IBGE: Comércio perdeu 7,8% de empresas e reduziu salários em 2020

Pesquisa Anual de Comércio mostra que a pandemia fechou empresas e provocou perdas para os trabalhadores do setor
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

O número de empresas do comércio caiu 7,8% depois da pandemia da covid-19. Essa é a conclusão da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), divulgada nesta quarta-feira (17), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Pandemia provocou perdas de empresas e de salários no Comércio – FOTO: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Segundo a pesquisa, em 2020, o Brasil tinha 1.339.460 empresas comerciais, que somavam 1,5 milhão de lojas em todo o país e empregavam 9,8 milhões de trabalhadores,. No mesmo ano, eles receberam R$ 241,6 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Em 2019 eram 1,4 milhão de empresas e 1,6 milhão de lojas.

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Os salários e o número de empregos também sofreram queda, descontada a inflação, de 5,7%. Na PAC de 2019, havia 10,2 milhões de trabalhadores no comércio aos quais foram pagos R$ 246,4 bilhões em salários e outras remunerações.

Entre os segmentos do comércio que tiveram baixas em 2020, estão o do comércio de veículos, peças e motocicletas, com perda de 9,9%; e o comércio varejista, que caiu 8,7%, frente ao ano anterior. Apenas o comércio por atacado apresentou alta de 1,3% na mesma comparação. O total de unidades locais (lojas) também teve retração de 7%

Queda verificada também queda real de salários, isto é, descontada a inflação, de 5,7%. Na PAC de 2019, havia 10,2 milhões de trabalhadores no comércio aos quais foram pagos R$ 246,4 bilhões em salários e outras remunerações.

Atacado lidera receita das empresas

O comércio por atacado foi responsável por 47,4% da receita operacional líquida de R$ 4,3 trilhões – quase metade do total apurado. Em seguida, veio o comércio varejista (43,9%) e o comércio de veículos, peças e motocicletas (8,7%). Nos dez anos entre 2011 e 2020, o setor automotivo teve perda de representatividade, passando de 14,7% para 8,7% de participação na receita operacional líquida no período. O comércio por atacado, por outro lado, subiu a participação em 3,6 pontos percentuais, de 43,8% para 47,4%, enquanto o comércio varejista avançou 2,4 pontos percentuais (de 41,5% para 43,9%).

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Dos 22 agrupamentos de atividades comerciais, três se destacaram na composição da receita operacional líquida, em 2020: os hipermercados e supermercados (13,6%), revelando alta de 3%; o comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (10,1%), embora com retração de 1,1%; e o comércio por atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo (8,5%), com aumento de 1%.

Margem de comercialização

A PAC 2020 também analisou a margem de comercialização – a diferença entre a receita líquida de revenda e o custo das mercadorias revendidas – e mostrou que as empresas comerciais tiveram R$ 942,7 bilhões, em 2020. Dessas empresas, a maior parcela da margem de comercialização, da ordem de R$ 511,7 bilhões, foi obtida pelo comércio varejista. Seguiram-se o comércio por atacado, com R$364,5 bilhões; e o comércio de veículos, peças e motocicletas, com R$ 66,5 bilhões.

Quase 10% da receita líquida de revenda total foi gerada pelas oito maiores empresas do comércio que responderam, em 2020, por 8,9%o do total – o que corresponde a uma redução de 1,4 ponto percentual diante dos resultados obtidos em 2011.

A redução de concentração foi notada nos segmentos de comércio de veículos, peças e motocicletas (de 5,3% para 3,4%), e de comércio por atacado (de 20,7% para 15,2%). Já o comércio varejista mostrou expansão da concentração de mercado em 10 anos, evoluindo de 8,8% em 2011, para 10,8% em 2020.

Em relação à margem, o destaque ficou com o comércio por atacado de combustíveis e lubrificantes (61,1%), com perda de 11,5 p.p. no indicador entre 2011 e 2020, mas ainda assim mantendo a liderança no ranking de concentração na série de dez anos da pesquisa. A segunda posição, em 2020, foi ocupada pelo comércio varejista de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (43,2%), que subiu da terceira para a segunda posição, com aumento de 11,2 pontos percentuais  na concentração. Em terceiro lugar, o comércio por atacado de mercadorias em geral (33,7%), que apresentou pequena redução no indicador de concentração em dez anos (1,3 ponto percentual).

Sudeste respondeu por metade da receita bruta de revenda

Entre as regiões do país, a análise da PAC 2020 revela que o Sudeste teve, em 2020, a maior receita bruta de revenda do país (49,4%); número de unidades locais (47,7%); pessoal ocupado (50,7%); e salários, retiradas e outras remunerações (55,6%). O ranking permaneceu inalterado a partir de 2011 e é completado, em ordem, pelas regiões Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte.

A sondagem aponta, entretanto, que o Sudeste foi a região que mais perdeu participação em dez anos em cada um desses componentes, com destaque para a redução de 3,5 pontos percentuais em participação na receita.

No Sudeste, a liderança fica com São Paulo (60,8%), seguido de Minas Gerais (19,1%), Rio de Janeiro (13,7%) e Espírito Santo (6,3%). Entre 2011 e 2020, o destaque foi o aumento da participação de Minas Gerais (+1,7 ponto percentual), enquanto o Rio de Janeiro perdeu representatividade (-2,1 pontos percentuais).

Em relação às atividades comerciais, embora a maior parte da receita bruta de revenda da Região Sudeste tenha se concentrado no comércio por atacado (47,6%), a PAC 2020 registrou prevalência do comércio varejista no Rio de Janeiro. Essa atividade representou 57,7% da receita bruta de revenda do estado. 

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