Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Renovação da frota nacional é desafio para os estaleiros do Nordeste

Evento marcou lançamento da 2ª licitação da frota do Sistema Petrobras e assinados protocolos de intenções para o reaproveitamento de plataformas da estatal em fase de desmobilização
Lula Petrobras Transpetro indústria naval licitação frota
“A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios”, disse o presidente Lula durante o evento do do Programa de Renovação da Frota Naval do Sistema Petrobras. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A Petrobras anunciou, nesta segunda-feira (17), o lançamento da segunda licitação do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras, durante cerimônia em Angra dos Reis (RJ). O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfatizou a importância da indústria naval para a soberania nacional. “A nossa ideia de colocar as coisas nacionais, fabricadas pelas nossas empresas, nos nossos navios, na nossa plataforma, na nossa refinaria, é uma missão que a gente vai cumprir a cada dia”, afirmou Lula.

A nova licitação prevê a aquisição de oito navios gaseiros, ampliando a frota da Transpetro de seis para 14 embarcações e triplicando a capacidade de transporte de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e derivados, de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos. O vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que “a indústria naval é soberania nacional, é tecnologia, é estratégica, é desenvolvimento, está na vanguarda da ciência e gera dezenas de milhares de empregos”.

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, ressaltou a importância do Fundo da Marinha Mercante para impulsionar a indústria naval e o desenvolvimento do setor. “Vamos investir mais de R$ 10 bilhões, com recursos do Fundo da Marinha Mercante, para estimular a indústria naval e fortalecer esse setor, fundamental para a economia brasileira”, afirmou.

Para o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, a licitação evidencia o novo horizonte de crescimento da companhia, e o evento marca a retomada da indústria naval. “Hoje é um dia simbólico, porque o programa de renovação e ampliação da frota do sistema Petrobras evidencia que a promessa está sendo cumprida. Essa indústria gera muitos empregos e melhora a atividade econômica das regiões onde estão instalados os estaleiros, levando o desenvolvimento econômico e social para vários estados brasileiros de Norte a Sul”, detalhou.

De acordo com o coordenador-geral da Frente Única dos Petroleiros, David Bacelar, são mais de 44 mil postos de trabalho que serão gerados pela indústria naval a partir das encomendas da Petrobras. “Nós estamos falando dos estaleiros que estarão em pleno funcionamento, hoje já, com obras e encomendas para o Rio Grande do Sul, para o Espírito Santo, para Santa Catarina, mas chegaremos à Bahia, a Pernambuco, aqui ao Rio de Janeiro. Então, temos motivos de sobra para nós estarmos aqui comemorando a retomada da indústria naval, que será feita a partir da força de trabalho de cada trabalhador e trabalhadora aqui presente”, declarou.

- Publicidade -

Indústria naval do Nordeste

Os estaleiros do Nordeste enfrentarão desafios para participar deste processo. A concorrência internacional, especialmente com países que possuem custos de produção mais baixos, como China e Coreia do Sul, coloca os estaleiros locais em desvantagem. Além disso, a baixa produtividade histórica e a intermitência na demanda dificultam o planejamento e os investimentos de longo prazo necessários para modernização e expansão.

Levantamento divulgado em abril do ano passado pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) mapeou 48 estaleiros brasileiros. A constatação é que pelo menos seis estavam desativados e nove encontravam-se ativos, mas sem demanda de projetos navais.

Entre os estaleiros ativos, mas sem demanda atualmente, estavam os dois maiores do país localizados no Nordeste: Enseada, na Bahia, e o Atlântico Sul, em Pernambuco. Juntos, os dois têm capacidade para processar mais de 200 mil toneladas de aço por ano, ou seja, 40% da capacidade instalada na indústria naval brasileira. Outro estaleiro de grande porte que estava sem demanda é o QGI, no Rio Grande do Norte. Outro, o Brasa, no Rio de Janeiro, encontrava-se desativado, segundo o IBP.

A formação de mão de obra qualificada também é um obstáculo, por causa do déficit de profissionais especializados na indústria naval. Alguns estaleiros, como o Atlântico Sul, em Pernambuco, estão em processo de recuperação judicial e reformularam seus modelos de negócio para focar em reparos de embarcações, o que exige investimentos significativos para reativação e modernização das instalações.

Concorrência internacional

A licitação pública internacional lançada pela Transpetro na manhã desta segunda-feira para a aquisição de oito navios gaseiros com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14 mil metros cúbicos, integra o Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras, que teve início em julho de 2024 e concluiu em janeiro a contratação de quatro navios da classe handy.

Com a contratação, sobe de seis para 14 o número de navios da frota de gaseiros, ampliando a capacidade de transporte de 36 mil para até 108 mil metros cúbicos. “A indústria naval é soberania nacional, é tecnologia, é estratégica, é desenvolvimento, está na vanguarda da ciência e gera dezenas de milhares de empregos. A Petrobras é um orgulho do Brasil”, frisou o vice-presidente Geraldo Alckmin.

A contratação triplica a capacidade da Transpetro de transportar GLP e derivados e permite que a companhia carregue amônia. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o evento marca o fortalecimento da indústria nacional e estimula ainda mais a reindustrialização do país.

“O crescimento vem da retomada de políticas para a cadeia dessa indústria que foi desmantelada no governo anterior. Significa retomar o crescimento da exploração de petróleo, gás natural e fertilizantes. Significa apostar no aumento do conteúdo local. Significa garantir soberania, garantir segurança energética e segurança alimentar”, disse Alckmin.

Lotes da licitação e frota diversificada

Um dos lotes da licitação contempla cinco navios, sendo três embarcações de 7 mil metros cúbicos e duas de 14 mil metros cúbicos de capacidade. Esses gaseiros serão do tipo pressurizado, destinados ao transporte de GLP e derivados. Já o outro lote contempla a aquisição de três navios com capacidade de 10 mil metros cúbicos, do tipo semirefrigerado, que poderão carregar amônia.

As empresas interessadas têm 90 dias para apresentar as propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato. Os demais devem ser entregues sucessivamente a cada seis meses. Os futuros gaseiros serão até 20% mais eficientes em termos de consumo, propiciarão redução de 30% nas emissões de gases do efeito estufa e estarão aptos para atuar em portos eletrificados.

“Não tenham nenhuma dúvida, nós vamos liderar uma transição energética justa no país. Isso é um reaquecimento da indústria nacional brasileira. Nós estamos também assinando protocolos de intenção para reaproveitamento de plataformas Petrobras que estão em fase de desmobilização. Não queremos jogar navios fora, queremos aproveitar esses navios e queremos que eles sejam úteis. Queremos que eles sejam úteis, queremos que eles sejam reaproveitados e queremos que esse reaproveitamento aconteça nos estaleiros nacionais”, assegurou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.

* Com informações da Agência Gov

Leia mais: De 15 estaleiros desativados ou sem demanda, os 3 maiores estão no NE

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -