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O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Nordeste apresentou um desempenho superior à média nacional em 2024, segundo levantamento da TTR Data, plataforma especializada no setor, com análise da Deloitte Brasil. A quantidade de transações na região recuou 16% em comparação com 2023, enquanto, no Brasil, a queda foi de 23% no mesmo período.
Bahia, Pernambuco e Ceará concentraram 75% das operações de M&A no Nordeste, região que representou 9% do total de fusões e aquisições no país em 2024. O setor de Energia e Infraestrutura respondeu por 20% das transações na região, impulsionado pelo avanço de projetos de energia renovável, infraestrutura portuária e hubs tecnológicos. Nacionalmente, os setores com maior volume de transações foram Tecnologia da Informação (30%), Bens e Serviços de Consumo (14%) e Serviços Financeiros (13%).
O sócio de Corporate Finance da Deloitte, Reinaldo Grasson, avalia que, apesar do recuo no número de fusões e aquisições, o Nordeste manteve um volume expressivo de investimentos estratégicos em setores de alto impacto. “Parte dessas operações está vinculada à energia renovável e à expansão de infraestrutura, áreas que fortalecem a competitividade da região. Para garantir crescimento sustentável, é fundamental seguir atraindo investimentos voltados à inovação e competitividade”, afirmou.
O protagonismo do Nordeste em setores estratégicos como Energia e Infraestrutura também tem se refletido no avanço de projetos de hidrogênio verde e na expansão de hubs de tecnologia. Segundo Edson Cedraz, sócio-líder da Deloitte para Norte, Nordeste e Brasília, essa movimentação amplia o ambiente de negócios e atrai novos investimentos.
“A expansão de ecossistemas como o Porto Digital, em Recife, fortalece a conexão entre empresas e startups, incentivando a inovação e aumentando a competitividade”, destacou. Com condições naturais favoráveis, como fortes ventos e alta incidência solar, o Nordeste segue como um polo atrativo para energia eólica e solar fotovoltaica, consolidando-se como destino estratégico para investimentos em infraestrutura e tecnologia.
Os exemplos de fusões e aquisições ocorridos no Ceará ao longo de 2024 reforçam esse cenário dinâmico. O setor alimentício demonstrou dinamismo com a parceria entre o Grupo Turatti e a Cervejaria 5 Elementos, firmada em fevereiro de 2024. Em março, a rede Green Life adquiriu a academia R2, localizada no Shopping Riomar Fortaleza, evidenciando o crescimento do setor de saúde e bem-estar.
Já no setor imobiliário e turístico, a Construtora Moura Dubeux adquiriu o Hotel Fortaleza em abril, ampliando sua presença no mercado regional. Outro movimento importante foi a compra da Indústria Metalúrgica Indumetal pelo Grupo Aço Cearense, concluída em maio, demonstrando o fortalecimento do setor industrial cearense.
Fusões são oportunidades para a região
O interesse dos investidores no Nordeste pode ser atribuído a fatores estratégicos e econômicos que impulsionam a atratividade da região. Setores como agronegócio, energia, saneamento, logística e turismo têm despertado atenção pelo potencial de crescimento e pelas oportunidades de investimento. Além disso, o avanço da infraestrutura tem sido um diferencial competitivo, com aportes significativos em portos, rodovias e aeroportos, a exemplo do Complexo de Suape, em Pernambuco, que amplia a conectividade regional e melhora o escoamento da produção.
Outro fator relevante é a política de incentivos fiscais adotada por governos estaduais, que oferecem reduções do ICMS e programas específicos para atrair empresas, além de parcerias público-privadas que fortalecem o ambiente empresarial. O Nordeste também se destaca pelo custo competitivo, com um custo de vida mais baixo e preços imobiliários acessíveis, tornando-se uma alternativa econômica para investidores em comparação com outras regiões brasileiras e até mesmo com destinos internacionais.
O crescimento econômico da região também tem sido um atrativo, impulsionado por grandes projetos industriais e agrícolas que geram empregos diretos e indiretos, aumentando a renda disponível e fortalecendo o mercado interno. Além disso, investimentos estrangeiros diretos (IED) têm se intensificado, especialmente nos segmentos de energia renovável e tecnologia avançada, trazendo inovações que podem gerar impactos positivos na economia local.
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