A conta de energia vai ficar mais cara para todos os brasileiros por causa da diminuição das chuvas que está ocorrendo no Sudeste, Centro-Oeste e Norte do País – por causa do clima mais seco – e a entrada em operação de mais termelétricas. No mercado, o megawatt-hora (MWh) que estava por R$ 120 em agosto está sendo comercializado por R$ 320 para os contratos de venda fechados para outubro. E a expectativa é de ficar ainda mais alto próximo ao final do ano, segundo consultores do setor.
No último domingo, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) autorizou a entrada em funcionamento de 6 gigawatts (GW) de térmicas. Para o leitor ter ideia, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) tem uma capacidade instalada para gerar 10 GW, mas produz, em média, cerca de 6 gigawatt-hora (GWh).
O acionamento das térmicas está sendo feito para poupar a água principalmente dos reservatórios do Norte, mas também do Centro-Oeste e Sudeste do País. As hidrelétricas estavam produzindo 48,4% de toda a energia do sistema no último domingo (25). Há consultores argumentando que a bandeira tarifária em breve será vermelha.
Segundo a informações da Kroma Energia, o reflexo da entrada em operação das térmicas será notado de imediato com as bandeiras tarifárias. “O sistema tem um modelo muito sensível, sendo bem mais volátil que o dólar ou o Ibovespa por exemplo”, comenta o presidente da Kroma Energia, Rodrigo Mello.
O preço da energia e o bolso do consumidor
Há duas maneiras do preço alto da energia chegar a conta do consumidor final que compra energia a uma distribuidora, como por exemplo, a Neoenergia Pernambuco no caso dos pernambucanos. A primeira é a bandeira tarifária que tenta repassar o alto de custo da produção de energia já no mês seguinte. Existem três bandeiras: a verde – que não impacta na conta -; a amarela, que trouxe um acréscimo de R$ 1,885 em julho para cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos em julho último. E, por último, a bandeira vermelha pode acrescentar R$ 7,877a cada 100 kWh consumidos.
A outra maneira é embutir o custo das térmicas no reajuste anual das distribuidoras que ocorre uma vez por ano. Tanto a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) quanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) dissolveram os custos das térmicas nos reajustes anuais depois de uma estiagem, como aconteceu, respectivamente, em 2012 e 2020.
Em 2020, o governo federal foi muito criticado por não ter acionado as térmicas assim que ocorreu a sinalização de que iria ocorrer uma grande estiagem. Resultado: teve térmica que foi contratada, quando não era mais necessária, mas a conta resultou em reajustes altos para os consumidores das distribuidoras, fazendo parte do reajuste anual.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, em nota, que não há qualquer problema de atendimento energético e que o Sistema Interligado Nacional (SIN) dispõe de recursos suficientes para atender a demanda por energia.
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