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O tema sustentabilidade deu grande avanço no mercado de capitais no último dia 20 de outubro, com o estímulo da Resolução Nº 193, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A medida estabelece diretrizes para a elaboração e divulgação de relatórios de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e à economia regenerativa, em conformidade com o padrão definido pela International Sustainability Standards Board (ISSB).
Além de a nova regra estar integrada à agenda de transformação ecológica instituída pelo Ministério da Fazenda, segundo a CVM, a norma é a 1ª entrega do Plano de Ação de Finanças Sustentáveis da CVM para 2023-2024, que conta com metas, objetivos e prazos de cumprimento baseados nas diretrizes constantes na Política de Finanças Sustentáveis.
Especialistas disseram ao Movimento Econômico que a resolução da CVM dá às empresas de capital aberto, aquelas que negociam ações em bolsa, oportunidade de exposição relevante com os chamados Relatórios de Sustentabilidade ou Global Reporting Initiative (GRI).
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Mas tem um detalhe: embora a medida tenha caráter voluntário, as empresas que aderirem ao GRI precisam seguir com ele até 01 de janeiro de 2026, quando se tornará obrigatório. A regra visa assegurar aos investidores que essas empresas manterão suas ações sustentáveis ou regenerativas, conforme me explicou o advogado Pedro Carvalho, do escritório Carvalho, Machado e Timm Advogados. E ele ressalta ainda que a medida ajudará as empresas brasileiras a acessarem fontes de financiamento internacionais.
Adesão à pauta verde
O consultor e jornalista Adécio Vasconcelos, especialista em Relatórios de Sustentabilidade, informa que na América Latina, o Brasil lidera na produção de GRI e essa medida da CMV pode inclusive estimular a adesão entre empresas de capital fechado.
Vasconcelos lembra que grandes players estão cada vez mais usando seus relatórios, a exemplo da Amazon e Apple, para ampliar a aceitação integral de seus produtos.
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Se observarmos a região do Araripe, no sertão pernambucano, onde há enorme necessidade de se trabalhar não só a sustentabilidade, mas a economia regenerativa – divido aos danos causados por mineradoras de gipsita -, perceberemos que os estímulos que estão sendo dados às empresas abertas precisam chegar às fechadas, assim como às pequenas e médias. Aliás, o problema ambiental do Araripe perdura há décadas sem ações efetivas para mitigá-los. Até quando os poderes públicos vão ignorar o que ocorre ali?
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