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Às vésperas da COP-30, Lula diz que mundo não pode prescindir do petróleo

O posicionamento de Lula ocorre justamente no momento em a presidência da COP30 propõe uma agenda robusta para acelerar o cumprimento das metas climáticas globais
Lula
Lula sai em defesa da Margem Equatorial/Foto: Agência Brasil

Faltando poucos meses para o Brasil sediar a COP30, em novembro, em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu publicamente a exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira, área marítima que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá, incluindo a foz do Rio Amazonas.

Em entrevista ao podcast Mano a Mano, Lula afirmou que, embora o mundo caminhe para reduzir a dependência de combustíveis fósseis, ainda não há condições estruturais globais para abrir mão do petróleo. Segundo ele, a exploração na Margem Equatorial é estratégica para gerar recursos que financiem a própria transição energética brasileira.

“Sou favorável a que a gente vá trabalhando a ideia de, um dia, não ter combustível fóssil, mas sou muito realista: o mundo não está preparado para viver sem petróleo”, afirmou o presidente. “Se bem empregado, o petróleo pode deixar de ser um combustível tão diabólico.”

Lula argumentou que o Brasil já adota uma matriz energética mais limpa do que muitos países. Citou, como exemplo, a mistura de 30% de etanol na gasolina e 15% de biodiesel no diesel, o que reduz as emissões de gases de efeito estufa.

Para ele, a exploração do petróleo da Margem Equatorial não deve ser descartada, desde que haja rigor ambiental e compromisso com a mitigação de impactos.

“A gente não pode abdicar dessa riqueza. O que podemos é assumir um compromisso de que nada será feito para causar qualquer dano ao meio ambiente”, reforçou Lula.

O presidente também rebateu críticas sobre o interesse brasileiro em explorar petróleo enquanto outros países continuam fazendo o mesmo.

“O Brasil não vai deixar de explorar riquezas enquanto Estados Unidos, França, Noruega e Catar continuam explorando. Precisamos do petróleo para muita coisa. Principalmente para exportar e para financiar a nossa transição energética”, completou.

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A COP30 e a pressão por uma agenda climática ambiciosa

O posicionamento de Lula ocorre justamente no momento em que o governo brasileiro, na presidência da COP30, propõe uma agenda robusta para acelerar o cumprimento das metas climáticas globais. A proposta foi apresentada nesta semana pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da conferência.

O Brasil apresentou um documento com 30 ações concretas, distribuídas em seis eixos estratégicos, que visam implementar o Balanço Global (GST) do Acordo de Paris. A proposta busca transformar o GST em uma espécie de meta global vinculante, indo além dos compromissos individuais de cada país.

Entre as ações prioritárias estão:

  • Triplicar as energias renováveis no mundo;
  • Acelerar tecnologias de emissão zero;
  • Abandonar os combustíveis fósseis de forma justa e ordenada;
  • Investir na preservação de florestas, oceanos e biodiversidade;
  • Transformar a agricultura e os sistemas alimentares;
  • Fortalecer financiamento climático, inovação e bioeconomia.

Corrêa do Lago destacou que a diferença da COP30 será a busca por uma implementação concreta das metas, superando o ciclo de negociações sem resultados práticos, que tem sido alvo de críticas nas conferências anteriores.

“A principal reclamação é que se assina documento e nada acontece. Por isso, estamos construindo uma arquitetura para acelerar a implementação do GST, aprovado por 198 países”, afirmou o embaixador.

O encontro, que acontecerá em novembro, reunirá chefes de Estado, setor privado, academia e sociedade civil para discutir como alinhar desenvolvimento econômico e justiça climática, especialmente na região amazônica.

Desafio: conciliar exploração e preservação

A defesa da exploração de petróleo na Margem Equatorial, feita por Lula, escancara o desafio que o Brasil terá na COP30: como equilibrar a exploração de recursos fósseis com a defesa da sustentabilidade, da biodiversidade e da redução das emissões de carbono.

A agenda climática brasileira busca se apresentar como uma vitrine global de desenvolvimento sustentável, mas, ao mesmo tempo, enfrenta críticas sobre possíveis contradições ao apostar em novas frentes de exploração de petróleo, especialmente na Amazônia Azul.

*Com informações da Agência Brasil

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