A empresa de origem cearense Casa dos Ventos anunciou um investimento de R$ 12 bilhões até 2026, diversificando a sua produção de energia. A companhia vai transformar alguns dos seus parques eólicos em híbridos, passando a gerar também energia solar fotovoltaica. Mas não para por aí. Nos planos da organização, está prevista uma planta para a produção de hidrogênio verde e derivados no Porto do Pecém, no Ceará. A empresa teve um papel importante na consolidação das eólicas no Nordeste numa época em que muitos duvidavam da viabilidade econômica deste tipo de geração.
Atualmente, a empresa tem 1,8 Gigawatts de capacidade instalada e 1,3 GW de parques em construção. Tornar os parques híbridos é importante porque a empresa vai ter ganho de escala ao compartilhar os terrenos que usa para produzir energia eólica. Também vai utilizar uma infraestrutura que já existe para escoar a produção. Um dos primeiros parques que vai se tornar híbrido é o Babilônia Sul, na Bahia.
Os primeiros parques solares devem acrescentar cerca de 1 GW de capacidade instalada à Casa dos Ventos. A intenção da empresa é ter 4,2 GW de capacidade instalada até 2026. Os novos investimentos foram impulsionados pela entrada da petrolífera francesa Total Energies, que passou a ser sócia minoritária da Casa dos Ventos desde janeiro do ano passado. “A parceria aprimorou nossa governança corporativa, fortaleceu a competitividade e intensificou nosso ritmo de crescimento, além de ter aportado sinergias técnicas e de conhecimento. Este conjunto de fatores amplia nosso diferencial como protagonista da transição energética no Brasil”, resume o diretor-executivo da Casa dos Ventos, Lucas Araripe.
A companhia também está fazendo uma negociação para instalar um parque eólico em Alagoas, segundo informações do governo de Alagoas. Dentro dos investimentos anunciados pela companhia, também pode ser construído um grande parque solar no Sudeste ou Centro-Oeste. Ainda de acordo com Lucas Araripe, a empresa vai usar entre R$ 3 bilhões e R$ 3,5 bilhões de recursos próprios e o restante deve ser emprestado pelo Banco do Nordeste (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do mercado de capitais.
Há 15 anos atuando na área de eólicas no qual a empresa foi uma das grandes pioineiras no Brasil, a Casa dos Ventos também se expandiu vendendo energia renovável para grandes empresas, no mercado livre, chegando a fazer parcerias para a implantação de parques eólicos, como ocorreu com a Arcelor Mittal do Brasil, que produz aço, e é uma das maiores consumidoras de energia do País. Ela também produz soluções customizadas da venda de energia para empresas na área de mineração, fertilizantes, químico, data center, entre outras.
Casa dos Ventos e a futura produção de H2V
A Casa dos Ventos se prepara para entrar na produção de hidrogênio verde (H2V) e seus derivados, como a amônia verde que pode ser usada na fabricação de fertilizantes. Ainda de acordo com Lucas, a empresa está estudando projetos no mercado doméstico, principalmente destinado ao setor siderúrgico e de fertilizantes.
A produção de hidrogênio e amônia verde no Complexo Industrial do Pecém será destinada ao mercado internacional. “O custo de geração das renováveis no Brasil e o caráter renovável do nosso sistema elétrico, nos posicionam de maneira competitiva globalmente, expandindo nossa atuação para descarbonizar outras geografias que não possuem recursos naturais em escala”, diz Lucas. A exportação de hidrogênio verde pode ajudar a descarbonizar a produção de outros países que não dispõem de energia limpa. O hidrogênio só é considerado verde se for produzido a partir de energia renovável.
A futura planta do Pecém terá a capacidade de 2,4 GW de eletrólise com uma produção prevista de mais de mil toneladas de H2V por dia e 2,2 milhões de toneladas de amônia verde por ano. A previsão é de entrar em operação em 2026. Os projetos de H2V são em parceria com a TotalEnergies.
A companhia é signatária do Pacto Global da ONU e atua alinhada aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e às melhores práticas de ESG, como a preservação dos biomas locais, o desenvolvimento de projetos sociais nas comunidades onde atua, além de contribuir para acelerar o Brasil rumo a uma economia de baixo carbono.
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