjunto de informações auxiliará a alta gestão do estado na tomada de decisões e contribuirá para posicionar a Bahia em lugar de destaque nacional, promovendo seu desenvolvimento com inclusão e sustentabilidade”, conclui José Acácio. A íntegra do plano estará disponível em breve no site da SEI-BA.
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