
Apesar da expectativa do governo federal sobre uma possível queda no preço do ovo após a Páscoa, produtores da avicultura não demonstram o mesmo otimismo quanto a uma redução significativa para o consumidor final.
A projeção de alívio no valor foi apresentada na quarta-feira (9) pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Segundo ele, uma série de fatores estaria contribuindo para essa tendência, envolvendo um dos maiores desafios do governo Lula: o custo da alimentação básica.
De acordo com o ministro, já é possível observar uma leve deflação tanto no atacado quanto no varejo. Ele atribuiu essa movimentação ao aumento da procura durante a Semana Santa, período em que muitas famílias priorizam esse item como principal fonte de proteína, ajudando a escoar estoques mais caros.
Outro ponto destacado foi a expectativa de alta na produção, impulsionada por condições climáticas mais favoráveis a partir de abril. Com temperaturas amenas, as aves devem intensificar a postura, ampliando a oferta nos próximos meses.
Para setor produtivo, não é bem assim
No entanto, representantes do setor produtivo alertam que os custos continuam em alta, o que dificulta qualquer projeção mais otimista. Lula Malta, diretor de ovos da Associação Avícola de Pernambuco (AVIPE), explicou que o aumento nos insumos ainda pressiona a cadeia.
“Antes dessa subida nos preços ao consumidor, um saco de farelo de milho, usado na alimentação das galinhas, custava cerca de R$ 70. Hoje, chega a R$ 105”, afirmou Malta.
“Mesmo com uma queda nos preços de atacado e varejo, é precipitado afirmar que haverá um recuo expressivo nas gôndolas. Há variáveis importantes, como transporte, mão de obra e exportações”, acrescentou.
Preço do ovo vira símbolo da inflação e preocupa o Planalto
Nos últimos meses, o tema tem ganhado espaço nos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que busca alternativas para conter o avanço dos preços no setor de proteínas. O mandatário demonstrou preocupação com os valores praticados no mercado interno e cobrou explicações.
“Não tem explicação. Alguém está passando a mão. E nós queremos saber quem é. A carne vai baixar, vocês podem ter certeza de que vão voltar a comer picanha outra vez”, afirmou Lula em evento realizado em Sorocaba (SP).
Exportações de ovo batem recorde em março
Mesmo com a alta de 13,3% em março o Brasil registrou um crescimento expressivo nas exportações de ovo. No mesmo período, foram embarcadas 3.770 toneladas de ovos, contra 853 toneladas no mesmo período de 2024 — um aumento de 342,2%, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Os Estados Unidos lideraram as compras do ovo brasileiro. No acumulado do ano, entre janeiro e março, as exportações somaram 8,6 mil toneladas de ovos, representando alta de 97,2% em comparação com o mesmo intervalo de 2024. A receita com as exportações de ovo também aumentou 116,1%, totalizando US$ 17,77 milhões.
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