Secretários da Fazenda decidiram encaminhar para o Fórum dos Governadores a decisão sobre a prorrogação do PMPF, base de cálculo do ICMS sobre os combustíveis, que termina no próximo dia 31
Etiene Ramos
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Os secretários de Fazenda dos Estados vão levar aos governadores as informações necessárias para que decidam sobre a prorrogação do congelamento do preço médio ponderado ao consumidor final (PMPF) que é a base de cálculo do ICMS sobre os combustíveis. A decisão foi tomada nesta quinta (13), em reunião virtual do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz) para que o assunto seja resolvido no Fórum dos Governadores, onde vem sendo discutido.
O PMPF foi congelado pelo Conselho Nacional Política Fazendária (Confaz), no último dia 31 de outubro, a partir de um consenso do Comsefaz. O congelamento por 90 dias, foi iniciado em 01 de novembro e termina no próximo dia 31 de janeiro, com o objetivo de mostrar que o ICMS não era o responsável pelos aumentos do preço dos combustíveis, especialmente da gasolina, como apontava o presidente Jair Bolsonaro.
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Alta carga tributária
Com o novo reajuste da Petrobras sobre o preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras, em vigor desde terça-feira (12), o problema voltou à pauta. O presidente do Comsefaz e secretário de Fazenda do Piauí, Rafael Fonteles, declarou à imprensa local que os governadores irão avaliar a questão legal da continuidade do congelamento em ano eleitoral, porque isso seria visto como um benefício fiscal.
Para o advogado tributarista Alexandre Albuquerque, do escritório Ivo Barboza Advogados Associados, do Recife, o congelamento foi uma medida no sentido de segurar o processo inflacionário, com um viés econômico maior do que o tributário. “Se fosse aplicar a norma tributária, o imposto iria aumentar sempre que o produto aumentasse. O grande problema dos combustíveis é a alta carga tributária porque não são considerados produtos essenciais e sim supérfluos”, explica Albuquerque.
Considerando a média de 29% do ICMS e mais 15% de impostos federais (Cide, PIS e Cofins), o total de impostos sobre os combustíveis, segundo ele, chega a 44%. “Qualquer aumento do preço do produto vai onerar o cálculo do ICMS que é por dentro, incide sobre ele mesmo. Não se percebe a tributação real que é de 36,98% – a carga efetiva”, observa o advogado.
Lamentavelmente, na sua opinião, o governo federal reclama dos estados, mas não faz nenhuma proposta e o consumidor é quem paga uma conta que poderia sair pela metade, se a tributação não fosse tão elevada “É preciso refletir sobre a oneração total, estabelecer uma meta e caminhar em busca dela. Isso não vai mudar da noite para o dia, mas se pode ir reduzindo o percentual da tributação sobre os combustíveis aos poucos”, sugere Alexandre Albuquerque.
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A também tributarista Mary Elbe Queiroz, sócia do escritório Queiroz Advogados, avalia que o congelamento do PMPF foi um gesto dos secretários estaduais de Fazenda para mostrar que estavam sensíveis ao momento, devido à inflação que vinha sendo puxada,também, pelo aumento dos preços dos combustíveis.
Mas, segundo ela, ninguém quer perder sobre a arrecadação dos combustíveis – produtos que têm consumo e arrecadação garantidos. “Não se justifica essa alta tributação num produto tão essencial para a economia toda. A hora é de gerar empregos e arrecadar sim, mas com a economia girando. Não é momento de aumento de tributo, tinha que se pensar em redução de gastos, ainda mais em ano eleitoral”, afirma.