De 15 estaleiros desativados ou sem demanda, os 3 maiores estão no NE

Levantamento foi divulgado em evento no Rio. Presidente da Petrobras, Jean Paul Prates defendeu criação de um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Mar, para estimular a indústria naval e os estaleiros nacionais
Sete Brasil: Estaleiro Enseada, na Bahia, foi um dos contratados para a produção de navios-sonda
O Enseada Paraguaçu, que fica localizado no município baiano de Maragogipe, Recôncavo Baiano, é citado em relatório do IBP como um dos estaleiros brasileiros ativos, mas sem demanda atualmente. Foto: Divulgação

Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), lançado nesta quinta-feira (18), mapeou 48 estaleiros brasileiros. A constatação é que pelo menos seis estão desativados e nove estão ativos, mas atualmente não têm demanda de projetos navais.

Entre os estaleiros ativos, mas sem demanda atualmente, estão os dois maiores do país: Enseada, na Bahia, e o Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira.

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Fruto de um investimento de R$ 3 bilhões, empregando cerca de 7.500 mil trabalhadores diretos no pico das obras, o Enseada Paraguaçu, em Maragogipe (BA), foi concebido para a fabricação de embarcações de alto valor agregado, como as sondas para exploração do pré-sal. Atualmente, a operação está limitada a menos de 15% da área do complexo industrial, apenas 200 trabalhadores atuam no local.

Já o Estaleiro Atlântico Sul, localizado em Suape, há três anos e meio se encontra em processo de Recuperação Judicial (RJ) e reformulou seu modelo de negócio para reparo de embarcações. O EAS iniciou suas atividades em outubro de 2007, tendo sido a primeira planta de indústria naval a funcionar em Pernambuco, ocupando uma área original de 100 hectares. Em seu auge, chegou a empregar mais de 6.000 trabalhadores. Em 2019, entregou o navio Portinari à Transpetro, sua última encomenda.

Indústria naval: EAS já tem expertise no atendimento ao setor de petróleo offshore
Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco, chegou a empregar mais de 6.000 trabalhadores. Em 2019, entregou o navio Portinari à Transpetro, sua última encomenda. Foto: Divulgação

Outro estaleiro de grande porte que está sem demanda é o QGI, no Rio Grande do Norte. Outro, o Brasa, no Rio de Janeiro, encontra-se desativado, segundo o IBP.

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A Petrobras participou da produção do levantamento. Segundo o presidente da estatal, Jean Paul Prates, a empresa, sendo a principal operadora petrolífera no país, tem uma responsabilidade como o pilar principal da demanda naval no Brasil.

“[A indústria naval] não é uma indústria antiquada, superada. Ela tem ciclos novos, que se renovam. [Além do petróleo] vamos continuar precisando de barcos de apoio para as usinas eólicas offshore, para transporte de passageiros, logística”, disse Prates. “Temos que deixar de colocar esse rótulo de que resgatar essa indústria é coisa antiquada, com cheiro de mofo.”

Mapa dos estaleiros do Brasil
Plataforma colaborativa do Mapa de Estaleiros do Brasil está disponível no site do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás. Foto: IBP/Reprodução

Mapa dos estaleiros brasileiros

O mapeamento mostra que cinco estaleiros atendem a projetos da Petrobras, inclusive quatro dos 13 grandes mapeados pelo levantamento. Prates citou como exemplo a produção de módulos das plataformas P78, P80 e P83, na Brasfels, no Rio de Janeiro; da P79, no EBR, no Rio Grande do Sul; e da P82, no Jurong Aracruz, no Espírito Santo.

“Temos expectativas para a construção, em breve, da P84 e da P85. Essas [junto com a P82 e P83] são as maiores já construídas pela Petrobras com [capacidade de produção de] 225 mil barris/dia”, disse o presidente da estatal.

Segundo ele, há ainda projetos de embarcações de apoio que serão contratadas em breve pela Petrobras. Somente este ano, serão 34 contratações, sendo 24 já anunciadas neste mês. Dez serão anunciadas até o fim do ano.

No evento, ele também defendeu que o governo crie um Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Mar, para estimular a indústria naval.

“É preciso que governo, as entidades financeiras, Fundo de Marinha Mercante, todos participem desse processo também de financiamento dessa indústria. Uma demanda bem mapeada, contratos com agente extremamente sólido, com dinheiro garantido para investimento. Tudo isso não deveria ser difícil ter financiamento”, disse Prates.

Leia mais: Estaleiro Atlântico Sul renegocia contrato e desmente multa milionária

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