Mesmo antes de 2021 ter chegado ao fim, já é considerado como o melhor ano para os players que crescem via aquisições
Por Juliana Albuquerque
O setor de fusões e aquisições na área de saúde segue em franca expansão, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia mundial da Covid-19 no Brasil. Levantamento recente da Ondina Investimentos, empresa que assessora no processo de fusões e aquisições, feito com investidores entre maio e outubro deste ano, revela que desconsiderando a fusão da Hapvida com a Intermédica, em 2021, o setor já movimentou mais de R$ 17 bilhões das transações que têm valores divulgados. A Ondina mapeou 135 transações de Janeiro de 2020 a Setembro de 2021.
“A pandemia acelerou um movimento que já vinha acontecendo, porque muitos players pequenos enfrentaram dificuldades por causa da covid-19, enquanto a capacidade de financiamento dos grandes players aumento muito. Essa combinação proporcionou o recorde de transações”, avalia o sócio da Ondina Investimentos, Ítalo Barbosa.
Segundo ele, mesmo antes de 2021 ter chegado ao fim, ele já é tido como o melhor ano para os players que crescem via aquisições. “Os próximos anos irão mostras a capacidade de incorporar as empresas adquiridas na estrutura da adquirente e converter as sinergias e novas reorganizações para gerar lucro para os investidores”, explica Barbosa.
Ítalo Barbosa completa afirmando que o mercado de saúde como um todo segue muito aquecido, e mais aquecido a cada trimestre, tendência que deve continuar pelos próximos anos, com acesso a crédito e entrada facilitada no mercado de capitais.
“Acreditamos que 2022 vai ser pelo menos tão bom quanto 2021 em termos do número de transações, mas em termos de valores sabemos que vai ser difícil superar, pois nos parece que os grandes ativos do setor estão ficando cada vez mais raros, seja porque restam poucos grandes ativos ou pelo fato de que parte dos que restam se recusarem a ser vendidos”, adianta.
Nordeste
Quando o tema é investimento em aquisições futuras, o Nordeste lidera junto com o Sudeste a preferência dos investidores. De acordo com o levantamento da Ondina, dos 20% que não têm preferência regional e15% têm preferência pelo Nordeste.
“Para o Nordeste, acreditamos que no segmento de planos de saúde, a Hapvida pode ter dificuldade de continuar com aquisições, mas os demais segmentos todos têm muito potencial de entregarem bons investimentos, já que a região tem um gap a ser fechado em termos de profissionalização na gestão das empresas locais em relação ao sul e sudeste”, avalia Ítalo Barbosa.
Ainda de acordo com ele, embora o Hapvida seja de longe o mais relevante player da região, deve enfrentar uma concorrência de outros grandes grupos, a exemplo da DASA, Mater Dei, Rede D’Or.
“Acreditamos que a região Nordeste é a próxima fronteira de crescimento desses players após consolidarem as operações no Sudeste”, aponta Barbosa.