
Para conseguir mapear a cadeia produtiva bovina nos estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco, a Start Soluções Agronegócio vai realizar uma expedição para analisar mais de 80 mil propriedades. O projeto faz parte da oitava edição do Encorte 2025 e acontece entre os dias 28 de abril e 17 de maio. A empresa alagoana, especializada em gado de corte, “gerencia” mais de 90 mil cabeças em cerca de 100 fazendas assessoradas em todo o Nordeste, com exceção da Bahia e da Paraíba, além do Tocantins.
Segundo o diretor técnico da Start Soluções, Marcelo Araújo, a carência de dados precisos sobre a pecuária de corte nestes estados motivou que o evento, que sempre é realizado em Maceió no Centro de Convenções, percorra propriedades e leve até produtores informações e capacitações, beneficiando uma das regiões com maior potencial de crescimento do país.
O formato inovador deve, além de analisar mais de 80 mil propriedades rurais, cobrir 1,5 milhão de hectares de pastagens e um rebanho estimado em 1,3 milhão de bovinos.
A Expedição será dividida em três etapas principais, realizadas ao longo de três semanas consecutivas. A programação começa em Sergipe, entre os dias 28 de abril e 3 de maio. Em seguida, segue para o estado de Pernambuco, de 5 a 10 de maio, e se encerra em Alagoas, entre 12 e 17 de maio.
Durante cada uma dessas etapas, estão previstos workshops técnicos presenciais, voltados à discussão de temas atuais e estratégicos da pecuária de corte. Esses encontros irão reunir especialistas, produtores, técnicos e representantes da indústria, criando oportunidades para a troca de experiências, capacitação técnica e estímulo à formação de redes de contato e parcerias comerciais.
Diagnóstico aprofundado da produção bovina
A proposta da expedição vai além da coleta de dados. A iniciativa buscará estabelecer um diagnóstico detalhado sobre o cenário da produção de carne bovina na região, considerando os aspectos mais relevantes da atividade. O estudo será conduzido a partir de cinco pilares: pastagem, rebanho, gestão, bem-estar animal e sustentabilidade.

Segundo Marcelo Araújo um dos pontos que a expedição pretende destacar é a intensificação da produção. “Em relação à pecuária, a gente vem observando um crescimento do rebanho bovino, mas não necessariamente o crescimento das áreas em hectares. Isso mostra que a tecnologia está cada vez mais presente na pecuária aqui do Nordeste, onde o pessoal está aumentando a quantidade de bovinos e permanecendo, ou até mesmo diminuindo, a quantidade de hectares, porque existe uma competição entre a agricultura, o eucalipto e a cana-de-açúcar aqui em Alagoas”, afirma.
Além de mapear o uso de tecnologias e práticas sustentáveis, o projeto pretende compreender as relações entre os diversos elos da cadeia produtiva, da criação à industrialização da carne, identificando as dinâmicas locais e o grau de integração entre os agentes. Outro objetivo importante será estimar o potencial produtivo dos sistemas analisados, especialmente nos segmentos de cria, recria e engorda.
Produção bovina tem crescimento, mas carência de dados
Embora tradicional na região, a pecuária de corte em Alagoas, Sergipe e Pernambuco ainda carece de dados estruturados sobre seu real desenvolvimento. Em dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Alagoas abateu 50.044 animais em 2024, que representam 13.490.150 quilos de carcaça. Em Pernambuco foram abatidas 84.474 cabeças de gado, que totalizaram 23.071.526 quilos de carcaça. Já Sergipe abateu no ano passado 83.650 cabeças de gado, com um total de 23.511.882 quilos de carcaça animal.
A pecuária atividade vem se expandindo graças à tecnificação de pastagens e ao aproveitamento de áreas antes destinadas à cana-de-açúcar, mas também enfrenta desafios como a pressão de culturas concorrentes, como milho e eucalipto.
“Queremos entender melhor todo esse cenário para conseguir construir soluções para os reais problemas enfrentados pelos produtores do Nordeste e assim melhorar a capacidade produtiva”, disse Marcelo.
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