Juros básicos da economia caem para 11,75%

Por Agência Brasil O Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (13) o quarto corte em sequência da taxa de juros básicos. Com isso, a Selic cai para 11,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pelo novo corte de 0,5 ponto percentual, por unanimidade, seguindo tendência que já era prevista pelos economistas e analistas […]
Juros básicos tem quarta redução seguida com Roberto Campos Neto à frente do BC
Juros básicos: Roberto Campos Neto comandou reunião para quarta redução da Selic em 2023/Foto: Rafael Ribeiro (Banco Central)

Por Agência Brasil

O Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (13) o quarto corte em sequência da taxa de juros básicos. Com isso, a Selic cai para 11,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu pelo novo corte de 0,5 ponto percentual, por unanimidade, seguindo tendência que já era prevista pelos economistas e analistas do mercado financeiro. O colegiou tomou como base o comportamento dos preços.

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Logo após a reunião, o Copom informou, por meio de comunicado, que continuará a promover novos cortes de 0,5 ponto nas próximas reuniões, mas não detalhou quando vai encerrar este ciclo de redução dos juros básicos. Segundo o BC, o momento dependerá do comportamento da inflação no primeiro semestre de 2024.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, antevêem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

O comitê enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária”, ressaltou o Copom.

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A taxa está no menor nível desde maio do ano passado, quando também estava em 11,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.

Por um ano, de agosto do ano passado a agosto deste ano, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas.

Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.

Juros básicos como remédio para inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em novembro, o indicador ficou em 0,28% e acumula 4,68% em 12 meses . Após sucessivas quedas no fim do primeiro semestre, a inflação voltou a subir na segunda metade do ano, mas essa alta era esperada pelos economistas.

O índice fechou o ano passado acima do teto da meta de inflação. Para 2023, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,75% nem ficar abaixo de 1,75% neste ano.

No Relatório de Inflação divulgado no fim de setembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA fecharia 2023 em 5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista para baixo na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de dezembro.

As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 4,51%, abaixo portanto do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 4,59%.

Juros básicos menores estimulam economia

A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia. Isso porque juros mais baixos barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central aumentou para 2,9% a projeção de crescimento para a economia em 2023.

O mercado projeta crescimento semelhante, principalmente após a divulgação de que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas) cresceu 0,1% no terceiro trimestre , enquanto havia expectativa de queda. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem expansão de 2,92% do PIB em 2023.

A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Juros básicos em queda lenta são criticados por Ricardo Alban (CNI)
Ricardo Alban (CNI) é um dos maiores críticos do “conservadorismo” do Copom na redução dos juros básicos/Foto: CNI (Divulgação)

Empresários criticam ritmo de queda dos juros básicos

Mais uma vez, o ritmo na redução dos juros básicos foi criticado tanto pelo setor produtivo, quanto pelas entidades representativas dos trabalhadores. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Banco Central foi “extremamente conservador”.

Segundo a entidade, o corte de 0,5 ponto é “prejudicial à atividade econômica”, principalmente porque a inflação já está sob controle e dentro do teto da meta para 2023.

“O cenário de controle da inflação justifica plenamente a redução da Selic em ritmo mais acelerado, e é isso que a CNI espera que seja feito nas próximas reuniões do Copom. É preciso – e possível – mais agressividade para que ocorra uma redução mais significativa do custo financeiro suportado por empresas e consumidores”, destacou em nota o presidente da confederação, Ricardo Alban.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) – vinculada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) – destacou que o Brasil continua com uma das taxas de juros reais (juros menos inflação) mais altas do mundo, em torno de 8% ao ano, e que esse nível compromete o desenvolvimento do país.

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