Nascido como proposta para segunda moradia, o bairro da Reserva do Paiva recebeu um empurrãozinho da pandemia. A busca por residência com qualidade de vida fez saltar a ocupação de 15% para 80% em pouco mais de um ano
Por Patrícia Raposo
Lançado em 2007, tendo como sócios a Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) e os grupos Cornélio Brennand e Ricardo Brennand, a Reserva do Paiva, o primeiro bairro planejado na Região Metropolitana de Recife, que surgiu com a proposta de ser a segunda residência para europeus e brasileiros abastados, ganhou um empurrão da pandemia da covid-19 e está se consolidado como bairro de primeira moradia para recifenses privilegiados.
Situado no município do Cabo de Santo Agostinho, a 28 km do Recife, o Paiva está se tornando para o Recife o que a Barra da Tijuca é para o Rio de Janeiro: um bairro afastado, com praia quase exclusiva e de moradias de alto padrão. “O Paiva realmente se assemelha geograficamente à Barra, porque fica isolado, mas, diferentemente do bairro carioca, que foi se consolidando na medida que novos condomínios iam sendo construídos, aqui tudo foi planejado”, explica Luiz Henrique Valverde, diretor do Segmento Imobiliário do Grupo Ricardo Brennand.
Implantado numa área de coqueiral de 530 hectares, que se estende por uma faixa de praia com praticamente a mesma extensão da praia de Boa Viagem, o cartão postal da capital pernambucana, o Paiva vinha mantendo uma ocupação em torno de 15% até o primeiro trimestre de 2020. Com a pandemia, porém, esse percentual saltou para 80%.
A mesma pandemia que fechou o hotel presente na área, que operava sob a bandeira do Sheraton. Notícias de bastidores apontam que o Nova Galé está em negociação para assumir o empreendimento.
Família Brennand
A Reserva do Paiva, cujos terrenos pertencem a dois ramos da família Brennand – Ricardo e Cornélio – tem grande potencial. O master plan, que define todo o processo de ocupação do local, não chegou sequer a 15% de execução. E, diferentemente de Boa Viagem, onde se adensem 400 mil pessoas, os quase nove quilômetros de praia no Paiva vão comportar no máximo 40 mil pessoas. Isso valoriza potencialmente o metro quadrado.
Os primeiros estudos sobre a ocupação do bairro começaram em 2003. Onze a nos após seu lançamento, as crises envolvendo a Odebrecht acabaram por determinar que, em 2018, os Grupos Ricardo Brennand e Cornélio Brennand negociassem uma mudança no contrato com a OR. Na ocasião, ficou acertado que a construtora seguira com os projetos remanescentes, como o condomínio Verano, mas que a gestão passaria para o poder das duas famílias.
A partir daí, esses dois braços familiares, que têm participações praticamente iguais na área, passaram a responder pelas ações de infraestrutura, planejamento urbano e tratativas com órgãos públicos. Isso abriu ainda passagem para a entrada de novas construtoras.
A primeiro foi a Rio Ave, que chegou com um projeto muito arrojado, assinado por Greg Bousquet, do escritório franco-brasileiro Tryptique Architecture, o Essenza Paiva, desenvolvido em parceria com o Grupo Ricardo Brennand e que foi lançado, em novembro, com apartamentos que chagam a R$ 5 milhões de reais.
“Quando idealizamos o Essenza, pensávamos num conceito de primeira moradia para um bairro de segunda moradia. Mas a pandemia mudou isso, trazendo as pessoas para morar no Paiva, fortalecendo nossa chegada. Em três semanas vendemos 60% das unidades”, diz o diretor de Mercado da Rio Ave, Márcio Fernandez.
Segundo ele, as famílias decidiram migrar para o local em busca de qualidade de vida e o bairro se encontra agora em franco desenvolvimento. Famílias de diversos perfis e idades, seja a jovem família com crianças ou casais já na meia idade com filhos adultos. Mas, em geral, são pessoas que podem trabalhar com maior flexibilidade de horário ou em home office. Algumas pessoas se acomodaram nas salas do empresarial do bairro.
“O Paiva oferece comodidade e conta com vários serviços. O Colégio Santa Maria vai iniciar o ano de 2022 com 600 crianças matriculadas”, diz Luiz Henrique Valverde.
O empreendimento tem características peculiares, como um trecho que é um istmo, áreas de mata preservada e uma praia repleta de arrecife de corais que formam piscinas naturais na maré baixa.
“O master plan considerou como premissa a preservação da vegetação natural, construções de baixo gabarito e amplas distâncias entre elas, permeados por parque públicos e atendido por via principal com ciclovia e calçadões”, detalha Luiz Henrique, que acompanha o projeto desde seu nascedouro.
Para garantir o acesso mais rápido ao local, o governo pernambucano promoveu a primeira Parceria Público Privada (PPP) do estado, que deu origem à Ponte do Paiva e à primeira uma rota pedagiada, a Rota dos Coqueiros.
Verano
No começo de dezembro, a OR lançou a 2ª fase do Verano (torres 3 e 4). A ação de pré-lançamento resultado em 50% das unidades vendidas, segundo o diretor da OR em Pernambuco, Victor Amadheu.
Atuando em Pernambuco desde 2007, quando iniciou o desenvolvimento da Reserva do Paiva, a OR tem em seu portfólio oito empreendimentos, entre residenciais, empresarial e hoteleiro, alguns premiados nacionalmente e internacionalmente. Para 2022 está programado o lançamento de outro empreendimento no local. A OR estima para Pernambuco um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 80 milhões nesta segunda fase do Verano e mais R$ 70 milhões em 2022.
Essenza Paiva
Já o Essenza Paiva, projeto resultante da parceria da Rio Ave como Grupo Ricardo Brennand, foi pensado para abarcar as necessidades das diferentes configurações familiares, e, por isso, oferece 34 opções, com metragens que variam de 106,85m² a 401,58m² e três tipologias de apartamento: Casa Jardim, Apartamento Mirante e Casa Cobertura.
O conceito inédito de Casa Jardim duplex é um apartamento no térreo que tem um andar superior (mezanino) exclusivo para a área íntima. Além disso, cada unidade dessa tipologia conta com jardim e piscina privativos. A Casa Cobertura tem pé direito duplo, que gera um movimento na fachada, tornado as edificações muito diferenciadas.
Há novos lançamentos previstos para 2022. “Temos sido procurados por diversas incorporadoras do mercado. A parceria com a Rio Ave chancelou um novo momento no Paiva trazido pela pandemia, que acelerou o processo de crescimento deste bairro em 15 anos”, calcula Luiz Henrique.