
O Ceará pode se tornar o primeiro estado do Brasil a ter uma usina termelétrica movida a carvão convertida para gás natural. Memorando de Entendimento (MOU) para esta transição energética foi assinado pelo governador Elmano de Freitas e por representantes da Mercúrio Asset, a empresa gestora da Termelétrica Pecém I (UTE Pecém I).
Localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, a UTE Pecém I tem capacidade instalada de 720 megawatts (MW) e fornece suporte ao sistema elétrico do Nordeste por meio de contratos de disponibilidade. As partes agora cooperam a implementação do projeto, que ajudará a impulsionar o desenvolvimento industrial e o mercado de Hidrogênio Verde no Ceará.
Sigla para o termo em inglês Memorandum of Understanding, o MOU é um contrato preliminar que contém os principais termos e condições para a viabilização de um empreendimento. O governador Elmano de Freitas destacou que o empreendimento é inovador. “A substituição do carvão mineral, considerado um dos combustíveis menos sustentáveis para a geração de energia, será um passo importante no processo de consolidação de uma indústria verde no país”, disse.
A Mercúrio é gestora de recursos com expertise em ativos energéticos e que lidera um grupo de grandes investidores na área. Em um encontro preliminar realizado em janeiro, o governo do estado sinalizou que pode contribuir em termos de pesquisas de desenvolvimento,
inovação tecnológica e ações ambientais, mas sem participação financeira direta. A intenção da Mercúrio de, posteriormente, adaptar a termelétrica para produção de hidrogênio verde (H2V) chegou a ser discutida.

Carvão importado para a termelétrica
A Termelétrica Pecém I tem contrato previsto de fornecimento de carvão até 2027. O combustível é importado de países como Colômbia, Estados Unidos, China e Japão. Depois do descarregamento no Porto do Pecém, o mineral é levado por correia transportadora tubular fechada de 12,5 km de extensão até a usina. A capacidade de transporte é de 2.400 toneladas de carvão mineral por hora.
A usina é composta por duas caldeiras ou geradores de vapor, além de duas unidades turbo-geradoras – acionadas por turbinas, capazes de gerar 5.500 gigawatts-hora, o suficiente para abastecer uma cidade com aproximadamente 5,6 milhões de habitantes. A energia gerada é transferida por uma linha de transmissão que se conecta a uma subestação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) a dois quilômetros de distância.
A Termelétrica Pecém I foi adquirida em 2023 pela Mercúrio Partners, por valores não revelados. Antes pertencia à EDP, que iniciou sua construção em 2008. Sua primeira unidade geradora entrou em operação em 2012, com uma capacidade de 360 MW. No ano seguinte, a segunda unidade começou a funcionar, com a mesma capacidade de carga.
A obra gerou um total de cinco mil empregos diretos e 11 mil postos de trabalhos indiretos. O investimento total foi de R$ 3 bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e R$ 556 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

“A transição energética é estratégica para o desenvolvimento do Complexo do Pecém e do Ceará. Ela tem o potencial de movimentar toda uma cadeia verde, que agrega mais valor a produtos e serviços. Nesse sentido, a conversão de carvão a gás natural sinaliza que outras empresas e indústrias estão percebendo que esse movimento é importante para todos”, destaca Hugo Figueirêdo, presidente do Complexo do Pecém.
O Ceará conta, atualmente, com 39 memorandos e 6 pré-contratos assinados com empresas responsáveis por empreendimentos em energias renováveis.
*Com informações do Governo do Ceará
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