O Nordeste deve registrar um crescimento relevante no comércio de Natal em 2024, com destaque para a Bahia, Ceará e Pernambuco, que juntos devem registrar R$ 6,23 bilhões em vendas no período. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Bahia terá alta de 3,6% no faturamento, atingindo R$ 2,73 bilhões. Já o Ceará projeta R$ 1,81 bilhão em vendas, enquanto Pernambuco estima movimentar R$ 1,69 bilhão.
A CNC estima que as vendas de Natal em 2024 movimentarão R$ 69,75 bilhões, alta de 1,3% em relação a 2023, descontada a inflação. Esse é o maior volume em quatro anos, embora ainda abaixo do nível pré-pandemia, quando as vendas alcançaram R$ 73,74 bilhões. O setor de hiper e supermercados lidera a movimentação financeira, representando 45% do total (R$ 31,37 bilhões), seguido por vestuário e calçados com 28,8% (R$ 20,07 bilhões).
Segundo Fábio Bentes, economista da CNC, fatores como a redução da taxa de desemprego (6,4%) e a queda nos juros favoreceram o aumento das vendas, mas o aperto monetário ainda impacta o crédito ao consumidor.
Roupas liderarão vendas
O levantamento mostra que 133 milhões de brasileiros devem ir às compras, gastando, em média, R$ 138 por presente. Roupas, perfumes, cosméticos e brinquedos lideram a lista dos mais procurados. Lojas físicas continuam sendo a preferência de 82% dos consumidores, enquanto 50% pretendem realizar parte das compras online, com destaque para sites internacionais.
“A atual dinâmica de consumo tem atuado no incremento das vendas neste fim de ano. Mas as condições menos favoráveis causadas pelo aperto monetário iniciado em setembro pelo Banco Central já são sentidas pelo consumidor final. Isso explica a curva de crescimento menos acentuada no comparativo com o ano passado, quando projetamos o aumento de 5,6%”, disse o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
A desvalorização cambial deve aumentar os preços dos produtos natalinos, com crescimento médio de 5,8%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), na medição dos 12 meses encerrados em dezembro. O valor da cesta deve ser pressionado pela alta do valor dos livros (12,0%), dos produtos para a pele (9,5%) e dos alimentos em geral (8,3%). Por outro lado, devem ficar mais baratos presentes como bicicletas (queda de 6,2%), aparelhos telefônicos (redução de 5,5%) e brinquedos (diminuição de 3,5%).
Cenário de contratações temporárias
Os números são desfavoráveis para os que buscam um vaga de trabalho. A CNC estima a contratação de 98,1 mil funcionários temporários para atender ao volume de vendas do Natal, 2,3 mil trabalhadores a menos do que no ano passado.
Para atender à demanda sazonal, o setor varejista nordestino deve seguir a tendência nacional, concentrada nos segmentos de hiper e supermercados (42,8% das contratações) e vestuário (21,6%). Bahia e Pernambuco lideram nas contratações da região Nordeste, aproveitando o dinamismo do mercado de trabalho, caracterizado por uma taxa de desocupação historicamente baixa de 6,4%.
“Curiosamente, o número é menor do que o do ano passado, quando mais de 100 mil temporários foram contratados. A razão disso é o fato de que o quadro de funcionários das empresas veio crescendo ao longo do ano, com o aumento de aproximadamente 3% na força de trabalho, nos últimos 12 meses, ou seja, mais de 240 mil vagas criadas”, afirmou o economista-chefe da CNC, Fábio Bentes. Segundo ele, isso faz com que o varejo dependa menos do trabalho temporário.
“Já para 2025, a expectativa do próprio setor é que sejam efetivados aproximadamente 8 mil desses trabalhadores temporários”, disse o economista.
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