
O Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE) contratou uma consultoria para iniciar estudos, dando o pontapé a uma articulação para Pernambuco se tornar, num primeiro momento, um grande centro de fomento ao consumo do SAF, o querosene de aviação sustentável. No País, o Estado é o quarto maior consumidor do querosene de aviação (QAV). As usinas locais e de Estados próximos também podem se tornar fornecedoras de SAF, pois uma das rotas de fabricação deste biocombustível tem o etanol como matéria-prima.
“Pernambuco é o quarto maior consumidor de QAV do País”, diz o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. Em 2024, o Estado consumiu 312 milhões de litros de QAV, o que corresponde a 82% do que foi consumido por Brasília, o terceiro maior consumidor do País com 382 milhões de litros no ano passado. Os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro ocuparam o primeiro e o segundo lugar no consumo deste combustível, respectivamente, com 3,5 bilhões de litros e 852 milhões de litros.
“Os estudos prospectam que Pernambuco pode ter um grande oportunidade de negócio para o SAF. O Estado tem consumo e aptidão para a produção deste novo combustível”, comenta Renato. Um dos consultores que está à frente do estudo contratado pelo Sindaçúcar é o executivo Raul Bandeira Fernandes.
O Sindaçúcar-PE já iniciou uma articulação neste sentido, mostrando uma parte dos estudos aos ministros dos Portos e Aeroportos, o pernambucano Sílvio Costa Filho, e o de Minas e Energia, Alexandre Silveira. “Os dois ministros mostraram uma boa receptividade”, afirma Renato.
Segundo ele, é importante as usinas possam saber as regras para iniciarem um processo de certificação no âmbito da resolução 496 da Agência Nacional de Aviação Civil, que institui a obrigatoriedade do monitoramento dos Gases do Efeito Estufa (GEE) nos voos internacionais. A aviação é responsável por 2,5% das emissões de gases que contribuem para o aquecimento global.

Rotas do SAF no Brasil
No Brasil, estão sendo estudadas pelo menos duas rotas para a futura produção do SAF. Uma chamada HEFA, feita a partir de óleos vegetais. A outra é conhecida como ATJ, sendo fabricada a partir de misturas do etanol tendo como matéria-prima a cana-de-açúcar, o milho e outras fontes renováveis, como a biomassa celulósica.
Pernambuco se tornar um grande centro consumidor de SAF pela rota do etanol beneficiaria não só as usinas locais, mas também as instaladas em Estados próximos como Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. “A gente acredita que os avanços vão ocorrer à medida em que as legislações são definidas”, conclui Renato.
As usinas vão começar a se preparar para fazer o novo biocombustível depois que houver uma regulamentação, definindo as regras necessárias ao fornecimento do mesmo, que terá que obedecer especificações também definidas em lei, como ocorre, por exemplo, com o etanol. “A diversificação é importante. Não vamos fornecer só ao mercado veicular, mas também ao mercado de combustíveis de aviação e de navios. Vão se concretizar novos negócios”, conclui Renato.
O SAF vai substituir o QAV, que é fóssil e contribui para o aquecimento global. O uso do SAF está previsto na Lei Federal 14.993, conhecida como a Lei do Combustível do Futuro, que vai contribuir para a descarbonização de vários setores da economia brasileira.
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