Evento debate implicações da reforma tributária sobre Indústria e Serviços

A proposta aprovada se baseia em três eixos: padronização, simplificação e transparência, temas a serem abordados no evento promovido pela Ceplan e Planisa, com apoio do Movimento Econômico.
evento sobre reforma
Evento vai esclarecer duvidas sobre reforma tributaria/Foto: Pixabay

A reforma tributária foi aprovada, mas o caminho ainda é longo até que seja tudo regulamentado e entre em vigor. Mas por que a aprovação foi tão elogiada por políticos, economistas e empresários dos mais diversos setores? É o primeiro consenso no Brasil em torno de uma proposta da área econômica desde que foi instituído o Plano Real em 1994, há quase três décadas.

Para discutir “As implicações da reforma tributária para o setor produtivo”, as consultorias Ceplan e  Planisa estão realizando um evento sobre o assunto nesta segunda-feira (10), na sede da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) a partir das 17 horas. As inscrições para participar do evento são gratuitas e podem ser feitas no link ao final deste texto. 

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Depois da aprovação, a melhor frase que resume o otimismo dos favoráveis à reforma foi a do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSDB): “O Brasil deu o primeiro passo para sair do manicômio tributário”. O atual sistema é confuso, traz muitos custos para as empresas, incluindo algumas que chegam a ter equipes só para analisar as leis atuais e as que são publicadas diariamente e, além disso, é regressivo. Isso significa que os pobres pagam mais impostos, proporcionalmente, do que os ricos. 

Eixos da reforma

A proposta aprovada se baseia principalmente em três eixos: padronização, simplificação e transparência. A padronização acontece porque hoje em dia são três esferas legislando – Governos Federal, Estadual e Municipal. Agora, só quem vai legislar sobre tributos sobre consumo será o Congresso Nacional. A transparência ocorre porque antes o imposta era por dentro e agora será por fora, ou seja, o consumidor saberá quanto paga em imposto a cada compra.

Na simplificação, deixarão de existir cinco tributos que são os seguintes: Imposto sobre Serviços (ISS) – cobrado pelos municípios-, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – arrecadado pelos Estados com 27 legislações diferentes -,  o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). Os três últimos são recolhidos pela União.

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Os tributos acima vão ser cobrado em dois Imposto sobre Valor Agregado (IVAs) somente no destino, ou seja no local do consumo do bem ou serviço devendo ter uma apuração eletrônica e simplificada. Um IVA, recebeu o nome de Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) terá gestão federal e vai substituir o IPI, PIS e Cofins. 

O outro IVA, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), terá gestão compartilhada entre os Estados e municípios, unificando a cobrança do ICMS, que é estadual, e o ISS, cobrado pelas prefeituras. A gestão deste IVA dual será feita por um conselho federativo. A alíquota do IVA será definida na regulamentação da PEC. A estimativa é de que fique em 25%.

“A arrecadação vai ser centralizada. No entanto, o repasse dos recursos deveria ser automático como é o IVA europeu”, afirma o ex-secretário da Fazenda de Pernambuco, Décio Padilha, que participou das discussões para a elaboração da reforma tributária, quando era presidente do Comsefaz, conselho que reúne os secretários estaduais da Fazenda. 

Como a legislação sobre os tributos também passará a ser feita pelo Congresso Nacional via União, segundo especialistas, isso também vai contribuir para a simplificação. As alíquotas também serão padronizadas, com algumas exceções. “Algumas alíquotas podem ser diferenciadas para atender a setores específicos, como saúde e educação, mas não se pode abusar dessas exceções sob o risco de não simplificarmos o sistema tributário”, comenta o economista e sócio da Ceplan Consultoria Jorge Jatobá. Ele argumenta também que um sistema tributário mais simples vai resultar em menos litígios e menos custos para as empresas, o que deve ser repassado para a sociedade como um todo. 

Ceplan e Planisa
Jorge Jatobá, da Ceplan, e Marcelo Barros, da Planisa, realizam evento sobre reforma tributária na Fiepe nesta segunda-feira (10)

O que foi aprovado na Câmara dos Deputados é um texto base. As informações que faltam serão definidas, a longo prazo, durante a regulamentação da PEC. Vai ter um tempo de transição para a unificação dos impostos que incidem, principalmente, sobre o consumo de bens e serviços.

O texto da PEC-45 segue para o Senado. E deve ser aprovado na Casa Alta e depois sancionado pelo presidente da República. 

EVENTO

“As implicações da reforma tributária para o setor produtivo” foi planejado para mostrar as consequências que a PEC-45 vai ter nos mais diversos setores da economia. O evento conta com apoio da Fiepe, Fecomércio-PE e do Movimento Econômico. “A reforma tributária deverá aumentar a competitividade da economia e ingressar o Brasil no conjunto de países que usam o IVA como instrumento de taxação indireta dos bens e serviços.  A reforma é um processo que começa pela aprovação dos princípios na PEC e que se estenderá pelo longo período de  transição para melhorá-la e corrigir eventuais erros”, comenta Jorge Jatobá.

Para ele, o atual sistema é oneroso, injusto, regressivo e litigioso, precisando ser gradualmente extinto e substituído por outro com base na simplificação, padronização e transparência.

A abertura do evento será feita pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. Os economistas da Ceplan, Jorge Jatobá, e da Planisa, Marcelo Barros, e seus convidados, como o atual secretário da Fazenda de Pernambuco, Wilson José de Paula, vão discutir em torno das implicações da reforma tributária. Os participantes do setor produtivo poderão debater o tema, tirando dúvidas sobre o assunto. A moderação dos debates será feita pela jornalista Patrícia Raposo, fundadora do site Movimento Econômico.

O evento terá a participação do gerente executivo de Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI) Mário Sérgio Telles que vai abordar o impacto que a reforma tributária vai trazer à indústria. Representando a área de serviços, o terceiro vice-presidente da Fecomércio-PE, Archimedes Cavalcanti Júnior, vai expor como a reforma está sendo vista pelas empresas deste setor. 

O debate também vai contar com a participação do ex-secretário da Fazenda de Pernambuco Décio Padilha que vai falar sobre o Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) como forma de compensar os Estados com o fim da guerra fiscal. Os atuais incentivos fiscais vão terminar em 2032, o que já estava previsto antes da reforma tributária. O FDR vai começar a existir em 2029, mas não há definição de como será o gerenciamento do mesmo. 

As inscrições gratuitas para participar do evento podem ser feitas aqui. 

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