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Expansão imobiliária e aeroporto até 2025 mudam padrão do Litoral Norte de AL

Litoral Norte tem sido opção turística além de Maceió e tem captado diversos investimentos ao longo dos últimos anos
Maragogi Alagoas Litoral Norte
Maragogi, no Litoral Norte, faz divisa com Pernambuco, e é o segundo destino mais visitado em Alagoas, ficando atrás da capital Maceió. Foto: WS Bahia/Divulgação

Os municípios do Litoral Norte de Alagoas vêm nos últimos anos experimentando uma ascendência de crescimento puxado por grandes empreendimentos e obras estruturantes, o que posiciona a região como uma das mais estratégicas para o desenvolvimento do carro-chefe da economia alagoana: o turismo.

Além do aeroporto que está em construção no município de Maragogi, a região receberá cinco novos hotéis e está na mira de grandes investidores, como a Neymar Sports, que anunciou um investimento de R$ 7,5 bilhões na construção de 28 empreendimentos imobiliários na faixa que se estende até o Litoral Sul pernambucano.

Saindo de Maceió em direção a Pernambuco pela AL-101 Norte, a faixa litorânea que margeia os municípios que se estendem entre a Barra de Santo Antônio até Maragogi vem ganhando destaque pelo crescimento turístico, um potencial natural da região, que possui o segundo maior banco de arrecifes do mundo, a Costa dos Corais.

O governo de Alagoas toca a obra de duplicação da rodovia, que será expandida entre Maceió até Barra de Camaragibe, em São Miguel dos Milagres. O projeto prevê a implantação de vias duplas, com cinco acessos, ligando a nova via à rodovia já existente em pistas simples, num trajeto total de cerca de 30 quilômetros.

Já em Maragogi, o Departamento de Estradas e Rodagens de Alagoas (DER), realiza uma das maiores obras anunciadas, que é a construção do aeroporto de Maragogi, o segundo do estado. A obra foi anunciada pelo então governador Renan Filho em 2021 e foi retomada pelo atual governador Paulo Dantas em outubro do ano passado. Serão R$ 400 milhões investidos, de recursos do Tesouro Estadual, no empreendimento.

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De acordo com o DER/AL, o aeroporto ficará situado às margens da AL-101 Norte, no lado esquerdo de quem trafega indo para Pernambuco. O projeto possui três etapas e atualmente as obras estão na fase 01, onde são realizadas obras de terraplanagem e drenagem do solo. O Departamento afirmou que esta é a parte mais demorada, visto que a quadra chuvosa interrompeu os serviços, que serão retomados nos próximos meses.

Aeroporto de Maragogi
Aeroporto de Maragogi ficará próximo à AL-101 Norte e receberá voos charter; previsão é que obras sejam concluídas em 2025. Foto: Thiago Sampaio

As fases 2 e 3 ocorrerão de forma simultânea e preveem a construção do terminal de passageiros e pavimentação da pista de pouso e decolagens, além da implantação e pavimentação da via de acesso e serviços complementares. “Essa etapa de terraplenagem é ponto primordial, pois as camadas inferiores da pista precisam estar perfeitas para absorver as cargas, impacto dos pousos e decolagens”, explicou o DER.

O aeroporto de Maragogi contará com um terminal de embarque e desembarque de passageiros, uma pista de pouso e decolagem de 2.200 metros, além de um pátio para abrigar duas aeronaves simultaneamente, situados numa área de 340.888 hectares, de acordo com estudo topográfico. Está prevista ainda a possibilidade de operação de um terminal de transporte de cargas para atendimento da demanda oriunda do Porto de Suape, localizado em Pernambuco.

Hotéis e resorts ampliam busca pelo Litoral Norte

Além de obras estruturantes, a região vem recebendo nos últimos anos diversos empreendimentos hoteleiros, o que tem transformado a realidade de municípios com ares interioranos e de vilas de pescadores pouco conhecidas em praias badaladas por quem busca por destinos turísticos paradisíacos.

Até 2026, a região deve receber cinco novos hotéis e resorts, segundo dados da Secretaria de Estado do Turismo de Alagoas. “Alagoas tem se destacado positivamente no turismo e cada vez mais estamos conquistando mais voos diretos, mais empreendimentos hoteleiros, e principalmente mais turistas nacionais e internacionais.

Segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV), a cada 1 real investido no turismo, 20 reais retornam para a sociedade. Não conheço outra atividade que dê tanto retorno como o turismo”, destacou a secretária de Turismo, Bárbara Braga.

Oikos Maragogi GAV Resorts
Com arquitetura futurista, o grupo GAV Resorts lançará em 2025 o Oikos Maragogi GAV Resorts no litoral norte de Alagoas. Foto: Divulgação

O grupo Ritz está construindo dois empreendimentos, ambos situados na praia de Carro Quebrado, na Barra de Santo Antônio. O Ritz Carro Quebrado, tem previsão para 768 quartos e 1.536 leitos. Com o mesmo nome, mas numa proposta de um estilo mais aconchegante, a rede também lançará o Ritz Carro Quebrado Pousada, que tem previsão de 184 quartos e 368 leitos.

A rede Salinas, que já possui duas unidades resort all inclusive no estado – uma em Maragogi e outra em Maceió, construirá mais uma unidade no município de São Miguel dos Milagres. Ainda não há detalhes de capacidade e início de operação.

Já Maragogi vai receber uma unidade do grupo Ibis, o Styles Resort Maragogi. A proposta do grupo Accor é um novo estilo de resort a um preço atraente, com um hotel projetado à beira-mar. A previsão é que ele entre em operação ainda este ano.

Também apostando no alto padrão de acomodações, o grupo GAV Resorts lançou este ano o Oikos Maragogi GAV Resorts. Segundo a empresa, o empreendimento ficará localizado à beira-mar e terá uma arquitetura futurista e será dividido em dois blocos, com 362 apartamentos. A previsão para inauguração é 2027.

Outro grande player do mercado de investimentos, a Neymar Sports, em parceria com a DUE anunciaram que pretendem construir 28 empreendimentos, que possuem Valor Geral de Venda (VGV) de aproximadamente R$ 7,5 bilhões. A Rota Due abrange o trecho que vai das praias pernambucanas de Muro Alto, Porto de Galinhas e Carneiros até o litoral norte alagoano de Maragogi, Antunes e Japaratinga. Até o momento, dez desses residenciais encontram-se em construção em Muro Alto e Carneiros, com entrega dos primeiros prevista para o segundo semestre de 2024.

Serão oferecidos apartamentos que variam de tamanho e de preço, desde os de 25 metros quadrados (R$ 300 mil) até os de 218 metros quadrados, com direito a seis quartos e valor que pode chegar a R$ 6 milhões.

Segundo o economista Cícero Péricles, os investimentos do poder público têm sido importantes para melhorar a infraestrutura da região e garantir que outros empreendimentos tenham confiança em investir no local.

Ele lembrou ainda do investimento feito pela Equatorial em construir uma subestação elétrica para eliminar um gargalo histórico de desabastecimento de energia em épocas de alta temporada.

A subestação Costa dos Corais fica localizada no município de Porto de Pedras e tem potência de 12,5 MVA, além de quatro Linhas de Distribuição com 46 km em extensão. Foram investidos pela companhia R$ 26,7 milhões e ela beneficia 46.830 unidades consumidoras das cidades de Porto Calvo, São Miguel dos Milagres, Passo de Camaragibe, Japaratinga, Maragogi, Jacuípe e Jundiá.

“A região Norte de Alagoas vem recebendo investimentos em sua infraestrutura que influenciam a economia, tanto dos seus municípios litorâneos como os localizados mais no interior. As obras de infraestrutura sinalizam o esforço do setor público, assim como da empresa de energia elétrica, para que os municípios do Litoral Norte garantam a permanência de empreendimentos já instalados e tenham melhores condições de receber novos investimentos, principalmente do setor turístico, que é, atualmente, o segmento de maior expectativa de crescimento na região”, explicou.

Litoral Norte concentra boa parte dos investimentos em AL

Em meados de 1990, a crise no setor sucroalcooleiro deu seus primeiros sinais de retração, o que beneficiou a demanda de investimentos em turismo em Alagoas, relembra Péricles.

Segundo o economista, com a perda de usinas e destilarias, os nove municípios litorâneos passaram a representar o centro dinâmico dessa região, com a construção, relativamente rápida, da infraestrutura turística para atender a uma demanda crescente. “Esse trecho do litoral alagoano era, até recentemente, sempre lembrado pelo “potencial turístico”, devido a beleza de suas praias, dos coqueirais, de pedaços da Mata Atlântica, dos mangues, assim como pela sua gastronomia. Esse “potencial” se transformou em realidade nestas duas décadas recentes”, explica.

Maragogi e São Miguel dos Milagres foram os primeiros municípios a despontar como opções além de Maceió na oferta turística do estado e acabaram puxando outros destinos para a lista robusta de lugares paradisíacos que todo turista precisa conhecer.

“O crescimento da região Norte pelo turismo tem estimulado outras áreas da economia estadual. O litoral Sul de Alagoas tende a ampliar o seu atual papel de segundo polo turístico, pelas suas características parecidas com as do Litoral Norte, como as paisagens naturais de praias tropicais e conexão rodoviária com a capital”, avalia Péricles.

Segundo ele, apesar de possuir uma infraestrutura turística menor que a do Norte, essa região está sendo beneficiada pelo início da construção da ponte sobre o rio São Francisco, ligando Penedo a Neópolis, em Sergipe, que ampliará o movimento rodoviário na região, assim como pelo anúncio do avanço da duplicação da AL-101 Sul, em direção a Penedo, facilitando a conexão com a infraestrutura da principal porta de entrada, que é Maceió.

“Estes dois investimentos ajudam a explicar o crescimento no número de projetos turísticos anunciados para essa região”, destaca o economista.    

Economista Cícero Péricles
Economista Cícero Péricles explica ascensão do Litoral Norte e seu posicionamento no turismo e na economia alagoana. Foto: Sandro Lima

Quais são os desafios do Litoral Norte? Economista explica

Apesar de toda pujança e potencial turístico, a região ainda possui grandes desafios, sendo o desenvolvimento urbanístico e o controle social por meio de políticas de segurança pública algumas das principais dificuldades a serem superadas a médio e longo prazo.

“O maior problema da região é a falta de ordenamento, de planejamento desse crescimento. É visível a perda de qualidade de seu meio ambiente com o desmatamento de suas reservas florestais e derrubada sistemática de seus coqueirais, aterramento de mangues, poluição de suas praias com águas urbanas, em decorrência da falta de saneamento, e outros problemas ambientais”, analisa o economista.

Outro ponto destacado é o esforço dos municípios em salvaguardar as origens territoriais da população, tendo em vista que a vinda de grandes empreendimentos para estes locais tende causar o fenômeno da gentrificação, processo caracterizado pela valorização de uma área e o consequente aumento do custo de vida na região. “Parte de sua população, principalmente a dos habitantes próximos às praias, tendem a ser deslocados para outras áreas.  É preciso também observar as questões ambientais e sociais, que parecem ser o desafio do Litoral Norte para a sua principal atividade no médio e longo prazo”, avaliou.

Leia mais: Com turismo em alta, Alagoas ganhará 16 novos hotéis até o final de 2026

Equatorial investe R$ 1,7 bi em AL e vai inaugurar 3 novas subestações

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