No Polo Automotivo Stellantis, em Pernambuco, todas as empresas reduziram a carga de poluição

Na busca pela neutralidade do carbono, a montadora instalada no município de Goiana alcançou Selo Ouro e ano a ano avança com práticas sustentáveis e de impacto social Por Samuel Santos Milhares de empresas mundo afora já entenderam que crescer de forma sustentável é a melhor saída para preservar o futuro do planeta e das […]

Na busca pela neutralidade do carbono, a montadora instalada no município de Goiana alcançou Selo Ouro e ano a ano avança com práticas sustentáveis e de impacto social

Linha de produção da Jeep: indústria sustentável e limpa/Foto: divulgação Stellantis

Por Samuel Santos

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Milhares de empresas mundo afora já entenderam que crescer de forma sustentável é a melhor saída para preservar o futuro do planeta e das próximas gerações. Enxergar os recursos naturais com outros olhos é, também, fazer a roda da economia girar. Um exemplo disso é a fábrica da Stellantis, em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco, onde são produzidos os modelos Jeep Renegade, Compass e Commander e a picape Fiat Toro, que decidiu mergulhar integralmente nas práticas sustentáveis e apoiar projetos que preservam a natureza, incentivam a educação ambiental e ainda geram renda para a população local. 

Inaugurado em 2015, o Polo Automotivo de Goiana se tornou referência em iniciativas socioambientais. Recentemente, o local foi reconhecido como primeiro complexo industrial multiplantas carbono neutro da América Latina. O resultado é consequência do Selo Ouro do Programa GHG Protocol Brasil, conquistado pela montadora em 2017 e que tem como objetivo estimular empresas a quantificar e gerenciar emissões de Gases de Efeito Estufa (GHG, na sigla em inglês), tão prejudiciais à saúde do planeta. 

100% dos resíduos gerados durante a produção dos veículos não ficam no complexo, são enviados para reciclagem e reutilizados/Foto: divulgação Stellantis

As 16 fábricas que compõem o Parque de Fornecedores da gigante automotiva também aderiram às iniciativas de compensação de emissões de gases, criando uma grande corrente em torno da sustentabilidade. A redução do indicador de emissões do Polo Jeep vem ocorrendo de forma gradual, desde o início de suas operações. Em 2020, houve uma redução de 18% do indicador em comparação com os resultados de 2019. 

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“É uma conquista muito importante, alcançada graças ao compromisso com o desenvolvimento sustentável que nós e nossos fornecedores compartilhamos. A Stellantis já nasceu com a visão de buscar a neutralidade de carbono. Desta forma, damos um passo fundamental com este marco inédito para toda a indústria sul-americana”, afirma Antônio Filosa, COO da Stellantis para a América do Sul. 

Aterro zero 

A Jeep foi a primeira planta do Nordeste a aderir ao conceito de aterro zero. Isso significa que 100% dos resíduos gerados durante a produção dos veículos não ficam no complexo, são enviados para reciclagem e reutilizados. 

 Todos os meses, toneladas de materiais são conduzidas para a Ilha Ecológica do Polo, onde os resíduos são gerenciados e depois repassados para as cerca de 37 empresas parceiras, que ficam responsáveis pelo processo de reciclagem. O volume de resíduos varia de acordo com o ritmo de produção. 

“Hoje podemos dizer que temos total controle dos resíduos gerados no Polo, seja na planta principal, ou nas outras 16 empresas fornecedoras de matéria-prima que estão dentro dos nossos muros. Todo o resíduo é trazido para a Ilha Ecológica, onde é feita a triagem, o armazenamento temporário e, posteriormente, a condução para os nossos parceiros. Esse processo se repete todos os dias, por isso não precisamos enviar o que seria descartado para aterros sanitários”, explica Danubia Lima, responsável pela Ilha Ecológica do Polo. 

Atualmente, 88% dos contratos de destinação de resíduos são com empresas da região, impulsionando o desenvolvimento da cadeia da reciclagem local, com a criação de oportunidades de novos negócios. Entre as empresas beneficiadas estão a Klabin, maior produtora e exportadora de papel do país, que tem uma fábrica em Goiana; e a Nova Brasil Ambiental, situada em Paulista, no Grande Recife, que reutiliza os vidros excedentes do polo automotivo Stellantis. 

Tratamento de água ajuda a reduzir a captação, otimizando o consumo na Jeep/Foto: divulgação Stellantis

A gestão hídrica também faz parte da consciência ambiental e não pode ser ignorada pelas grandes empresas, sobretudo em um cenário de escassez de água. Segundo a multinacional, desde o início das operações, houve uma redução de 46% do consumo de água por veículo produzido. Além disso, o parque fabril conseguiu alcançar a marca de 99,5% de reuso de água do processo industrial. Por causa dessa iniciativa, por mês, cerca de 23 mil metros cúbicos de água deixam de ser captados da rede pública, o equivalente a seis piscinas olímpicas ou ao consumo médio mensal de 6,8 mil pessoas.

Economia circular e fomento a educação 

O consumo consciente não é um conceito passageiro, mas algo que veio para ficar. Resíduos do setor automotivo do Polo de Goiana estão tendo outro destino e ajudando muitas pessoas. Graças a uma parceria entre a Jeep e a Roda, iniciativa de economia circular em moda sustentável, o que seria descartado agora é utilizado para criar produtos únicos e diferenciados. São mochilas, bolsas e sandálias que utilizam couro, borrachas, cintos de segurança e até airbags como matérias-primas.

Além de bom para o meio ambiente, o negócio também gera renda para costureiras de comunidades carentes de Igarassu, cidade vizinha a Goiana. Metade do valor do produto vendido vai para a equipe de produção. “O que fazemos é mais do que simplesmente reciclar, é criar produtos para regenerar e evitar danos ambientais. Menos resíduos significa menos emissão de carbono e utilizar como fonte matérias-primas que antes eram descartadas nos faz refletir sobre a real necessidade de explorarmos novos recursos naturais”, explica Mariana Amazonas, Ecodesigner e cofundadora da Roda.

Para ela, a economia circular é o futuro e uma das poucas alternativas para viabilizar formas realmente sustentáveis de produção. “A economia circular é exatamente a resposta que encontramos. Melhor do que comprar uma roupa de algodão orgânico, é utilizar um tecido que já iria virar lixo e transformá-lo completamente, criando um processo positivo de reciclagem, criando assim uma cadeia de circularidade com aquela matéria prima”, conta Mariana. 

As peças feitas com o material excedente são vendidas exclusivamente pela internet no site https://www.roda.eco.br/

Economia circular dá origem a novos produtos sustentáveis/Foto: divulgação Roda

Em outra frente, mas não menos importante, está o Projeto Vozes Daqui, criado para fortalecer a educação de jovens em Goiana. A iniciativa conta agora com uma plataforma na internet chamada Projeto Vozes Daqui – Uma Aliança para o Desenvolvimento Sustentável. A página é resultado das atividades online e presenciais realizadas com os alunos. Todo o material poderá ser utilizado de forma pedagógica pelos professores da rede municipal de Goiana.

Vestido feito com resíduos do airbags/Foto: divulgação Roda

O projeto é divido em três fases e recentemente entrou na sua etapa final, com a entrega da reforma das escolas participantes da segunda fase, a entrada de 150 novos estudantes da região e a inclusão de três outras escolas, que também serão reformadas. As atividades socioeducativas incluem oficinas de fotografia, audiovisual, literatura e aulas sobre consciência ambiental. O Vozes Daqui é desenvolvido pela Stellantis em parceria com a Fundação Banco do Brasil, AVSI Brasil e Prefeitura de Goiana.  

“O papel desse projeto é contribuir para o desenvolvimento integral desses jovens. A gente investe bastante em atividades culturais e socioeducativas que vão além dos conteúdos vistos nas escolas. Começamos em 2019 e de lá para cá já equipamos bibliotecas com material multimídia e revitalizamos escolas para que esses adolescentes tenham uma formação completa e quem sabe possam, no futuro, aproveitar as oportunidades disponíveis na sua própria região”, relata Ana Maria Bianchi, gerente geral da AVSI em Pernambuco. 

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