Por Juliana Albuquerque
Como já virou tradição no Brasil, nesta sexta (26), acontece a Black Friday no País. Segundo sondagem realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Offer Wise Pesquisas, 57% dos consumidores pretendem fazer compras no período e cerca de 38% vão aproveitar para antecipar as compras do Natal. Mas será que essa antecipação das compras natalinas pode terminar frustrando as expectativas positivas para o varejo brasileiro, que espera faturar cerca de R$ 68,2 bilhões com as compras de Natal?
Para o presidente da CNDL, José César da Costa, a Black Friday é uma das principais datas de vendas do varejo e em nada atrapalha as vendas do Natal. “A Black Friday tem características particulares, o consumidor já se habituou com a data e se programa para aproveitar os preços especiais. Para o comerciante é um período em que ele limpa o estoque, o comércio necessita desse giro para mudar o estoque e trazer as novidades para o Natal”, avalia Costa.
Segundo ele, na Black Friday, há uma tendência grande de compras de eletrônicos, o ticket médio de gastos é maior do que no Natal, onde o consumidor compra vários presentes mais baratos para a família. “Vemos particularidades na forma de consumir em cada data. Pode existir uma antecipação de compras se a promoção valer a pena, mas que não impacta negativamente nas compras de Natal. São duas datas muito importantes para o setor e o varejo conta com as vendas para se recuperar das perdas do último ano”, argumenta o presidente da CNDL
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), Fred Leal, diverge do posicionamento nacional. Para ele, a data tem impacto negativo nas vendas para o Natal. A explicação está na redução do lucro para o lojista. “A Black Friday tem sim um impacto negativo nas vendas de Natal, principalmente para alguns segmentos, como celulares e eletro-eletrônicos, acabam antecipando as vendas, mas com uma margem de lucro bem menor”, comenta Fred Leal, presidente da CDL/Recife.
Segundo levantamento recente da CNDL, sete em cada dez consumidores que pretendem comprar na Black Friday (75%) dizem que estão evitando algum tipo de compra em outubro ou novembro para poder aproveitar a data para comprar itens, como roupas, calçados e acessórios (25%), smartphones (20%) e eletrodomésticos (20%).
Opinião regional
Em Pernambuco, de acordo com pesquisa da Federação do Comércio Varejista de Pernambuco (Fecomércio-PE), 30% dos entrevistados pretendem antecipar as compras natalinas na Black Friday. Apesar do percentual, o economista da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva, não acredita em perdas de faturamento para o varejo em detrimento da antecipação. “Existe sim uma tendência de antecipação das compras de Natal em função da Black Friday, mas nada que venha a ameaçar as vendas estritamente de Natal e Réveillon”, analisa Saraiva. A lógica, segundo ele, é que a Black Friday envolve diversos segmentos, desde farmácia, supermercados, ao varejo de roupas, calçados e eletrônicos, enquanto as do Natal, tem potencial para alavancar as vendas de outros setores.
Em sua análise, o presidente da CDL Natal, José Lucena, compactua com o raciocínio do economista da Fecomércio-PE. Para ele, a Black Friday é avaliada como uma ação promocional de vendas e, mesmo que alguns consumidores aproveitem o momento para antecipar as compras do Natal, ele não compromete as vendas específicas do período.
“É importante destacar que o tipo de produto que se compra na Black Friday é diferente dos que são comprados no Natal. Na Black é produto para si mesmo, no Natal não, são os presentes e as famosas lembrancinhas que se destacam. No comércio e no varejo tem espaço para todas as datas comerciais, cabe ao lojista entender como o jogo funciona, o perfil do consumidor, o que eles estão procurando e se preparar para atender a demanda”, avalia.
Para estimar o comportamento do consumidor da capital de Alagoas, Maceió, no período, o Instituto Fecomércio-AL realizou, nos dias 25 e 26 de outubro, a pesquisa de Intenção de Consumo para a Black Friday. De acordo com o levantamento, 34,13% dos consumidores comprarão itens no período, enquanto 16,87% afirmaram que talvez realizem compras. Com isso, a data deve movimentar R$ 33,5 milhões na economia da capital.
Segundo o presidente da Fecomércio-AL, Gilton Lima, a data contribuirá para o estímulo das vendas e ocorre em um momento em que as perspectivas dos setores é positiva. “A Black Friday vem sendo incorporada à cultura brasileira por uma demanda de mercado. Pela proximidade com o período natalino, a data é, para o comércio em geral, um aquecimento de vendas para o fim de ano”, ressalta Lima.