De olho num potencial de mais de 100 mil pequenas e médias empresas, companhias lançam suas estratégias para entrar ou captar novos clientes vendendo energia no mercado livre, aquele em que o cliente pode escolher a empresa a qual vai comprar este serviço. Até a tradicional empresa de telecomunicações Vivo fez uma parceria com a geradora Auren para ingressar neste ramo.
Dos cerca de 100 mil clientes que apresentam potencial de fazer parte do mercado livre, 70 mil ainda não fizeram essa migração, segundo informações do CEO da GUD, Fábio Balladi. E deste total, 17% estão no Nordeste com 80% nos Estados de Pernambuco, Ceará e Bahia. A GUD é uma nova comercializadora de energia no mercado livre e nasceu de uma joint-venture formada entre a Vivo e a Auren. Esta última tem a capacidade instalada (para gerar) 8,8 gigawatts (GW). Para o leitor ter uma ideia, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco tem pouco mais de 10 GW de capacidade instalada.
“A venda de energia no mercado livre é um negócio promissor”, diz Fábio. E se tornou mais promissor desde janeiro deste ano, quando todos os consumidores da alta tensão – inclusive as pequenas empresas – passaram a poder escolher se vão migrar para o mercado livre ou continuar no mercado cativo, aquele que o cliente é obrigado a comprar energia de uma distribuidora, como por exemplo a Neoenergia Pernambuco, no caso dos pernambucanos.
Comprar energia no mercado livre tem duas grandes vantagens. O consumidor passa a ter um desconto de 30% no preço, quando compara com o custo que tem ao comprar energia de uma distribuidora. A segunda vantagem é que a compra é somente de energia renovável, o que leva a empresa a ter um consumo mais consciente e com menos emissões de carbono.
Na parceria firmada entre as duas empresas, a Auren produz a energia e a Vivo já entra com o grande time de vendedores que tem espalhados pelo País. “Usamos todos os prédios regionais da Vivo, usando a mesma força de vendas”, comenta Fábio. Em Pernambuco, a Vivo tem 32 vendedores diretos na região metropolitana do Recife e mais 150 indiretos, que são os principais parceiros da empresa no Estado.
Depois do mercado livre para as empresas, o próximo passo é a abertura do mercado de energia para todos os consumidores – incluindo os de baixa tensão, como os residenciais -, que não tem data prevista, mas está a caminho. “Estamos nos preparando para este mercado. E aí temos mais de 113 milhões de assinaturas e um potencial de oferta conjunta de telecomunicações e energia”, explica Fábio. A GUD promete soluções simplificadas e customizadas na compra de energia.
Também prometendo soluções simplificadas na conta de energia, a comercializadora Ecom fez um programa de agentes autônomos, como microempresas, se associando a companhia para indicarem futuros clientes. “Geralmente, essas empresas autônomas têm várias empresas como clientes e aí aumentamos a nossa capilaridade”, diz o gerente comercial da Ecom, Rafael Valim.
Para ele, o maior desafio é levar as informações sobre o mercado livre para as empresas tomarem a decisão. “Os estabelecimentos podem reduzir os seus custos, migrando para o mercado livre, mas muitos não sabem que podem fazer isso”, argumenta Rafael. Segundo ele, a empresa tem um produto específico para os negócios que apresentam uma conta de energia abaixo dos R$ 40 mil por mês.
A Ecom tem investido recursos significativos em sua estrutura e na ampliação de sua equipe de representantes comerciais, chamados de Agentes Ecom, para a realização das atividades voltadas para o mercado livre. Só em 2023, os investimentos somaram mais de R$ 10 milhões em digitalização de seus negócios para facilitar o atendimento.
Com mais de 20 anos de atuação, a Ecom atende mais de duas mil empresas e gerencia mais de 800 pontos de energia em todo o país e promoveu uma economia de R$ 2 bilhões a seus clientes.
Bandeira amarela e o mercado livre
Na conta de quem compra energia de uma distribuidora, o mês de julho terá bandeira tarifária amarela. Com isso, as tarifas dos consumidores serão acrescidas em R$ 1,885 a cada 100 kWh consumidos. O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015, como um mecanismo regulatório, para indicar os custos reais de geração de energia e equilibrar o repasse para as distribuidoras. Elas são divididas em três cores: verde, amarela e vermelha. Nas duas últimas, há uma cobrança adicional na conta de todos os brasileiros do mercado cativo, porque o custo de produção da energia ficou mais alto.
Segundo o gerente comercial da Kroma Energia, Marcílio Reinaux, “além de fugir das cobranças adicionais das bandeiras e ficar livre dos horários de ponta e fora ponta, o mercado livre oferece oportunidades para otimização de recursos e uma melhor gestão energética”. No mercado cativo, os consumidores também pagam mais caro, quando utilizam a energia no horário de ponta, como por exemplo durante às 17h e 20h.
A Kroma é uma empresa pernambucana que começou como comercializadora de energia e tem dois parques de geração: um em Flores, no interior de Pernambuco e outro, no Ceará.
*Com informações da GUD, Ecom e Kroma
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