
A Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) aprovou o projeto de lei que obriga a substituição das redes aéreas de energia elétrica por rede subterrânea em áreas urbanas do estado. A proposta, de autoria do deputado Ronaldo Medeiros (PT), visa modernizar o sistema elétrico e aumentar a segurança nas cidades. No entanto, a distribuidora Equatorial Alagoas afirma que o modelo geraria custos muito mais altos, com reflexos diretos na tarifa de energia elétrica — o que pode onerar a conta de luz dos consumidores. O texto aguarda agora sanção do governador Paulo Dantas para se tornar lei.
De acordo com o texto aprovado pela ALE, a prestadora dos serviços de energia deverá substituir redes aéreas de baixa e média tensão por cabeamento subterrâneo, respeitando os planos diretores municipais. A prioridade será para zonas com tráfego intenso, alta densidade populacional ou importância ambiental, histórica e arquitetônica.
Segundo o deputado Ronaldo Medeiros, que falou ao Movimento Econômico, o projeto se inspira em experiências adotadas por países europeus e responde a uma necessidade urgente de segurança urbana.

“Nós temos que ter uma rede segura, livre de acidentes. Hoje, a gente vê durante desastres climáticos, árvores, postes, fiações que colocam em risco a vida das pessoas, além da questão da urbanização. Esse é um tema que deve ser discutido com prioridade. Essa falta de energia que tem em São Paulo, em grandes cidades, com chuvas, por exemplo, se você tem as linhas subterrâneas, se reduz muito os riscos de acidente e de falta de energia.”, afirmou.
Apesar dos argumentos sobre a importância de prevenir desastres e reduzir danos, a medida é vista com cautela pela Equatorial Alagoas, empresa responsável pela distribuição de energia no estado.
Cabeamento subterrâneo geraria altos custos, diz Equatorial
Em nota enviada ao Movimento Econômico, a Equatorial Alagoas informou estar avaliando o projeto e ressaltou que a instalação de redes subterrâneas representa um custo significativamente maior em relação ao modelo atual de distribuição aérea.
“A empresa ressalta que o modelo de distribuição de energia elétrica brasileira é o de cabos aéreos, já que a instalação de redes subterrâneas gera custos muito mais altos, se comparados a rede convencional, com reflexo na tarifa de energia elétrica, onerando a conta de luz para o consumidor”, afirmou a distribuidora.
A empresa destacou ainda que mantém um plano de investimentos robusto — mais de R$ 2 bilhões aplicados nos primeiros seis anos de atuação no estado, com foco na modernização e expansão da rede elétrica do litoral ao sertão.

“Por isso, a Distribuidora mantém um Plano de Investimentos robusto para tornar o sistema elétrico atual mais moderno e seguro, gerando qualidade e confiabilidade no fornecimento de energia, diz outro trecho da nota.
A Equatorial informou ainda que não possui uma estimativa de valores para realizar uma implantação de cabeamento subterrâneo.
Medeiros refutou o argumento do possível aumento de tarifa levantado pela distribuidora. “Esse discurso de que vai subir a conta é para colocar a população contra o projeto. As concessionárias têm que fazer investimento. Os governos estadual e federal investiram muito nessa área, mas ela não pagou nada. Então, pelo menos, invista nisso sem repassar a conta às pessoas”, defendeu.
Experiências dentro e fora do país de fiações subterrâneas
A polêmica envolvendo o tema tem inspiração em projetos que existem em cidades brasileiras, como São Paulo, que possui apenas 0,3% da rede na capital feito de forma subterrânea.
Uma estimativa da Prefeitura de São Paulo prevê que seriam necessários investir R$ 20 bilhões para colocar a fiação elétrica no subsolo somente da região central da cidade.
Em outros países, como Londres, por exemplo, a empresa responsável investiu mais de US$ 1 bilhão nos últimos anos para criar um sistema de linhas de transmissão em túneis mais profundos.
Paris, conhecida como a Cidade Luz talvez seja um dos projetos mais antigos de cabeamento subterrâneo. Na capital francesa toda sua fiação está no subsolo há pelo menos 60 anos, com investimentos contínuos para melhoria do projeto.
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