Porto de Itaqui se destaca como ponto estratégico na Nova Rota da Seda da China

Estudo do professor Paul Lee, da Universidade Zhejiang, na China, destaque Itaqui no projeto do Belt & Road Initiative (BRI).
Porto do Itaqui
Porto de Itaqui aponta por estudo chines como ponto na Nova Rota da Seda/Foto: divulgação Porto de Itaqui

O Porto maranhense de Itaqui vem sendo apontado como um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China. Ontem, em evento realizado com foco nos principais projetos de infraestrutura para a construção de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos dos países que hoje fazem parte do projeto Belt & Road Initiative (BRI), o governo do Maranhão recebeu o professor Paul Lee, da Universidade Zhejiang, na China, e um dos idealizadores do estudo Strategic locations for logistics distributions centers along the Belt & Road, estudo que aponta a capital maranhense como um dos pontos estratégicos para a expansão da Nova Rota da Seda da China.

Ele fez uma apresentação no segundo dia do simpósio “As Potencialidades do Maranhão na Nova Rota da Seda da China: oportunidades de negócio e de desenvolvimento para o Brasil”, evento promovido pela Fundação Sousândrade em parceria com o Governo do Maranhã.

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Além de destacar a importância que o projeto pode oferecer para a ampliação da conectividade marítima, diminuição de distâncias e maior retorno de investimentos para o Porto de Itaqui e para São Luís, Lee apresentou dados relacionados aos projetos de infraestrutura de alguns países do BRI, especialmente na Ásia e na África. De modo geral, o pesquisador falou sobre a revisão do planejamento de investimentos que vem sendo estudado pelo governo da China, para aumentar a taxa de capital de baixo risco e tornar o retorno de investimentos, que costuma ser de longo prazo, mais rápido.

Professor Paul Lee e Secretário José Reinaldo Tavares (SEDEPE) durante o segundo dia de evento. Foto: Danielle Vieira.
Professor Paul Lee e Secretário José Reinaldo Tavares (SEDEPE) durante o segundo dia de evento. Foto: Danielle Vieira.

De acordo com Lee, hoje, em um cenário pós-covid-19 e com alta de juros primários em todo o mundo, o número total de projetos BRI chega a 700, em 180 países. “Desse total, 142 projetos já foram finalizados e outros 250 ainda estão sob contrato, em fase de intenções, e outros 265 em construção”, afirmou. Ele disse, ainda, que dos 700 projetos BRI, cerca de 600 abrangem infraestrutura em portos, aeroportos, ferrovias e rodovias.

Durante sua palestra, Lee chamou a atenção sobre a importância da conectividade marítima para o Brasil e para São Luís, no Maranhão, cuja infraestrutura logística para as cadeias de suprimento da Nova Rota da Seda da China compreende o transporte ferroviário e sua ligação ao Porto de Itaqui, com três rotas marítimas conectando o Brasil a outros países.

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Lee lembrou da importância da Cosco Shipping Lines para a integração marítima da China. A Cosco é um dos principais provedores mundiais de serviço de transporte integrado de containers, e possui navios de containers com alta capacidade em mais de 192 portos, em 64 países, e em cinco continentes. Ele ainda destacou a importância de temas como coordenação, inovação e economia verde para o projeto BRI. “Na China, todas as empresas participantes e as universidades precisam mostrar para o governo central projetos relacionados ao BRI e a economia verde”, aponta.

Segundo Lee, é preciso diminuir o tempo de viagem e os custos e taxas logísticos e o investimento portuário é uma saída para diversos países. “Este é o caso de vários países no continente africano, onde a infraestrutura portuária é sobrecarregada e muitos países da região subsaariana precisam criar saídas para o mar”, avalia. “Dos 110 projetos de investimentos de infraestrutura e transportes desenhados para a África, 29 já foram terminados”, completou.

Por fim, o pesquisador falou sobre alguns dos principais players chineses, como a indústria da construção e navegação e portos e modelos de investimentos (aquisições, PPPs e concessões). Ainda sobre a Cosco, Lee disse que desde 2013 a companhia já investiu em nove portos do projeto BRI, sendo que o primeiro deles foi concluído em 2017. Ele refletiu sobre o modelo que chamou de Porto Inteligente, onde a ideia “cidade/parque/porto” é contemplada nos investimentos de infraestrutura para o desenvolvimento de projetos na região portuária, com edifícios, parques e shopping centers. Ele também chamou a atenção para a importância de se considerar os vários atores envolvidos no projeto, como comunidades e trabalhadores.

Ted Lago, presidente do Porto de Itaqui, destacou a importância do estudo elaborado por Paul Lee para a América do Sul e, particularmente, para o Porto do Itaqui como um hub estratégico para a expansão da Rota da Seda. “O Brasil hoje já é um exportador importante de grãos e celulose para o mercado chinês. Com a inclusão do Maranhão na rota da seda, um canal de duas vias será possível: tanto a saída de commodities e, esperamos, produtos industrializados, quanto a entrada de produtos que possam atender nossa ‘hinterlândia’, ou seja, mais de sete estados brasileiros, com mais de 50 milhões de habitantes. Então, o governo do Maranhão está tomando a iniciativa de aproximação cada vez maior com o mercado asiático”, esclareceu Lago.

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