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Preço da energia sobe no mercado de curto prazo e impacta empresas

A alta do preço da energia no mercado de curto prazo está impactando algumas comercializadoras de energia
Usina de Santo Antonio
A estiagem atingiu os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste e do Norte, como a Usina de Santo Antônio, em Rondônia. Foto: Santo Antônio Energia/Facebook

A estiagem nos reservatórios das principais hidrelétricas do Sudeste-Centro-Oeste e Norte do País resultou na alta do preço da energia no mercado de curto prazo – chamado Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), uma média, que se tornou referência na venda deste produto. O PLD em janeiro, na média em todos os submercados, estava por R$ 61 o megawatt-hora (MWh). Em julho, passou para pouco mais de R$ 87 nos submercados, Sudeste, Sul e Norte. Em agosto, chegou a R$ 118 – nos mesmos três submercados- e em setembro ficou por R$ 307 no SE, S e R$ 316 no Norte.

Cerca de 65% da matriz elétrica brasileira são as hidrelétricas. “Como consequência da estiagem, o Operador Nacional do Sistema (ONS) acionou as térmicas, o que também contribui para elevar o preço da energia elétrica nos últimos meses”, comenta a advogada da comercializadora Elétron Energy, Jullyene Oliveira. Para produzir energia, as térmicas usam como matéria-prima o diesel ou gás natural, ambos mais caros do que a água.

A venda de energia no Brasil acontece em dois mercados: o cativo – formado por consumidores que são obrigados a comprar das distribuidoras, como os clientes residenciais – e o mercado livre, formado por grandes consumidores, como empresas, que geralmente compram energia elétrica em alta tensão e em contatos de longo prazo com o preço mais em conta do que o mercado cativo.

A alta do PLD está impactando muitas comercializadoras de energia e já há pelo menos duas comercializadoras pedindo recuperação judicial no Sudeste. O problema ocorre porque muitas comercializadoras fizeram contratos de venda da energia de longo prazo, mas não compraram toda a energia, quando o preço do PLD estava baixo. Com a atual alta do preço, estas comercializadoras não vão conseguir entregar toda a energia que se comprometeram a vender. Para o leitor entender, elas fizeram estes contratos quando o PLD, que é a referência, estava, por exemplo, em R$ 61 por MWh, mas tiveram que comprar uma parte da energia, no mês passado, quando o PLD estava em R$ 307. O PLD é uma referência, podendo o preço da venda ser maior ou menor.

As advogadas da Elétron Energy, Jullyene Oliveira, e Larissa de Oliveira Santos, falam sobre o impacto que a alta do preço da energia pode ter no setor. Foto: Divulgação

Impacto do preço alto da energia no setor

“O aumento no preço da energia pode causar uma série de prejuízos. Com o custo elevado, a empresa vendedora pode não conseguir entregar toda a energia acordada, e a compradora será forçada a adquirir energia mais cara do que havia planejado. Isso gera dificuldades e incertezas no planejamento financeiro, tanto para quem vende quanto para quem compra”, explica a advogada da Elétron Energy, Larissa de Oliveira Santos.

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“Os nossos clientes não vão sentir impacto. Uma empresa num mercado maduro faz gestão de risco, se preparando para uma alta e também para uma baixa do preço da energia”, comenta Jullyene, acrescentando que quem comprou toda a energia no longo prazo também garante um preço menor. Ela argumenta também a empresa em que ela trabalha também faz uma reserva de energia contratada, fazendo um “estoque” da energia comprada mais barata.

“As empresas também devem fazer contratos robustos para estarem blindadas com as volatilidades do cenário”, complementa Larissa de Oliveira Santos. A Elétron Energy também faz geração energia, principalmente em parques solares fotovoltaicos.

O presidente da comercializadora de energia Kroma, Rodrigo Mello, diz que as empresas têm que ter inteligência de mercado e se antecipar aos movimentos sinalizados pelo mercado. “Cada empresa toma medidas de acordo com o seu portfolio, porque a escassez hídrica leva ao aumento do preço”, comenta, acrescentando que a empresa que atua neste setor tem que ter contratos de hedge que permitam a companhia passar pela crise.

“Não há probabilidade de faltar energia, mas o preço é alto, mas vai baixar”, afirma Rodrigo. A Kroma também vai entregar toda a energia vendida aos seus clientes e possui parques de geração solar fotovoltaica no interior de Pernambuco e do Ceará.

Em julho último, o Brasil tinha 239 comercializadoras de energia cadastradas e ativas na CCEE. Em 2017, eram menos de 100 em todo o País. Em 2021, muitas comercializadoras pediram recuperação judicial por causa do mesmo problema: a estiagem provocou a alta dos preços da energia no mercado de curto prazo.

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