Varejo cai 2,3%, no pior Natal desde 2008 em PE

Desempenho do varejo neste final de ano reflete endividamento, inadimplência e desemprego elevados no estado
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Varejo vem sendo afetado pelo impacto que a conjunção de endividamento, inadimplência, desemprego e inflação geram sobre o poder de compra/Foto: divulgação Fecomércio-AL

O Natal e Ano Novo de 2023 não serão felizes para os varejistas de Pernambuco. Um estudo da Fecomércio-PE, em parceria com a Ceplan Consultoria, projeta um recuo de 2,3% no faturamento do setor em relação ao ano passado. A receita das vendas do setor no período natalino (que inclui a semana até o réveillon) é estimada em R$ 1,45 bilhão, o pior resultado desde 2008. Naquele ano, no auge da crise financeira que começou nos Estados Unidos e arrastou a economia global, o comércio local faturou R$ 1,42 bi.

O levantamento tem como base as projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). De acordo com o economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, três fatores principais explicam a performance do varejo estadual neste final de ano: endividamento, inadimplência e desemprego elevados em Pernambuco.

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Endividamento e inadimplência estão altos em Pernambuco, o que atrapalha principalmente o consumo a prazo. A razão é simples: os endividados já estão com uma parcela alta da renda comprometida, enquanto os inadimplentes não vão ter acesso ao crédito. É uma situação em que o consumo desses segmentos fica bastante restrito”, afirma.

“Além disso, o mercado de trabalho no estado sofreu bastante no primeiro semestre, demonstrando uma recuperação nessa segunda metade do ano, mas que não deve se refletir em consumo no final de ano, já que os impactos do desemprego dos primeiros seis meses sobre a economia foram grandes e se mantêm”, acrescenta.

Varejo sofre devido a conjunção de variáveis negativas

Economista e sócio na Ceplan, Jorge Jatobá avalia que o varejo estadual vem sendo afetado por “um cenário de inflação, elevado endividamento das famílias e baixo dinamismo do mercado de trabalho“.

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“Pernambuco continua apresentando elevadas taxas de desemprego aberto, chegando a 14,2 % da força de trabalho no segundo trimestre do ano (abril a junho), segundo os dados da PNAD Contínua do IBGE. Além disso, temos altas taxas de informalidade. Esses fatores, somados, retiraram poder de compra da massa de rendimentos dos trabalhadores”, ressalta.

Ele destaca que essas condições resultaram “numa baixa performance do comércio varejista ampliado que acumula queda, em 12 meses, de -0,3%, principalmente na venda de bens semiduráveis e duráveis de consumo tais como veículos, motocicletas, partes e peças, e tecidos, vestuários e calçados”.

Nos últimos meses, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), elaborado pelo Ministério do Trabalho, mostra uma reação na geração de postos de trabalho no estado. Em setembro, por exemplo, Pernambuco foi a segunda unidade da federação em criação de empregos com carteira assinada, com 18,8 mil vagas. Os efeitos dessa recuperação, no entanto, ainda não chegaram ao consumo.

Fecomércio quer resiliência e inovação

O presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE, Bernardo Peixoto, afirma que o comércio local “está diante de um cenário nacional e estadual que demandará resiliência e a capacidade de inovação“.

“São atributos fundamentais para superarmos adversidades circunstanciais e construirmos uma base sólida para o futuro”, analisa. “Os segmentos mais promissores neste período natalino, como hipermercados, supermercados, vestuários e calçados, demonstram que existem nichos de mercado prontos para impulsionar a recuperação”, frisa.

Varejo supermercadista deve movimentar R$ 582 milhões

Conforme as projeções da Fecomércio-PE/Ceplan, os setores que devem liderar as vendas de final de ano são os hipermercados e supermercados (R$ 582,17 milhões), vestuários e calçados (R$ 444,77 milhões) e utilidades domésticas e eletroeletrônicos (R$ 200,97 milhões).

Quanto à contratação de trabalhadores temporários para o Natal de 2023, a CNC projeta a alocação de 2.602 profissionais em Pernambuco. Em primeiro lugar em vagas de final de ano aparecem os hipermercados (1.329 contratações), seguido por lojas de utilidade doméstica e eletroeletrônicos (458) e vestuários e calçados (343).

No estudo, também foi realizada uma sondagem com os consumidores pernambucanos, na qual 73,4% dos entrevistados dizem que pretendem comemorar o Natal e o Réveillon de 2023. Dentre os pesquisados, 60,8% expressaram a intenção de comemorar em casa, enquanto 26,6% devem realizar compras pessoais e 21,1% uma viagem.

Cartão lidera formas de pagamento no varejo

A sondagem também revelou que 49% dos consumidores entrevistados pretendem utilizar o cartão de crédito como forma de pagamento, enquanto 78% planejam utilizar pagamentos à vista. A Fecomércio-PE ressalta que a soma das porcentagens das formas de pagamento ultrapassa 100% devido à possibilidade de consumidores escolherem mais de uma opção de pagamento ao mesmo tempo.

Já o valor médio dos presentes para o fim de ano foi estimado em R$ 158 por consumidor. Os itens mais demandados serão os semiduráveis, como roupas (49%), brinquedos não eletrônicos (28,8%), perfumes e cosméticos (25,3%) e calçados (17,7%).

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