
A Petrobras vai avaliar a qualidade dos reservatórios localizados na costa do Rio Grande do Norte e sua viabilidade técnico-comercial, a partir das descobertas feitas nos poços Pitu Oeste e Anhangá, situados dentro da Margem Equatorial brasileira — considerada uma nova e promissora fronteira em águas ultraprofundas. A informação consta do Relatório de Sustentabilidade da companhia, divulgado nesta segunda-feira (16).
Os avanços na exploração de petróleo no Nordeste fazem parte do Plano de Negócios 2025-2029 da Petrobras, que destina R$ 3 bilhões à Margem Equatorial, abrangendo áreas do Rio Grande do Norte ao Amapá. Segundo o documento, além das descobertas realizadas em 2024, a empresa promoveu simulações ambientais e ampliou iniciativas socioambientais na região Nordeste.
Segundo a Petrobras, o poço Anhangá (1-BRSA-1390-RNS) foi perfurado em lâmina d’água de 2.196 metros, a cerca de 190 km da costa do Ceará e 250 km de Natal, alcançando reservatórios turbidíticos de idade albiana. Essa característica geológica, até então inédita na Bacia Potiguar, é semelhante àquelas encontradas nas bacias da Guiana e do Suriname.
Águas ultraprofundas da Bacia Potiguar
A prospecção, viabilizada por modelagem geológica avançada, integração sísmica 3D e tecnologias de perfuração em alta profundidade, reforça o potencial da Margem Equatorial como uma nova fronteira de produção offshore no Brasil. Foi a segunda descoberta na Bacia Potiguar em 2024, precedida pela comprovação da presença de hidrocarboneto no Poço Pitu Oeste, localizado na Concessão BM-POT-17, a cerca de 24 km de Anhangá.
No campo da pesquisa, a Petrobras liderou duas expedições científicas à Margem Equatorial com o navio Vital de Oliveira, operado em parceria com o Cenpes, o Serviço Geológico do Brasil e universidades brasileiras. Um dos objetivos da missão foi ampliar a participação de estudantes e instituições do Nordeste em estudos sobre o ambiente marinho e a biodiversidade, contribuindo para a formação de conhecimento científico e a preservação dos ecossistemas costeiros.
No Ceará, por exemplo, a companhia realizou em abril deste ano uma simulação de vazamento de petróleo no bloco POT-M-762, a 85 km da praia de Ponta Grossa, no município de Icapuí. O exercício mobilizou 440 pessoas em dois dias de operação, com ações de contenção, recolhimento de óleo e atendimento à fauna, utilizando aeronaves, drones, embarcações e viaturas terrestres. A ação também envolveu equipes no Rio de Janeiro, evidenciando a capacidade da empresa em responder a emergências ambientais.
Outras ações de sustentabilidade da Petrobras no Nordeste
A estratégia da Petrobras na região vai além da exploração. No Rio Grande do Norte, a Usina Fotovoltaica Alto do Rodrigues segue operando como planta piloto de energia solar e abrigará novo projeto de pesquisa em hidrogênio renovável, com investimento previsto de R$ 90 milhões. Já na Bahia, a usina de biodiesel em Candeias produziu 75.758 m³ em 2024, com apoio a cooperativas locais para coleta de óleo residual.
As ações de responsabilidade social também foram ampliadas. Entre os projetos em andamento, destaca-se o Vale Sustentável, voltado à mitigação da desertificação no semiárido potiguar, e o Abraça Caípe, que levou infraestrutura de lazer e esporte a mais de 5 mil moradores em São Francisco do Conde (BA). Em Madre de Deus, um convênio firmado com a prefeitura reforçou programas de capacitação profissional e educação ambiental.
O fortalecimento da atuação da Petrobras no Nordeste também se reflete nos dados de empregabilidade. Em 2024, a região concentrou 9,7% do total de empregados da companhia, consolidando-se como território estratégico para as operações de energia e transição energética.
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