Contas externas têm déficit de US$ 1,6 bi em novembro

Recuo de 9,6% das importações diante de uma queda de 1% nas exportações contribuiu para que o Brasil tivesse o melhor resultado nas contas externas em um mês de novembro desde 2016
Contas externas: Fernando Rocha (BC) afirma que as transações correntes tem um cenário atual bastante robusto
Contas externas: Fernando Rocha (BC) destaca que as transações correntes têm um cenário atual bastante robusto, com déficits decrescentes e baixos/Foto: Banco Central (Divulgação)

Com Agência Brasil

O Brasil fechou as contas externas em novembro de 2023 com um déficit de US$ 1,553 bilhão nas contas externas. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (3) pelo Banco Central (BC). O resultado foi ligiramente inferior ao registrado no mesmo mês de 2022 (US$ 1,674 bilhões) nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países. 

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Este foi o menor saldo negativo nas transações correntes para o mês novembro desde 2016, quando o déficit foi de US$ 879 milhões.

A redução reflete a melhora do saldo da balança comercial, que apresentou crescimento de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bi), graças a uma redução das importações (9,6%) bastante superior ao recuo discreto das exportações (1%).

Já as maiores contribuições para o déficit nas contas externas vieram de serviços (US$ 921 milhões), pagamento de juros e lucros e dividendos de empresas/renda primária (US$ 640 milhões) e renda secundária (US$ 322 milhões).

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Nos 12 meses encerrados em novembro passado, o déficit em transações correntes foi US$ 33,655 bilhões, o equivalente a 1,56% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos 12 meses encerrados em outubro, o saldo negativo ficou em US$ 33,776 bilhões (1,59% do PIB). Na análise de 12 meses encerrada em novembro de 2022, o saldo negativo foi de US$ 49,906 bilhões (2,59% do PIB). 

Já no acumulado de janeiro a novembro de 2023, o déficit atingiu US$ 22,200 bilhões, praticamente a metade do saldo negativo registrado nos mesmos 11 meses de 2022 (US$ 42,165 bi). 

O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, afirma que “as transações correntes tem um cenário atual bastante robusto, com déficits decrescentes e baixos, principalmente em razão dos resultados positivos da balança comercial”.

Balança comercial contribui para melhora das contas externas

As exportações de bens totalizaram US$ 28,104 bilhões em novembro passado, queda de 1% em relação a igual mês de 2022.

As importações, por sua vez, recuaram bem mais (9,6% na comparação com novembro de 2022), totalizando US$ 21,431 bilhões, o que contribuiu para amenizar o impacto da diminuição da receita de exportações e levar o país a ter um resultado positivo na balança comercial.

Com esses resultados, a balança comercial fechou novembro com superávit de US$ 6,673 bilhões. Esse foi o maior saldo positivo para o mês de novembro na série histórica do BC iniciada em 1995. Em novembro de 2022, o superávit foi de US$ 4,669 bilhões no mesmo mês de 2022. 

Enquanto isso, o déficit na conta de serviços – viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre outros – somou US$ 3,552 bilhões em novembro, ante os US$ 2,631 bilhões em igual mês de 2022. Houve redução no déficit em transporte e viagens e aumento em aluguel de equipamentos. 

O déficit na rubrica de transportes passou US$ 1,488 bilhão em novembro de 2022 para US$ 934 milhões no mesmo mês de 2023, recuo de 37,2%. Mês a mês, a melhora vem sendo influenciada por gastos menores em fretes, que tiveram redução devido à queda nos preços internacionais, além de queda das quantidades importadas.

No caso das viagens internacionais, a conta vem em trajetória de recuperação, ainda que com o crescimento do déficit em patamares inferiores ao período antes da pandemia da covid-19. Entretanto, em novembro, o déficit na conta de viagens fechou o mês com recuo de 17,8%, chegando a US$ 527 milhões, ante déficit de US$ 641 milhões em novembro de 2022.

As receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil cresceram 39,1% na comparação interanual e chegaram a US$ 616 milhões em novembro do ano passado, contra US$ 443 milhões no mesmo mês de 2022. As despesas de brasileiros no exterior passaram de US$ 1,084 bilhão em novembro de 2022 do ano passado para em US$ 1,143 bilhão no mesmo mês de 2023, aumentando em menor proporção, em 5,5%. 

Já em aluguel de equipamentos, as despesas líquidas somaram US$ 862 milhões, aumento de 41,5% em comparação a novembro de 2022, que foi US$ 609 milhões, o que explica, em parte, o aumento de déficit na conta de serviços. Essa rubrica está associada ao aumento da atividade produtiva.

Também contribuiu o aumento de despesas líquidas com serviços de telecomunicação, computação e informações, que somaram US$ 706 milhões em novembro de 2023, ante US$ 205 milhões em novembro de 2022. Segundo Fernando Rocha, a conta de serviços de telecomunicação é formada, especialmente, por remunerações de uso de softwares de grandes plataformas, de negócios no Brasil que pagam esse serviço para a matriz ou empresas fornecedoras no exterior.

Desempenho da renda primária nas contas externas

Em novembro de 2023, o déficit em renda primária – lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários – chegou a US$ 4,650 bilhões, aumento de 16% ante os US$ 4,010 bilhões no mesmo mês de 2022. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há mais investimentos de estrangeiros no Brasil – e eles remetem os lucros para fora do país – do que de brasileiros no exterior. 

As despesas líquidas com juros passaram de US$ 882 milhões em novembro de 2022 para US$ 1,014 bilhão no mês passado. No caso dos lucros e dividendos associados aos investimentos direto e em carteira, houve déficit de US$ 3,677 bilhões no mês de novembro do ano passado, frente aos US$ 3,140 de déficit observado em novembro de 2022.

A conta de renda secundária – gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens – teve resultado negativo de US$ 24 milhões no mês de novembro do ano passado, contra superávit US$ 298 milhões em novembro de 2022. 

Investimentos devem chegar a US$ 60 bilhões 

Os ingressos líquidos em investimentos diretos no país (IDP) foram ligeiramente superiores na comparação interanual. O IDP somou US$ 7,780 bilhões em novembro último, ante US$ 7,583 bilhões em novembro de 2022, o maior para o mês de novembro desde 2019 (US$ 8,7 bilhões).

O IDP acumulado em 12 meses totalizou US$ 57,718 bilhões (2,68% do PIB) em novembro de 2023, ante US$ 57,522 bilhões (2,71% do PIB) no mês anterior e US$ 77,063 bilhões (4,01% do PIB) no período encerrado em novembro de 2022. 

A previsão do BC é que os investimentos diretos no país cheguem a US$ 60 bilhões em 2023, segundo o último Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro. Para 2024, o IDP deve chegar a US$ 70 bilhões.

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